O mundo, em dezembro de 2019, assistiu boquiaberto o início da epidemia do Coronavírus na região de Wuhan, na China. A alta densidade populacional serviu como desculpa para que muitos de nós não imaginássemos que o potencial de estrago do vírus jamais chegaria ao ponto que chegou: capaz de atingir qualquer ponto do planeta.
Em 16 de março, no Rio de Janeiro foram suspensas as aulas de escolas públicas e privadas, universidades e cursos. Essa medida demorou um pouco em São Paulo, mas seguiu no Ceará e Minas Gerais logo depois.
Enquanto isso, para variar, Bolsonaro fazia pouco caso da situação e alegava que o vírus era fantasia. Na contramão das demais autoridades, conclamou sua base eleitoral a comparecer nos atos marcados em apoio ao seu governo em 15 de março. Chegou a pedir depois que cancelassem mas, ainda assim, saiu do Palácio da Alvorada e foi cumprimentar manifestantes em Brasília, o que desobedeceu ordens médicas de ficar isolado devido a suspeita de contato com o vírus.
Essa atitude de Bolsonaro não passou despercebida pois, dias antes, havia retornado com comitiva da viagem aos Estados Unidos. Já no avião, o secretário de comunicação Fabio Wajngarten havia sentido os sintomas e teve em seguida o diagnostico da doença. Bolsonaro fez o teste. Usou máscara numa live e depois foi cumprimentar as pessoas da manifestação. Contrariou as orientações da OMS e fez uma coletiva com os ministros. Estiveram próximos, tirando as máscaras para falar.
As atitudes caricaturais de Bolsonaro estão em alta. Com a máscara que tapava os próprios olhos se referiu à pandemia como uma criança a nascer. E o pior de tudo é ainda ver o Ministro Paulo Guedes apontar como solução a redução de salários e jornadas de trabalho juntamente com a manutenção do pagamento da dívida pública e da EC 95, que mantêm congelamento de gastos em Saúde e demais serviços públicos.
Esse é um ambiente propício para que os neoliberais defendam os empresários, atitude visível nas medidas de governadores como João Dória (SP) e Wilson Witzel (RJ). O medo que a economia entre em colapso, esse é o discurso. Mas, o que eles chamam de colapso da economia?
É quando banqueiros e empresários têm parte de seus lucros comprometidos. É isso que os governantes e lacaios do capital, temem. Bolsnaro/Paulo Guedes vêm propondo várias medidas para os empresários se defenderem (reduzir salário, não depositar FGTS, entre outras). Para pobres, Guedes promete míseros R$ 200 para abrandar o sofrimento, segundo o DIEESE, é de meia cesta-básica.
A epidemia do Coronavírus está mostrando como o capitalismo é cruel. A quarentena e as medidas de isolamento não são para todas as pessoas, apenas para algumas. Muitas fábricas continuam funcionando, com o lucro acima da vida. E os trabalhadores brasileiros estão começando a perceber isso.
Em 18 de março, à noite, panelaços e barulhaços e apitaços se fizeram ouvir em muitas cidades do país em dois momentos: Um, na hora da entrevista coletiva de Bolsonaro e de forma espontânea. E em outro, às 20:30, convocado pelas Centrais Sindicais e divulgado pelas redes socais.
É verdade que, muitas das pessoas que hoje estão revoltadas com as medidas que penalizam a classe trabalhadora e com a exposição dos mais pobres aos riscos do vírus, ainda apostam em vias do Estado burguês como o impeachment, a posse do vice Mourão ou mesmo de Rodrigo Maia.
Não defendemos nenhuma saída pela institucionalidade, mas a derrubada desse governo pela mobilização popular (para derrubar também Guedes, Moro, etc).
Bolsonaro e seus ministros não têm nenhuma capacidade de enfrentar essa crise. Não conseguem defender nem o próprio governo e deixam todos expostos à contaminação e proliferação desse vírus.
É necessário e urgente “Fora Bolsonaro e todo o seu governo!”, que só têm interesse em preservar o lucro às custas da vida da classe trabalhadora.
Pelo não pagamento da Dívida Pública e a revogação da EC 95 para investimentos na Saúde, Assistência Social e Educação!