A CPI da Covid expôs publicamente várias atrocidades cometidas durante a pandemia: recusa de Bolsonaro e General Pazuello em comprar vacinas; tratamento com substâncias comprovadamente inúteis como Cloroquina; fraude em licitações; incentivo ao movimento antivacina; governadores pressionando para retorno às aulas presenciais (como Dória em SP) ou deixando faltar oxigênio (como Wilson Lima no Amazonas), dentre outras. Enfim, ações que custaram milhares de vidas. Um verdadeiro genocídio contra o povo brasileiro, mas, provavelmente, os responsáveis sairão ilesos.
Os experimentos dos Donos da Prevent Senior
Como a grande imprensa anunciou, uma das empresas que participou desse genocídio foi a Prevent Senior com um plano de saúde destinado principalmente às pessoas idosas atendidas em rede hospitalar própria (com 540 mil clientes, faturamento de R$ 4,3 bilhões em 2020 e lucro de mais de R$ 495 milhões).
E como em todo negócio capitalista, somente o lucro interessa, quanto menos gastar mais lucro terão. Essa é a lógica que também está por trás do modo como esse convênio orientou e pressionou médicos e médicas para utilizarem o “kit Covid”, nos pacientes contaminados, por ser um tratamento mais barato. O custo social foi a morte de cerca de 4.000 pacientes internados desse convênio durante um período da pandemia.
Junto com esse contestado “tratamento precoce” a Prevent Senior também colocou em prática um experimento (chamado, por eles, de pesquisa) com mais de 600 pacientes: Com 2/3 recebendo a hidroxicloroquina e azitromicina. E, para efeito de controle, 1/3 não recebeu nenhuma medicação. Durante o experimento: 09 pessoas que tomaram hidroxicloroquina e azitromicina morreram e outras 02 que haviam ficado sem medicamento.
Ao não apresentar melhoras com cloroquina, o paciente recebia flutamida (usada no tratamento de câncer de próstata avançado), etanercepte e metotrexato (tratamento para artrite). E por fim, ao permanecer o quadro, era testada a ozonioterapia retal (aplicação de ozônio no ânus do paciente) e até o uso de células-tronco.
Não houve comprovação de eficácia desses experimentos. Para esconder essa brutal situação, a Prevent Senior falsificava os atestados de óbitos e ocultava a causa da morte por Covid. Como eram pessoas idosas e mais suscetíveis à morte natural, as famílias não relacionavam a morte com o tipo de tratamento.
Nem os órgãos de controle de pesquisas, nem as pessoas e seus familiares tinham autorizado o uso como cobaias em experimentos pela ciência, ainda com medicamentos comprovadamente inúteis. Aqui a vida pouco importou.
Também é evidente o uso político desses experimentos e de como os donos desse convênio visavam dar apoio às declarações de Bolsonaro e de outros negacionistas, que insistiam em defender o uso do “tratamento precoce” (sem nenhuma comprovação científica).
Donos da Prevent Senior e os experimentos nazistas
Os cientistas do mundo (menos aqueles que praticam uma pseudociência) não somente afirmam a ineficácia desse tratamento como o denunciam como perigoso com danos e efeitos colaterais ao organismo. Mesmo assim, os donos da Prevent Senior impuseram o experimento sem o consentimento das pessoas; obrigaram médicos a receitarem medicamentos do experimento; contribuíram com a subnotificação ao mudarem a causa de morte dos pacientes.
Relacionar essa prática ao que os nazistas já praticaram não é nenhum exagero. É uma das conclusões do artigo de Michel Gherman e Natália Pasternak na Folha de São Paulo: “O que há de semelhança com a prática nazista? A não informação, a ocultação de motivos, a não anuência de voluntários ou dos pacientes que serviram de cobaias”.
Essas experiências ficaram famosas no Brasil com a descoberta de que o médico Mengele viveu no Brasil até sua morte em 1979. Liderou experimentos no campo de concentração de Auschwitz. Outro experimento nazista foi a utilização de medicamentos (soros e agentes imunizantes) contra malária, tifo e outras doenças em prisioneiros de guerra. A comparação com nazistas não para por ai.
O lema “lealdade e obediência”, usado pelos donos da Prevent Senior, era utilizado pela força de repressão nazista, sanguinária SS, formada somente por homens arianos (considerados como “puros” e mais fiéis ao ideário nazista).
E para quem não está convencido tem mais um fato: os irmãos Parrillo, Eduardo e Fernando, donos da Prevent Senior, também têm uma banda de rock (refletindo a guinada reacionária do rock nos últimos anos) e compuseram a música “Army of sun” (Exército do sol) numa referência à guarda nazista SS.
Autonomia Médica e Conselho Federal de Medicina
A autonomia médica é o direito que o médico tem de tomar decisões nos casos de emergência em que o doente está impossibilitado de compreender a situação de perigo que corre. Em teoria, visa preservar o profissional de pressões contra a ética médica.
Mas, os negacionistas de plantão e a direção do Conselho Federal de Medicina, bolsonaristas de carteirinha, se apoiam nesse item do código de ética médico para defenderem o direito de médicos prescreverem remédios sem eficácia e de planos de saúde (como o Prevent Senior) pressionarem para tratamentos ineficazes e mais baratos.
No entanto, como diz Drauzio Varella: “Atribuir à autonomia a liberdade para receitar remédios inúteis é tão grave quanto admitir que cirurgiões operem doentes sem indicação cirúrgica ou que médicos insuflem ozônio no reto de pacientes intubados e mantidos em ventilação mecânica nas UTIs”. (Folha de São Paulo, 24/10)
E as necessidades humanas?
A lógica do capitalismo é o lucro, não importa quais são as necessidades da sociedade de conjunto. E a pandemia escancarou isso.
Para nós, socialistas, são as necessidades humanas que devem estar em primeiro lugar. No caso da Saúde, em especial em tempos de pandemia, defendemos a estatização de todo o sistema de Saúde para garantir o acesso de todos e todas aos tratamentos e gratuitamente. O país possui riqueza, condição de pesquisa e profissionais para isso!
Punir todos os envolvidos nesse genocídio e confiscar todos os bens adquiridos com essas fraudes!