Como era esperado a extrema-direita não aceitou a derrota nas urnas e a vontade da maioria do povo brasileiro e mobiliza seu setor mais radical. Dessa vez usam o bloqueio de rodovias, impedindo a circulação de alimentos, remédios, ambulâncias, ônibus de passageiros e até mesmo a maioria dos motoristas de caminhão que não aderiu ao golpismo.
Não é a primeira vez que se mobilizam e saem às ruas defendendo a ruptura do regime, como já haviam feito no último 7 de setembro, dia da Independência do Brasil.
Alguns têm usado a expressão “paralisação dos caminhoneiros” tentando dar a esses bloqueios o caráter de luta de uma categoria, mas não é isso que está acontecendo. Trata-se de uma ação golpista, defendendo a “intervenção dos militares”, ou seja, um golpe de Estado.
Nesse processo contam com a conivência de Bolsonaro (se limitou a condenar os bloqueios e sem medidas concretas para garantir o desbloqueio) e apoio deliberado da Polícia Rodoviária Federal, em alguns lugares colaborando diretamente com os golpistas e em outros deixando até de cumprir a ordem judicial de desobstrução das pistas. A PRF é a mesma força policial que no dia das eleições ficou parando ônibus nas estradas numa tentativa desesperada de impedir eleitores de Lula de chegarem aos locais de votação.
Apesar de existirem bloqueios em vários locais e rodovias o número de participantes efetivos são relativamente poucos, mas não é por isso que devemos desconsiderar o fato de ser uma ação golpista e por isso deve ser combatida com a mobilização popular. E mais, é preciso derrota-los para que “não se criem”.
As direções do movimento social devem mobilizar para desbloquear as avenidas
Esse processo está em curso desde domingo à noite e até agora não houve nenhuma ação efetiva por parte das direções do movimento social. Até o momento contabilizamos algumas notas de repúdio, completamente insuficientes, pois não registro na história de que ações golpistas foram derrotadas com notas de repúdio.
A decisão do STF é uma medida muito limitada e tem se mostrado insuficiente para colocar fim a esses bloqueios. Também não dá para confiar que as forças policiais (muitas são base de apoio do bolsonarismo) vão desobstruir as rodovias.
É preciso e urgente a convocação e organização de brigadas de ativistas e militantes do movimento social -e com chamado amplo à classe trabalhadora- para desbloquear as rodovias.
Nesse sentido há dois exemplos a serem seguidos: a população da periferia de São Mateus no Espirito Santo e os operários metalúrgicos de Angra dos Reis que desbloquearam as rodovias, mesmo com a presença da PRF.
Outro exemplo de disposição de luta contra o bolsonarismo são as torcidas organizadas rompendo e acabando com bloqueios, merecendo destaque a Galoucura do Atlético Mineiro que furou bloqueios na BR 381 e os torcedores do Corinthians, membros do “movimento Somos Democracia”, que liberaram pista da Marginal Pinheiros em São Paulo.
Golpistas na cadeia!
A tentativa de golpe é um ataque ao povo brasileiro e é um ataque grave. Além de não reconhecerem a vontade soberana do povo brasileiro, também defendem o fim das liberdades democráticas, a retirada de direitos dos trabalhadores e da população pobre, fechamento das instituições, a violência contra a esquerda, a tortura, são contra os direitos de mulheres, negros e população LGBT+, etc.
Como se não bastasse a participação em uma tentativa de golpe, mesmo do ponto de vista do direito burguês esses golpistas cometem assim vários crimes. São uns criminosos.
Há outra questão importante que é a identificação de quem financia essas ações, suspeitas que recaem sobre setores do agronegócio e o “véio da Havan” pela participação de um de seus caminhões nos bloqueios. Também há participação de membros da PRF e também das polícias militares nos estados com várias imagens de policiais se recusando a cumprir a decisão de Alexandre de Moraes, todos fazem parte da base social da extrema-direita.
Multas e levantamento de nomes para inquérito policial é muito pouco para esses golpistas e também é fundamental identificar os financiadores, pois, como se sabe, a maioria deles não são nem caminhoneiros.