Nas eleições de 02 de outubro último, infelizmente, nós, trabalhadores, observamos um crescimento dos setores bolsonaristas e da extrema direita no Poder Legislativo Federal, seja na Câmara dos Deputados, seja no Senado.
É verdade que o PT, ainda considerado como o maior partido da esquerda institucional, cresceu e fez a sua maior bancada de deputados federais na História, (se tornando o segundo maior partido na casa). Por outro lado, o PL, Partido Liberal, de Bolsonaro, demonstrou força e elegeu sozinho 101 novos deputados, tornando-se a maior bancada federal na Câmara, tendo sozinho quase 20% das cadeiras legislativas. Isso sem falar no PP, Republicanos, União Brasil, PSD, PSC, Novo, Avante, Patriotas e outros partidos, do Centrão ou não, que costumam votar com o presidente.
A Situação na Câmara dos Deputados
Carla Zambelli e Bia Kicis, que se mantiveram aliadas de primeira hora do Bolsonarismo, se reelegeram com votações expressivas, para a Câmara Federal por São Paulo e Distrito Federal, respectivamente. Ricardo Salles, aquele Ministro do Meio Ambiente que só sabia “passar a boiada” e destruir a Natureza, foi bastante votado e conseguiu se eleger deputado federal por São Paulo. E não podemos esquecer do terrível ex-Ministro da Saúde, general Pazuello, que deixou faltar cilindros de oxigênio no pior momento da pandemia de Covid no Amazonas: mesmo assim foi eleito Deputado Federal pelo Rio de Janeiro com expressiva votação.
Por sua vez, Deltan Dallagnol, o promotor público que combinava provas e estratégias com o ex-juiz Sérgio Moro, no julgamento do ex-presidente Lula na Operação Lava-Jato, se tornou o Deputado Federal mais votado pelo Paraná, também se alinhando com o mandatário do Planalto.
Situação não muito diferente no Senado Federal
O mesmo ocorreu no Senado Federal, que desta feita teve a possibilidade da renovação de um terço dos seus nomes. Sérgio Moro, personagem da Lava-Jato, foi eleito senador pelo Paraná. O ex-ministro do governo federal, que saiu denunciando várias irregularidades na sua pasta (Justiça), agora voltou a ficar amiguinho do Presidente.
Outros ex-ministros da República foram eleitos senadores e poderão dar importante apoio para uma futura oposição “liderada” por Jair Messias Bolsonaro. São eles: Tereza Cristina, ex-chefe da pasta da Agricultura, eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul; Damares Alves, ex-Ministra das Mulheres e dos Direitos Humanos (apesar de estar envolvida em escândalos de falsas denúncias de pedofilia), saiu eleita pelo Distrito Federal, e o general Hamilton Mourão, eleito pelo Rio Grande do Sul, mesmo tendo sido um péssimo vice-presidente.
O que talvez mais tenha chamado a atenção foi o forte desempenho do PL nesse último pleito. Afinal só este partido elegeu 8 Senadores; Magno Malta pelo Espírito Santo, Wilder Morais em Goiás, Wellington Fagundes no Mato Grosso, Romário no Rio de Janeiro (embora este tenha se desentendido com o chefe do Executivo), Rogério Marinho pelo Rio Grande do Norte, Jaime Bagattoli por Rondônia, Jorge Seif em Santa Catarina e finalmente o Astronauta Marcos Pontes por São Paulo.
Se levarmos em consideração que no final de fevereiro, na semana que antecedeu o começo da guerra da Rússia contra a Ucrânia, Bolsonaro esteve na Hungria, visitando o primeiro-ministro ultradireitista Viktor Orban, (no governo húngaro desde 2010), nada de bom poderemos esperar da maioria desse Legislativo que foi eleita apoiando o presidente derrotado no segundo turno.
Como já dito pelo general Mourão, a forte bancada do governo no Senado Federal poderá aumentar a pressão sobre os Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), levantando a hipótese de abertura de processos de Impeachment contra alguns destes ministros. Se isso ocorrer, ainda que não tenhamos confiança nestes ministros togados, se fortalecerá a extrema-direita.
Possibilidades de mais ataques contra os trabalhadores
Mas, além disso, no que diz respeito à pauta econômica, com essa nova composição ainda mais conservadora do Legislativo, mesmo no próximo governo de Lula, pode ser que a elite brasileira fique bem à vontade para passar a Reforma Administrativa (PEC 32), assim como mais ataques aos direitos trabalhistas ainda restantes como 13º salário e férias remuneradas com 1/3de salário a mais.
Os ataques podem também materializar as intenções de parte da burguesia nacional de mudar as regras do Imposto de Renda, para que os contribuintes não possam mais ter a restituição dos gastos com Saúde e Educação. Ou os planos (de Paulo Guedes, ainda o atual ministro da Economia) de não mais permitir que o salário mínimo, as aposentadorias e as pensões sejam reajustados pela inflação real mas pela projeção da inflação no início de cada ano.
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Com um Legislativo como esse, uma coisa é certa: profundos ataques contra nós, os trabalhadores, virão!