O capitalismo mata. Alguns são mortos no genocídio da população preta nas periferias, outros são mortos aos poucos, nos locais de trabalho, com sua força de trabalho sugada aos poucos.
Nessa conjuntura e nos últimos governos – com a retirada de direitos nas reformas trabalhista e previdenciária, Lei da Terceirização – a classe trabalhadora é, cada vez mais, superexplorada, ao mesmo tempo em que capitalistas a tornam descartável, dia após dia, intensificam o trabalho.
Isso fica evidente ao observarmos também questões de Saúde, com a frequência e com o aumento de afastamentos e diagnósticos de transtornos mentais entre trabalhadores.
Segundo dados da Previdência Social, em 2017, a depressão gerou 43,3 mil auxílios-doença, sendo a 10ª doença com mais afastamentos, o transtorno de ansiedade 28,9 mil casos de afastamento e a depressão recorrente com mais 20,7 mil auxílios.
A quantidade de afastamentos por questões de Saúde mental mostra o quanto nossa classe está sofrendo. A necessidade de ser afastado revela a gravidade de um sofrimento que incapacita o trabalhador/a de exercer sua atividade. Destaca-se que essas notificações só são realizadas em casos muito extremos, quando se apresentam muitos elementos para o afastamento.
Muitos trabalhadores desenvolvem esses transtornos e nem são diagnosticados, outros são somente medicados, sem um acompanhamento terapêutico adequado, tudo para continuarem trabalhando independente do que sentem e de como lidam com seu sofrimento.
Claro que os empresários já estão em alerta sobre isso. É óbvio que culpam o trabalhador/a por esse sofrimento. Usam o argumento de ser necessário criar um ambiente de trabalho saudável (massagens, atividades recreativas e festas, etc.), promovem campanhas motivacionais para trabalhadores/as não odiarem seus empregos e ações para enganarem o trabalhador/a de que são preocupados e que querem o melhor, quando na verdade o quer mais disposto para sugar suas energias.
Smart Drugs uma droga para eficiência no trabalho
No Brasil, e em outros países, especialmente nos EUA, trabalhadores/as estão usando drogas para auxiliar e aumentar a eficácia no trabalho.
Conhecidas como smart drugs são remédios usados em tratamento de doenças como Alzheimer, epilepsia, e TDAH (Transtorno do Défict de Atenção e Hiperatividade), mas muitos os têm usado como auxílio e para evitar perda de concentração, melhorar capacidade de memória e assim aumentar a produtividade, diminuindo os efeitos de horas sem dormir e manter o controle do sono.
Algumas dessas drogas podem ser adquiridas sem controle de receita nos EUA, já no Brasil todas precisam de receita médica e são tarja preta ou vermelha.
Na internet é possível encontrar vídeos de relatos dos benefícios do uso para a produção no trabalho. Chega a ser assustador a forma tranquila com que dizem sobre esse consumo, como trabalhar sob efeito de drogas e garantir que o trabalho rotineiro seja realizado.
Essa é uma demonstração do quanto querem nos explorar sem ter limites para garantir isso, num mercado de trabalho exigindo mais eficiência do trabalhador/a para contratar menos trabalhadores, ainda que seja sob o efeito de drogas e sem respeitar os limites do corpo. Não há estudos sobre os efeitos colaterais a longo prazo.
Também são muito utilizadas por estudantes que prestam vestibular que demandam muita atenção e sofrem muita pressão para atingir resultados extremamente difíceis de serem alcançados.
Além disso, há os interesses da indústria química-farmacêutica que desenvolve medicamentos para alienar jovens estudantes e trabalhadores/as da realidade opressora, dopando-os para aguentarem e sobreviver um pouco mais sob o capitalismo.
Uma saída mais drástica: o suicídio
Com a crise econômica mundial, a crise social também tem consequências negativas para classe trabalhadora e produz muito sofrimento na busca pela sobrevivência. Realidade que leva à falta de gosto pelo viver e não querer sobreviver mais…
Com a crise estrutural do capital e problemas mais profundos para a classe trabalhadora, outro dado nos assusta: o aumento vertiginoso de suicídios no mundo, em média chegam a 800 mil vítimas ao ano.
Como já dissemos, com condições cada vez mais precárias nos ambientes de trabalho tem aumentado também o suicídio nesses locais. Nos EUA, entre 2003 e 2010, 1719 pessoas tiraram a vida no local de trabalho.
Países como a Ucrânia e o Japão lideram esses números, o que tem feito empresas – como Foxconn, fabricante chinesa de microcomponentes eletrônicos – colocarem em contrato de trabalho que seus funcionários são proibidos de cometerem suicídio. É inacreditável!
Assusta também a quantidade de jovens que se suicidam. Desde 2015 é a principal causa de mortes entre pessoas de 15 a 29 anos no mundo. Além dos problemas cotidianos, a dificuldade de entrar no mercado de trabalho, a pressão por maior qualificação, desemprego mesmo após formação universitária, estão entre as causas da falta de perspectivas de vida. Entre os jovens negros, a taxa de suicídio é 45% maior do que a de jovens brancos.
Segundo o Ministério da Saúde, aumentaram em 40% as mortes autoprovocadas em meninos de 10 a 14 anos e um aumento de 30% em meninas na mesma faixa etária. O suicídio é a 4ª causa de morte mais frequente entre jovens de 15 a 29 anos.
Segundo pesquisa da UNICAMP, com exceção da Região Centro-Oeste, em todas as outras, são as mulheres que mais tentam o suicídio. Com isso, infelizmente, concluímos que não é somente a falta de perspectiva que levam trabalhadores/as para esse caminho, há também a questão de gênero.
O suicídio entre os indígenas é o dobro da média nacional, por se depararem com dificuldades e impossibilidades de garantir suas terras, cultura e história.
Concluirmos então que é o capitalismo, o patriarcado e o racismo que adoecem e dizimam partes importantes da classe trabalhadora. Cabe a todos nós lutar cotidianamente por uma vida plena e contra todo esse tipo de exigências e exageros mantidos pelo capital, que enquanto se sustenta destrói parcelas inteiras da humanidade.