Carlos e Vilson
Na Rua Christopher, 53, no bairro de Greenwich Village em Nova York, vê-se hoje um patrimônio histórico dos EUA. Isso porque nesse local, no dia 28 de junho de 1969, ocorreu um levante que se irradiou pelo mundo desde então, conhecido como a Batalha de Stonewall, em que LGBT+’s se posicionaram contra a violência policial, que era frequente naqueles bares.
Lésbicas, gays, travestis e drag queens reagiram às suas prisões arbitrárias cometidas por policiais no bar Stonewall Inn e às provocações das demais das pessoas. Assim, o camburão da polícia foi atacado e começou o enfrentamento direto aos policiais com o lançamento de tudo o que havia por perto e, mesmo com a chegada do reforço e a prisão de 13 pessoas, as LGBT+’s marcharam de braços dados atrás dos carros da polícia!
E não acabou por aí, nos dias seguintes elas voltaram e mantiveram barricadas erguidas contra as forças policiais, resistiram aos ataques e firmaram que não suportariam mais a violência LGBTfóbica que sofriam cotidianamente.
No ano seguinte, na mesma data, realizaram a Marcha do Orgulho Gay, que anos depois se tornaria a Parada LGBT, tão tradicional em vários países.
Além disso, muitos grupos auto-organizados de LGBT+’s e publicações com essa temática surgiram pelo país, inspirados em Stonewall, o que potencializou a luta LGBT+ nos EUA e também no restante do mundo.
A luta segue até os dias de hoje
A luta LGBT+, desde então, tomou outra proporção e ao longo dos anos teve um crescimento exponencial, assim com algumas vitórias formais como a descriminalização da homossexualidade em vários países (o mais recente caso foi em Botsuana, agora em junho de 2019), a legalização do casamento homossexual em outros países e a retirada da homossexualidade (1990) e da transexualidade (2018) da lista de doenças da Organização Mundial de Saúde.
Mas, ainda, vemos que a violência e o preconceito não diminuem na mesma proporção do crescimento das lutas; segundo o Grupo Gay da Bahia, em 2018 o Brasil se manteve na liderança de assassinatos contra a população LGBT+, com um total de 420 mortes, ou seja, a cada 20 horas uma LGBT+ é morta ou comete suicídio no país, sendo a maioria gays (45,5%) e pessoas trans (39%). Outro dado assustador é que a maioria dos agressores são pessoas desconhecidas ou ignoradas pela vítima, isto é, o preconceito e o ódio são exercidos espontaneamente contra LGBT+, principalmente em locais públicos, sem constrangimento pela prática da violência.
Por isso, reivindicamos Stonewall e toda a luta da população LGBT+, para que possamos conquistar não apenas direitos formais, mas a igualdade estrutural, que só atingiremos com o fim de toda opressão e exploração, ou seja, com o fim do patriarcado e do capital!