Atos da Direita: aquém do que planejaram
Convocados de forma unitária por diversos grupos de Direita do país – Nas Ruas, MBL, Vem Pra Rua, Direita São Paulo, etc. e com apoio dos partidos que estão ao lado de Bolsonaro no Congresso – os atos fracassaram nos objetivos de fortalecerem e defenderem o governo, Moro e a Reforma da Previdência.
Segundo o G1, ocorreram atos em 88 cidades do país, nos 26 estados e Distrito Federal. Os maiores foram em São Paulo e Rio de Janeiro que reuniram milhares de pessoas, mas em algumas capitais não passaram de centenas. Em Palmas, por exemplo, foi possível contar a quantidade de pessoas.
Em uma comparação com o dia 26 de maio, já com menor capacidade de mobilização, esses atos foram menores considerando ainda que foram convocados por todos os grupos da Direita brasileira.
Outro fato que chama à atenção é a existência de conflitos de alguns grupos com o MBL. Em São Paulo o Direita São Paulo provocou o MBL acusando de “petralha” (PT + Petralha), o que mostra até onde vai a ignorância da maioria dos membros de grupos de Direita.
Compostos de maioria branca, com idade acima de 40/50 anos, altos salários e muitos pequenos-empresários são a expressão do deslocamento da classe média para a Direita em apoio ao governo e às medidas, como a Reforma da Previdência, que atingem com maior força a classe trabalhadora de conjunto, em especial os mais pobres.
Foram atos em defesa do governo, para sustentar o que a burguesia necessita, muito menores e diferentes dos atos realizados pela classe trabalhadora e a juventude em defesa da Educação Pública e o da Greve Geral, mas os consideramos como uma força política na realidade e importantes de serem derrotados.
Moro e Bolsonaro se desgastam
Na tentativa de unificarem e construírem um grande movimento de massas da Direita, para defender Moro e Bolsonaro diante de denúncias da “Vaza Jato”, os atos ficaram muito longe de cumprirem esse papel. Sem o apoio das ruas ambos terão que lidar com as denúncias e somente com o apoio de bolsonaristas no Congresso Nacional.
E, assim, Moro vai perdendo popularidade no mesmo ritmo da liberação de conversas pelo Intercept: a conta gotas. Manter-se nos cargos é incerto e já não tem mais a garantia do posto no STF.
Bolsonaro segue o mesmo caminho. As últimas pesquisas indicam que só 32% das pessoas acham o governo ótimo ou bom. Menor índice para um governo em início de mandato, período em que as pessoas têm maior ilusão e a esperança de que a vida melhore.
As perspectivas não são boas para Bolsonaro e nem para Moro, somam-se ainda as atrapalhadas de governo e ministros. No entanto, imaginemos para a classe trabalhadora que além de tudo isso ainda conta com dados da economia que indicam o aprofundamento da crise econômica, a permanência do alto número de desempregados (empregos gerados cada vez mais precários) e os cortes de gastos com os serviços públicos.
A cúpula do Judiciário está dividida
As conversas do procurador Deltan com Moro, mesmo sob a ótica da legalidade burguesa, são completamente estranhas no sistema processual brasileiro em que um juiz deve “parecer ser imparcial” no processo. Isso é necessário para que as pessoas “tenham confiança” no poder de Estado, fundamental para “resolver os conflitos” entre todos.
Dizemos “parecer ser imparcial” porque sabemos que o Poder Judiciário é um dos órgãos do Estado burguês que, como tal, está sempre ao lado dos ricos. Basta vermos os dados do sistema penal brasileiro, em que a maioria dos presos são negros e pobres, muitos mantidos presos sem ter condenação e muitos outros condenados quando a única testemunha foi o policial que efetuou a prisão.
Dessa forma, quando Moro explicita sua parcialidade diante da situação de Lula coloca a credibilidade do sistema judicial em xeque e cria a divisão na cúpula do Judiciário.
Lava jato: nunca quis acabar com a corrupção
Já afirmamos em outras oportunidades que a corrupção é parte integrante da sociedade capitalista. Desde a mais-valia e o lucro; a concorrência e os negócios com o Estado todas as empresas utilizam diversas formas de corrupção até mesmo com o financiamento de campanhas eleitorais.
Sabemos que são bilhões e bilhões desviados, que deveriam ser aplicados na Educação, na Saúde e nos demais serviços públicos. Nas campanhas eleitorais os candidatos discursam contra a corrupção, mas entra governo e sai governo a corrupção continua intensificando a miséria para a maioria da população e acumulando riqueza para uns poucos.
A Lava Jato e Moro – mesmo sabendo que não podem e não querem acabar com a corrupção – montaram a operação para liberar da prisão nomes “importantes” da burguesia e para prender Lula tirando-o da disputa eleitoral. Não é coincidência que, após eleição, vem sendo esvaziada pouco a pouco e nomes do PSDB como Aécio e Alckmin continuam livres, leves e soltos.
Esse pseudo combate à corrupção deu ao Judiciário e ao Ministério Público um papel político e ideológico de apoio direto ao projeto liderado por Bolsonaro. A nomeação de Moro ao Ministério da Justiça foi apenas um elemento desse grande esquema.
A prisão de Lula
Sem advogar a inocência de Lula e em oposição de esquerda ao lulismo e ao petismo, não fechamos os olhos para o papel parcial, o caráter de direita e reacionário cumprido pela Lava-Jato.
Identificamos isso para observarmos como a Justiça burguesa usa mais ou menos a legislação a favor de políticos, empresários, banqueiros, executivos, etc. para a condenação ou não, o tempo e o local de cumprimento de pena (em prisões ou domiciliar em suas mansões).
A prisão de Lula e o andamento processual, como revelados pelo Intercept, têm caráter político e não apenas a aplicação da lei. Portanto, sinalizam o que vínhamos afirmando quanto a necessidade da burguesia e do capital de impor um tipo de governo, autoritário, que garanta de forma mais ofensiva os cortes de direitos e a entrega das riquezas naturais em consonância com o avanço da Direita no mundo.
No entanto, enquanto todos os holofotes estão sobre a Lava-Jato as cadeias brasileiras seguem lotadas e sem estruturas. São jovens, mulheres e negros maltratos cotidianamente, com processos judiciais esquecidos, sem possibilidades de recolocação, etc. São outros tantos que seguem sendo presos e exterminados com a intensificação da repressão nas periferias do país.
Necessitamos seguir na luta, tomar as ruas em defesa de nossos direitos!
Por emprego, por moradia, por Educação e Saúde públicas de qualidade! Contra a Reforma da Previdência!