O primeiro ENEM do governo Bolsonaro aconteceu envolto em um escândalo não explicado pelo Ministério da Educação. Em torno de 175 mil pessoas questionaram suas notas no exame de qualificação. A princípio, o presidente se manifestou prometendo a apuração de uma possível falha humana ou sabotagem. Chegou mesmo a afirmar que o governo assumiria a responsabilidade caso esta fosse da equipe que organiza o exame.
Porém, em se tratando de Bolsonaro e seu senso de justiça, nenhuma atitude se poderia esperar. Depois que o Ministro Weintraub afirmou que encontrou “inconsistências na contabilização e correção da segunda prova do ENEM” e que corrigiu o erro ocorrido com 0,1% dos candidatos, o presidente, como de costume, alegou estar “de cabeça cheia” e recusou-se a ver os números da falha por se tratarem de meros “zero vírgula qualquer coisa”.
Os números, que para o governo são irrelevantes, de estudantes prejudicados são 5974 provas em um total de três milhões e novecentos candidatos. Pessoas que disputaram uma vaga no injusto funil da seleção para universidades do Brasil.
Segundo o Ministro da Educação, a gráfica que imprimiu a prova descasou o cartão de respostas com o tipo de prova correspondente. Assim, o que era para sair verde saiu cinza, mas tal fato não teria impactado na nota de corte. Foi o que disse Weintraub ao site ultraconservador O Antagonista.
Guerra sem trégua contra a educação
Desde eleito, Bolsonaro abriu fogo contra o ENEM e a Educação Pública. Em novembro, afirmou que gostaria de inserir no Enem questões que reconhecessem a família e o valor do Estado Brasileiro. Sabe-se bem de que família ele estava falando e quais os valores ele desejaria ver reconhecidos. Para ele, as questões não poderiam incluir ideologia política nem de gênero. Dois erros na formulação do nosso chefe da nação, exemplo de “cidadão de bem”: um, é impossível que questões não encerrem ideologia alguma, sejam elas de ciências humanas, da natureza, matemática ou de linguagens. Outro, não existe ideologia de gênero, mas discussão sobre a problemática relacionada às questões de gênero.
Os grandes exames de acesso ao nível superior devem ser questionados. Se um em cada quatro jovens de classe média consegue ingressar numa universidade, no caso daqueles oriundos de famílias de baixa renda, a proporção é de aproximadamente um para cada 600. Não dá para comprar a ideia de que com as cotas raciais e cotas para escolas públicas o ENEM se democratizou por completo.
As escolas públicas sempre, e com Bolsonaro agora escancaradamente, preparam seus alunos para serem mão de obra barata e obediente, não para terem sucesso no ENEM.
#erronosisu
Três campanhas pelas redes sociais denunciam os erros no sistema de avaliação do acesso às universidades em 2020. Primeiro, os estudantes puxaram #erronoenem, a seguir #erronosisu e depois #erronalistadeespera.
Inicialmente, o MEC não considerou as inscrições dos estudantes que fizeram apenas uma opção de curso. A seguir, o sistema considerou candidatos aptos para duas opções de cursos elevando a nota de corte. Weintraub não assumiu isso. Em vez de resolver os erros, usou seu Twitter para atacar o pai de uma estudante.
Só com em uma sociedade socialista, com acesso de todos que desejarem ao ensino superior, haverá verdadeira democracia na educação e na sociedade!!!