Paz entre nós, guerra aos senhores.
O projeto da burguesia para o Brasil de intensificação das prerrogativas neoliberais retirou o governo petista de conciliação de classes do poder em 2016 mas o melhor nome para ocupar o Palácio do Planalto para atende a este projeto certamente não era Bolsonaro. “Os homens fazem a sua própria História, mas não a fazem como querem.” Esta afirmação acertadíssima de Marx vale também para aqueles da classe dominante que, no caso da História recente do Brasil, foram obrigados a aceitar sua terceira opção, pois o PSDB estava desgastado e o Partido Novo não chegou à grande massa.
Eleito, Bolsonaro passou a repetir a cantilena da necessidade de reduzir custos com universidades, Saúde, Educação, assessorado pelo ministro ultraliberal Paulo Guedes. Mas, quando se fala em Direitos Humanos, o atual presidente acaba sendo alvo da Rede Globo, de artistas, do PSDB de Fernando Henrique Cardoso (que afirmou que num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, vota no petista) e do Centrão de Rodrigo Maia como sendo um retrógrado conservador. Realmente, é fácil encontrar pontos a serem criticados na chamada pauta de costumes do chefe do executivo com relação a questões de gênero, raça e direitos dos povos originais. A Direita vai com tudo para se colocar como oposição.
FRENTE AMPLA: NO JOGO ELEITOREIRO
Essa Direita liberal está ainda em busca do nome para 2022. Pode ser Luciano Huck, Dória ou Moro. Agora, surge Mandetta, ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, como oposição ao mesmo. Não se pode descartar que a burguesia lance mão da mesma estratégia de 2002: a aliança Capital-Trabalho, onde o trabalhador entra com seus braços algemados pela ideia de que não há sentido em reivindicações pois o governo está ao seu lado e o Capital entra com a tranquilidade de explorar o trabalho com lucros razoáveis.
Se utilizar essa estratégia novamente, o nome da Direita em um segundo turno pode ser Lula. Numa coligação como o Centrão, o ex-metalúrgico, mais uma vez, posará como dando à Esquerda o poder. Apoiador de Lula, Marcelo Freixo, do PSOL, é um dos articuladores da Frente Ampla no Rio de Janeiro e está negociando com Eduardo Paes e Rodrigo Maia, apesar do diretório estadual do partido ser contra. A Frente Ampla, se costurada, deve englobar até o momento: PT, PDT, PSB, PC do B e PSOL
O PSOL está passando por diversas divisões internas e não é de hoje. Em momentos anteriores, nas prévias do partido, as disputas foram ganhas pelo grupo mais próximo ao PT. Agora é a vez do deputado pelo Rio de Janeiro, Glauber Rocha protagonizar o embate com os defensores da Frente Ampla no partido. Ele se lançou candidato à presidência defendendo um programa de Esquerda que impõe limites com quem se unir contra Bolsonaro.
DIA DO TRABALHO DA CONCILIAÇÃO
CUT, Força Sindical, CTB e outras centrais sindicais com o apoio da Frente Brasil Popular organizaram uma live no 1° de maio reunindo Lula, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, Guilherme Boulos, Flávio Dino e Ciro Gomes, com vídeos de artistas como Chico César, Zélia Duncan, Leci Brandão, Odair José, Gregório Duvivier e a nadadora Joana Maranhão, além de Roger Waters, do Pink Floyd, famoso por suas críticas ao governo Bolsonaro explícitas em shows.
Aliás, o evento foi um show mesmo, um dia do trabalho “pela vida”, omitindo a razão de ser do Dia do Trabalhador, que é a luta de classes. Em lugar disso, a defesa da Frente Ampla coloca a oposição ao que classificam como fascismo do governo Bolsonaro no âmbito da defesa de uma Democracia abstrata que, como sabemos, não existe. A Democracia defendida pela Frente Ampla é a Democracia Burguesa.
A FRENTE DE ESQUERDA SOCIALISTA E ANTICAPITALISTA
É O CAMINHO PARA A EMANCIPAÇÃO DOS TRABALHADORES
A organização Emancipação Socialista denuncia que a “Esquerda Reformista” está fazendo o mesmo jogo da Direita: esperar 2022 para ganhar a sucessão de Bolsonaro. Por isso fazem live juntas e costuram acordos políticos. Fala-se em impeachment. Esta não é uma solução contra o governo Bolsonaro, apenas contra a pessoa do atual presidente. Com um impeachment, o vice, Mourão, assumiria. Paulo Guedes seguiria suas reformas e a destruição do ecossistema e das comunidades da Amazônia continuaria sob o comando de Ricardo Salles.
Por isso, não pedimos o impeachment. O centro da luta dos trabalhadores não pode ser este. Chamamos as organizações revolucionárias e anticapitalistas, as massas de trabalhadores e estudantes, as militâncias dos movimentos indígena, negro, de mulheres e LGBT+ para derrubar o governo. Desestabilizar o governo, não porque ele seja um mau governo, mas justamente porque aplica a agenda do Capital contra a classe trabalhadora.
Mesmo com a pandemia, tomando os cuidados necessários, devemos ocupar as ruas em situações cruciais de enfrentamento à reforma administrativa (isso inclui a defesa de universidades públicas como a UFRJ) e de denúncia ao genocídio da população negra e pobre como a recente chacina da favela do Jacarezinho no Rio de Janeiro. Precisamos prosseguir na defesa intransigente da escola pública e do acesso ao ensino remoto enquanto não acontecer vacinação de crianças, jovens e familiares.
Só a classe trabalhadora organizada poderá promover a justiça social que precisa. A saída eleitoral já provou não ser suficiente pois os trabalhadores sempre são traídos quando o mercado financeiro manda apertar o seu cinto. E hoje, vivendo a pandemia de COVID-19, os trabalhadores seguem massacrados, expostos em transportes públicos lotados, com seu poder aquisitivo diminuindo pelo crescente aumento de preço dos gêneros alimentícios.
Organizados, conscientes do nosso lugar de classe, poderemos e deveremos exigir a vacina como um direito de todos, o investimento em serviços públicos, auxílio emergencial de dois salários mínimos para que a população possa ficar em casa e, finalmente, a contaminação desacelere. Também precisamos exigir a estabilidade no emprego e o não pagamento da dívida pública. A burguesia está lucrando como nunca na pandemia, aumentou a distância entre as classes sociais mas ainda quer mais: quer a privatização de mais serviços públicos e a Reforma Administrativa. A Frente de Esquerda Socialista e Anticapitalista é a forma de mobilizar a classe em tono dessas pautas que são legítimas e urgentes.
Como cantamos no hino “A internacional Comunista”: Senhores, patrões, chefes supremos, nada esperemos de nenhum! Sejamos nós que conquistemos a terra mãe livre e comum!”. Devemos desenvolver um processo de acúmulo de forças para reivindicar direitos sem acreditar nas falsas promessas burguesas de conciliação entre patrões e empregados. Sem apostar que nas próximas eleições um novo presidente irá dar vida digna a todos.
A emancipação da classe trabalhadora será obra da própria classe trabalhadora.