Pelo relatório “Desigualdade Mundial 2022”, do economista francês Thomas Piketty, divulgado em dezembro de 2021, a porcentagem da riqueza global nas mãos de bilionários atingiu seu nível mais alto durante a pandemia. Paralelamente, os 50% mais pobres do planeta estão levando apenas 2% do montante da riqueza global. Também, durante a pandemia, 100 milhões de seres humanos entraram em situação de pobreza extrema.
As regiões mais desiguais do mundo são a América Latina e o Oriente Médio, onde os 10% mais ricos levam 75% da riqueza dessas partes do planeta. Além disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que a COVID-19 deixou 41 milhões de desempregados na América Latina e no Caribe.
A pobreza extrema no mundo passou de 655 milhões de pessoas, em 2019, para 732 milhões em 2020. Além disso, 1,6 bilhão de seres humanos não têm acesso à agua potável no planeta, segundo a UNICEF. De acordo com a Oxfam, 21 mil pessoas morrem por dia no mundo, vítimas das consequências da pobreza.
A mesma ONG mostrou que os dez homens mais ricos do mundo dobraram o patrimônio, durante a pandemia. Já a revista Forbes apontou que existem 2.755 bilionários no mundo, que juntos totalizam uma fortuna de U$ 13,1 trilhões (quatro vezes o PIB do Brasil). No período pós COVID-19 são 660 novos bilionários.
Na relação da Forbes, dos 10 maiores bilionários do mundo, a maioria é empresário do setor de novas tecnologias de ponta e todos são associados aos grandes bancos. Já os grandes bancos dos EUA e da China cresceram durante a pandemia e estão entre as maiores empresas nas Bolsas de Valores do Mundo. Metade das 10 maiores empresas da lista Forbes e oito das 20 maiores empresas são bancos com sede nos EUA ou na China.
E no Brasil…
No Brasil, os 10% mais ricos abocanham mais de 50% da riqueza produzida dentro do país. Ao mesmo tempo, 52 milhões de brasileiros estão em situação de pobreza e desses 14,7 milhões estão em situação de extrema pobreza, sendo que desses totais (pobreza e extrema pobreza) os pretos e os pardos são 72,7%.
Ao considerarmos que esses números tomam como parâmetros critérios elitistas do Banco Mundial de 2018 (consideram como situação de pobreza quem ganha hoje cerca de R$ 30,00 e de extrema pobreza quem tem renda individual inferior a R$ 10,40) vemos que esses números quando não maquiados, como pretendem os tecnocratas do Banco Mundial, são muito superiores e temos muito mais gente em situação de barbárie e fome no mundo, com muita gente em situação de rua e que se torna pedinte nas grandes capitais.
O número de desempregados no Brasil é alarmante e é estimado em 14 milhões de pessoas. O total de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) chegou a 5,1 milhões de pessoas. Segundo o IBGE, os empregados sem carteira assinada e sem nenhum direito social aumentaram para 33,5 milhões de pessoas, isso sem contar as trabalhadoras domésticas.
Já o número de bilionários brasileiros saltou de 45 em 2020 para 65 em 2021, um crescimento de 44%. Entre os 10 maiores muitos são ligados aos bancos (Safra e Pactual, por exemplo), cervejarias (AMBEV) ou setores privados de Saúde (Amil e Rede D’Or) que lucraram muito com a pandemia. Junto com isso o lucro dos 4 maiores bancos brasileiros acompanhou esse movimento e cresceu 32,3% de 2020 para 2021.
O que mostram esses dados?
Dessa forma, ao contrário dos discursos de governantes e dos meios de comunicação burgueses, a pandemia vitimou principalmente os trabalhadores. Afora a piora na vida da classe trabalhadora, o setor de pequenos comerciantes e produtores não foram aliviados pelos juros extorsivos. Já os grandes empresários e banqueiros se deram muito bem.
Quem está pagando a conta da crise é novamente a classe trabalhadora que segue perdendo seus empregos, seus direitos são retirados e os que mais morrem por falta de vacina, de Saúde Pública de qualidade e pela miséria. O banqueiro Paulo Guedes (ex-banco Pactual) sempre honrou o pagamento da Dívida Pública para os especuladores.
As Reformas Trabalhistas que prometiam empregos se mostraram uma falácia. Não diminuiu o desemprego e pioraram as condições dos empregados.
Outra mentira são que as privatizações de serviços públicos (Reforma Administrativa) atrairão investimentos e gerarão mais emprego. Nenhuma das privatizações no país gerou empregos. E ainda vai retirar da população pobre a Educação e Saúde. Nesse momento se não fosse o Sistema Único de Saúde (SUS) os números de mortes da pandemia seriam muito superiores.
Por fim, os governos e a grande imprensa procuram estimular a prática da caridade, através de ONGs, Igrejas e entidades governamentais. Isso ficou evidente recentemente nas tragédias ambientais, que aconteceram na Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Somos favoráveis à solidariedade de classe entre trabalhadores e radicalmente contra a ideia de que “caridade reverte a miséria” e as tragédias vividas pela classe trabalhadora enquanto os serviços públicos vão sendo abandonados.
Só com a organização e luta, por esse programa mínimo, de trabalhadores/as e população pobre poderemos brigar contra o crescimento da miséria. Esperar um novo “salvador da pátria” nas eleições de 2022, definitivamente, não vai reverter esse quadro.
Defendemos que o governo Bolsonaro e governadores parem de fazer caridade com os banqueiros e grandes empresários e avancem nos serviços públicos gratuitos e de qualidade. Isso é possível com:
O não pagamento imediato da Dívida Pública aos bancos;
Anulação das Reformas da Previdência e da Reforma Trabalhista;
Arquivamento da Reforma Administrativa;
Reestatização de todas empresas privatizadas;
Reforma agrária imediata;
Plano de obras públicas;
Sobretaxação de grandes fortunas e estatização de todo o sistema financeiro.