Uma das grandes batalhas da classe trabalhadora brasileira é derrubar Bolsonaro e seu governo com os estragos provocados: pandemia, aumento do desemprego, da fome, da violência, da precarização do trabalho, cortes de verbas nos serviços públicos, destruição ambiental, etc.
Além de derrotar o governo Bolsonaro, a outra batalha importante é derrotar a direita e a extrema-direita (bolsonarismo é uma parte) que estão bastantes atuantes no país, inclusive com apoio de um setor das Forças Armadas, de onde vêm ameaças golpistas.
Partir desses pontos, pelo menos no discurso, unifica muitos setores de oposição mas, para derrubar Bolsonaro precisamos de ações concretas e mobilizações da classe trabalhadora nos locais de trabalho, estudo e nas ruas. No entanto, as principais direções desses movimentos em vez de organizar e mobilizar a classe trabalhadora de conjunto insistem em apostar nas eleições e abandonam as lutas.
Achar que podemos derrotar esses setores pelas eleições burguesas é um grande equívoco, pois mesmo que percam, vão continuar organizados para intensificar a exploração e destruir os movimentos sociais de luta e a esquerda anticapitalista. São vários os indícios: armamento de fazendeiros, milícias nas grandes cidades (exemplo, no Rio de Janeiro, a estreita ligação com a família Bolsonaro), o crescimento de grupos nazifascistas, etc. Nos Estados Unidos o governo de Trump foi um exemplo, perdeu a eleição e seus apoiadores seguem articulados e atuando contra qualquer luta da classe trabalhadora norte-americana.
Duas classes, dois caminhos
Na sociedade capitalista há duas classes sociais fundamentais: a trabalhadora (que produz todas as riquezas) e a burguesia (que se apropria de todas essas riquezas). São classes antagônicas e com interesses completamente opostos. Assim, podemos dizer que se é bom para a burguesia é ruim para a classe trabalhadora e vice-versa. Na política também é assim.
A burguesia, seus partidos e candidatos atuam para defender os seus interesses. Financiam e apoiam candidatos que vão garantir que os lucros aumentem com a exploração sobre a classe trabalhadora e ainda insistem numa consciência de classe burguesa.
Mas, mais importante que isso é, nós da classe trabalhadora, entendermos a necessidade de defendermos os nossos interesses, não confiarmos na burguesia e nem nos seus aliados. Só a força de nossas lutas pode conquistar direitos, fazer justiça e mudar a vida.
Portanto, mesmo sem nenhuma confiança na institucionalidade burguesa e no processo eleitoral, a classe trabalhadora ao se colocar no debate eleitoral necessita impor suas reivindicações denunciando e enxotando toda a burguesia e seus candidatos.
Não podemos ter uma participação que depende de ter candidatos ou de eleger alguém, mas para demonstrar e reafirmar que nenhum governo burguês resolve os problemas sociais que recaem sobre a população pobre. Ou seja, somente a classe trabalhadora com uma consciência de classe entende que não necessita da burguesia para nada e que pode resolver os seus próprios problemas.
Para enfrentar as candidaturas burguesas, candidatura única dos partidos anticapitalistas
De um lado, temos uma política revolucionária para derrubar Bolsonaro como parte da luta contra o regime político e contra o sistema de exploração, isto é, não apenas para mudar quem vai gerenciar os planos de exploração. Esse deve ser o caminho da organização da classe trabalhadora nas lutas, tomando as ruas e enfrentando a exploração capitalista.
De outro lado, têm-se o petismo, Lula, direções burocráticas e um setor da burguesia (Ciro Gomes, etc.) que buscam derrotar Bolsonaro nas eleições para estabilizar politicamente o regime, ou seja, dar “tranquilidade para a burguesia continuar explorando a classe trabalhadora”. Enfrentam Bolsonaro, mas não enfrentam o bolsonarismo, a extrema-direita e nem os setores golpistas. É como se diz: mudar para continuar igual.
Nesse cenário, as principais candidaturas, cada uma a seu modo, vão aplicar medidas e ajustes econômicos contra a classe trabalhadora.
Portanto, é fundamental e necessário que a esquerda anticapitalista (PSTu, PCB, UP, correntes do PSOL que não apoiarão Lula no primeiro turno, demais agrupamentos do Polo Socialista Revolucionário) forme uma Frente Eleitoral Anticapitalista para derrotar as candidaturas burguesas. Mais do que uma derrota nos votos, a luta de caráter ideológico, de disputa da consciência de classe trabalhadora contra os inimigos. Assim, essa unidade é uma necessidade dessa conjuntura.
Sabemos que são várias as divergências, mas há convergências em muitos pontos programáticos (não pagamento da dívida pública, reforma agrária, longo etecetera) para chegarmos a essa unidade e oferecermos aos trabalhadores uma alternativa de esquerda e de fora do sistema. Não é uma unidade para divisão de cargos, mas para mostrar aos trabalhadores que há um outro caminho possível a seguir.
Não faz sentido a classe trabalhadora insistir em partidos que sustentam e são sustentados pela burguesia e até mesmo as campanhas serão muito parecidas. Cada trabalhador e trabalhadora que se reconhecer quanto classe e deixar de votar em um partido ou candidato burguês será um avanço na luta.
Defendemos essa unidade também como parte da preparação e do acúmulo de forças para os enfrentamentos com o próximo governo, pois com o aprofundamento da crise econômica, da fome e da barbárie, os ataques aos nossos direitos serão redobrados para manterem os seus lucros.
A nossa batalha é também para que as direções dos partidos de esquerda anticapitalista (PSTu, UP e PCB) apostem na construção de um movimento mais amplo de luta que envolva os vários setores da classe e não apenas na autoconstrução.
Polo Socialista e Revolucionário: Por uma frente de fato e por chapas eleitorais que expressem suas posições políticas
O Polo Socialista e Revolucionário é um elemento do processo de reorganização das forças de esquerda no país. Ainda sem atrair muitos agrupamentos, a depender da política implementada, poderá ser impulsionador de um movimento político de trabalhadores/as e aglutinar setores de vanguarda e ativistas da classe trabalhadora brasileira.
Além de ter um programa político que sirva de referência na luta de classes, o Polo precisa se constituir de fato como uma expressão dos vários setores que o compõe e não apenas de sua maior corrente. Já há desconfianças entre os ativistas sobre as manobras e oportunismos até mesmo nos partidos de esquerda e que precisam ser superadas, posturas burocráticas e antidemocráticas não contribuem para a construção do Polo, pelo contrário, alimenta a desconfiança.
Duas posturas do setor majoritário objetivamente se colocam como obstáculo para o Polo Socialista e Revolucionário ser de fato uma Frente entre várias organizações e ativistas e não uma “correia de transmissão”: o boicote a participação de Emancipação Socialista na Coordenação Nacional sob alegação de não ser uma “organização nacional” e a formação de candidaturas somente com militantes de um partido, no caso o PSTU.
Candidaturas do Polo que representem todas as Correntes que as reivindicam
Nesse sentido, defendemos que as chapas do Polo Socialista e Revolucionário devam contemplar as posições/correntes políticas que compõem o Polo.
Assim, nos somamos e apoiamos a reivindicação do MRT (Movimento Revolucionários dos Trabalhadores) para terem o direito de apresentar os candidatos a vice-presidente e vice-governadora em São Paulo, respectivamente Pablito (trabalhador da USP) e Maíra Machado (Professora da rede pública estadual de São Paulo).
É um direito democrático de representação em uma Frente de esquerda anticapitalista, que pode demostrar que o Polo não é apenas um partido, mas uma representação real de várias forças políticas que está na luta também para aproximar outros ativistas e correntes políticas.