Em meio a mais de duas mil mortes diárias e quase quinhentos mil mortos pela COVID-19, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aceitou, com o apoio do governo Bolsonaro, a indicação da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) para sediar a 47ª edição da Copa América.
Os países que estavam antes indicados para sediar o torneio, Argentina e Colômbia, desistiram da indicação: a Argentina, em função da elevação dos casos de COVID-19 no país e a Colômbia, em razão da explosão social que toma conta do país desde a 3ª semana de abril, em rechaço a uma proposta de reforma tributária do governo colombiano.
O que chama a atenção é o que está por trás da aceitação da CBF à indicação da CONMEBOL e do aval do governo brasileiro. O presidente da CBF, Rogério Caboclo, procura desviar a atenção das denúncias de uma funcionária da entidade envolvendo o seu nome por desvio de comportamento. A funcionária da entidade foi afastada e colocada como incomunicável.
As denúncias giram em torno da compra, à vista, por Caboclo de um apartamento de luxo por R$ 10,5 milhões na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, em dezembro de 2019. É parte do aumento do seu patrimônio imobiliário acelerado desde 2013. Denúncias que podem levar ao afastamento de Caboclo da presidência da CBF, mesmo destino dos seus três antecessores afastados da condução da entidade por corrupção: Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.
Já o governo brasileiro tem o interesse na competição com o objetivo de desviar a atenção do que está sendo revelado em relação sobre sua atitude criminosa frente à pandemia. Soma-se a isso a perda acentuada de popularidade de Bolsonaro, refletida nos protestos de milhares de pessoas em 22 capitais do país em 29 de maio último pelo “Fora Bolsonaro”, insatisfação fomentada pela crise econômica que já levou quase 15 milhões de brasileiros ao desemprego. Enfim, é a velha história “do pão e do circo”. Ou melhor, “do circo e do circo”, já que nem pão há, em um país em que a insegurança alimentar atinge 126 milhões de brasileiros, cerca de 60% da população.
Os interesses para trazer a Copa América para o Brasil, como vemos, não são nada esportivos, mas objetivos políticos de Caboclo em se manter à frente da CBF e de Bolsonaro em tentar reverter a sua queda contínua de prestígio.
E dentro dessas manobras políticas pouco conta o bem-estar da população brasileira, ainda muito pouco vacinada, com um índice de mortalidade bastante alto em função da pandemia e com a ameaça iminente de uma terceira onda do coronavírus, com a chegada da CEPA indiana.
Chega a ser gritante o desprezo com a população brasileira por parte da CBF e do governo federal. Principalmente, em saber que o dinheiro a ser gasto com o evento poderia ser revertido em mais vacinas. E mesmo que a competição se dê em estádios fechados, sem público, é importante constatar que a chegada de várias delegações de diversos países que disputarão o torneio e suas comitivas, poderão expor ainda mais ao vírus, não somente os habitantes das cidades que irão sediar a Copa América, como também as próprias delegações e comitivas estrangeiras.
Por tudo isso, nós do Emancipação Socialista somos contra realização da Copa América de 2021 no Brasil!
Pela vacinação imediata de toda a população contra a COVID-19!
Fora Rogério Caboclo da CBF!
Fora Bolsonaro e todo o seu governo!!!