A eleição de Bolsonaro, por tudo que a envolve, representou uma mudança profunda na situação política e alterou a correlação de forças entre as classes sociais. Não foi uma mudança superficial na realidade e atinge vários aspectos da vida social pois, além das mudanças institucionais, serviu para despertar e fortalecer setores mais reacionários da sociedade.
A caracterização do momento político atual – se a mudança é na conjuntura ou na situação política – tem consequências importantes para as tarefas políticas colocadas para o movimento.
No nosso modo de ver, houve alteração da correlação de forças em favor da burguesia com uma situação política marcada por sua ofensiva global contra os direitos da classe trabalhadora de conjunto (Reforma Previdenciária, etc.), população indígena (para expansão de fronteira agrícola), Meio Ambiente, aumento da violência de Estado contra comunidades pobres como no Rio de Janeiro, censura de livros e peças de teatro, dentre outros.
Mudança da situação política em favor da burguesia não significa que não há resistência, pelo contrário, são tantos ataques contra tantos trabalhadores/as que não nos resta alternativa que não seja lutar.
Mas, uma das características de situações de ofensiva da burguesia é que as nossas lutas são mais duras, pois se deparam com burguesia e governo unidos e coesos.
Lutar contra Bolsonaro e principalmente contra o sistema
Bolsonaro é um grande perigo para a classe trabalhadora. Com posições reacionárias ataca pobres, população indígena, população LGBTT, negros e garantias democráticas. É um governo que precisa ser derrotado.
Mas, é um erro atacar somente o seu governo como se fosse o único problema que a classe trabalhadora enfrenta. Precisamos, a esquerda, sair da lógica imediatista e superficial da política que nos faz andar em círculos.
Não podemos desconsiderar na derrubada de um governo a importância do fato de não existir uma alternativa da classe trabalhadora. Isso faz um substituir outro governo igualmente burguês e até mais fortalecido para implementar medidas contra a classe trabalhadora.
Por isso, precisamos, a esquerda, retomar tarefas estratégicas como colocar com força a luta contra o sistema capitalista, aliás, Bolsonaro trabalha muito a imagem de “antissistema”.
Assim, devemos enfrentar todos esses ataques e denunciar Bolsonaro não como “maluco”, mas como governo necessário da democracia parlamentar burguesa e do sistema capitalista em crise. Focar a luta apenas no indivíduo serve como distração, não ataca os graves problemas que enfrentamos e não contribui para agilizar a destruição do capitalismo.
Uma Frente “deles” contra nós da classe trabalhadora
Para vermos como esse sistema funciona e como sua esfera de decisão está fora do Parlamento, ou seja, de fato quem manda são empresários e sistema financeiro basta observarmos:
Mesmo com todas as trapalhadas de Bolsonaro se formou uma grande Frente Contra Trabalhadores composta por: maioria dos partidos do Congresso Nacional, por Paulo Guedes, o STF representando o Judiciário e por grandes grupos econômicos brasileiros e internacionais interessados no dinheiro que vai sair dos trabalhadores.
Essa mesma Frente já está articulando outras medidas como a Reforma Tributária (aumenta impostos para pobres e libera para empresas).
Parte importante de nossa força política deve estar direcionada para destruir essa Frente Contrarrevolucionária, que visa impor ainda mais exploração contra a classe trabalhadora.