Paulo Guedes como fiel seguidor do liberalismo – corrente econômica e política que defende a “não intervenção do Estado na economia” para que o mercado se autorregule – não perde tempo e tem buscado privatizar e entregar a riqueza nacional. Em outra oportunidade faremos a crítica da farsa liberal/neoliberal, pois não é possível o capitalismo existir sem a intervenção do Estado na economia e na vida das pessoas seja com retirada de direitos, salvando empresas, regulação da economia, repressão, guerras, etc.).
Com base nisso a burguesia não quer empresas ou serviços que dão prejuízo e só compram as lucrativas, com risco zero. As privatizações são negócios tão generosos que muitas dessas privatizações são financiadas com dinheiro público, ou seja, o Estado atuando na economia, a juros baixíssimos como no caso dos empréstimos do BNDES.
Em relação às estatais nem precisaríamos gastar tinta aqui para explicar como são lucrativas mas, para termos ideia de algumas que estão na mira imediata das privatizações, juntas Petrobrás, Eletrobras e Banco do Brasil tiveram lucro líquido de R$ 52 bilhões somente entre janeiro e setembro do ano passado.
A privatização é isso. Depois de construir com dinheiro público, tanto os serviços quanto as empresas públicas, são repassadas para empresas privadas. E o que deveria ser utilizado para uma melhor qualidade de vida e programas sociais é entregue para o lucro consumado.
Não podemos esperar do Estado capitalista outra coisa, a razão de sua existência é favorecer ricos e poderosos. E Paulo Guedes e Bolsonaro, na luta de classes, seguem exatamente esse caminho contra a classe trabalhadora.
Empresas na lista de privatizações
Bancos públicos: A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil são como a cereja do bolo, pois a privatização vai significar o controle completo do mercado financeiro pelos bancos privados, que já dominam mais de 60%. Só Itaú, Bradesco e Santander controlam quase 40% das operações financeiras.
O domínio completo pelos bancos privados significa que vão ficar livres para aumentar taxas de juros e valores de serviços bancários. Como esses bancos concentram suas operações nas maiores cidades, as pequenas e mais distantes não terão atendimento bancário, o que prejudicará outra vez os mais pobres.
- Correios: As empresas privadas estão de olho nas operações mais rentáveis como o serviço de encomendas e as entregas de cartas, os serviços em regiões mais distantes do país serão prejudicadas.
- Casa da Moeda: Responsável pela emissão de dinheiro e documentos oficiais como passaportes. Uma área de segurança do Estado que passará para uma empresa privada controlar.
- Telebrás: Responsável por telecomunicações, inclusive opera com serviço de fibra ótica e com um satélite. Empresas privadas vão ter controle desse setor importante para segurança nacional.
- Dataprev: Controla mais de 34 milhões de benefícios previdenciários. As empresas querem os dados (renda, empréstimos, etc.) dessas pessoas.
- Serpro: A empresa que comprar terá os dados de praticamente toda a população brasileira, pois processa dados para o setor público, inclusive Receita Federal.
- Emgea (Empresa Gestora de Ativos): gere os ativos da União e de entidades integrantes da administração pública federal, incluindo as carteiras de operações de crédito do governo.
- Codesp (Companhia Docas que administra o Porto de Santos): além de ser o maior complexo portuário da América Latina, é base do tráfico internacional de drogas controlada pelo PCC. A privatização só vai facilitar a atuação de grupos criminosos.
Além dessas empresas têm a Ceagesp (abastecimento e armazenamento de frutas, legumes, verduras e pescados em São Paulo), ABGF (gestão de Fundos Garantidores como a de indenização de poupanças em caso de quebra de bancos) e a Ceitec (área de semicondutores, ligado à microeletrônica).
Estados seguem a mesma toada
Os governos estaduais estão na mesma direção. Vários estados já têm avançados processos para vender estatais, fazer concessão de estradas, linhas de trem ou metrô, saneamento básico e fornecimento de água. São exemplos a CDAE no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul com a distribuição de gás e energia elétrica. E em São Paulo, além de empresas e vários outros serviços, Dória quer privatizar o sistema penitenciário com um custo superior ao modelo atual.
É possível derrotar as privatizações
As privatizações dos anos 90 contaram com o apoio popular, isso permitiu aos governos entregar muitas das principais empresas estatais e demitir milhares de pessoas. Hoje, o resultado é conta de luz mais cara, preço alto do gás de cozinha, pouca ou nenhuma verba para vários serviços públicos já em péssima qualidade, dentre outros problemas.
Agora, a maioria das pessoas é contra as privatizações. Segundo o Datafolha, 67% das pessoas são contra vender essas empresas. E estão contra também os trabalhadores dessas empresas, que têm realizado resistências. Essas duas questões são muito importantes para a unidade de nossa luta. No momento do fechamento dessa Edição, os trabalhadores ocupavam a Casa da Moeda que está na lista das privatizações. Esse é o caminho, pois só com a radicalização poderemos derrotar o projeto desse governo da burguesia.