Em meio à grande crise da economia capitalista mundial, ocorreram as eleições gerais brasileiras de primeiro turno. Seguindo uma tendência da América do Sul, onde candidaturas da “esquerda institucional” (Chile, Colômbia e Peru), Lula ganhou o primeiro turno e foi ao segundo turno em disputa com Bolsonaro. No estado mais rico do país, São Paulo, Fernando Haddad também foi para o segundo contra o bolsonarista Tarcísio de Freitas.
Mesmo com esses resultados importantes, a extrema direita, liderada por Bolsonaro, conseguiu eleger governadores aliados em estados importantes como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná e está na disputa do segundo turno em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também elegeu expressivas bancadas no Senado, na Câmara dos Deputados e nas assembleias legislativas, mostrando bastante força.
O bolsonarismo
O bolsonarismo expressa o bloco mais reacionário do capital que estão em disputa. Fazem parte dessa extrema-direita segmentos de empresários que lucram com a destruição do meio ambiente (madeireiras, mineradoras e agronegócio); empresas do varejo que ganham rios de dinheiro com a superexploração da força de trabalho (Havan, Riachuelo); o Mercado da fé (algumas Igrejas pentecostais e neopentecostais) que exploram a desesperança entre os pobres; parcelas da classe média e de pequenos comerciantes e pequeno-proprietários (que sonham em aumentar o seu patrimônio às custas da exploração sobre os trabalhadores); o crime organizado e os milicianos, que atemorizam a população de comunidades pobres e favelas, com respaldo das polícias.
É um governo tem compromissos com a indústria de armas e com as milícias e, por isso, defende a liberação geral de armas para ricos, jagunços do agronegócio e a extrema-direita se armarem. Também estão entre os aliados os desmatadores, grileiros e garimpeiros ilegais que destroem nossas florestas.
Grupos nazistas, a extrema-direita evangélica e católica, setores da repressão policial, empresas que usam trabalho escravo, grupos de colecionadores de armas, agressores de mulheres, homofóbicos e racistas completam a lista de apoio a esse governo.
Politicamente apoiam a perseguição contra a população indígena, lideranças comunitárias, sem-terras e militantes do movimento social. São racistas, homofóbicos e machistas. Também não escondem o repúdio à universidade pública, aos direitos sociais e trabalhistas.
O Brasil no qual a extrema-direita cresceu
O crescimento da extrema-direita é uma expressão da barbárie capitalista no Brasil. De um país cujo desmonte do parque industrial tem sido crescente há mais de três décadas, o desemprego atinge mais de dez milhões de pessoas, mais 4,3 milhões estão desalentados (desistiram de procurar emprego), mais de 23 milhões de subempregados, terceirizados e precarizados.
Na política econômica temos muitos problemas. A dívida pública continua sugando quase 1 trilhão de reais de nossas riquezas todos os anos. É um país com desigualdade extrema, com poucas pessoas ricas e milhões de pobres, muitos problemas de moradia (favelas, aumento da população de rua, etc.). São mais de 33 milhões de famintos, quem está desempregado ganha cada vez menos e não tem direitos, preços dos alimentos nas alturas, Educação e Saúde públicas sem dinheiro, enfim, um monte de problemas.
Nesse Brasil também convivemos com problemas como a violência contra o povo, a corrupção, a utilização da religião (que é algo individual) para fins de governo, a defesa da ditadura, orçamento secreto, destruição ambiental, entre outros tantos problemas.
É nesse quadro que emergiu esse setor de extrema-direita. Como resposta à crise econômica e social, propõem saídas reacionárias como aumentar a repressão policial, golpe militar, redução da maioridade penal, retirar mais direitos, entre outros absurdos. Todas medidas para favorecer os ricos.
Do lado de cá
Tudo isso possibilita, na situação de desespero que se encontra a classe trabalhadora, cada vez mais cresçam ideologias fajutas como a meritocracia e o empreendedorismo, que só fazem dividir ainda mais os explorados, em benefício dos exploradores e de farsantes.
O governo Bolsonaro foi um desastre para a classe trabalhadora. Milhares de mortes pela covid, a violência no cotidiano, falta de remédio nas unidades de saúde, corte de verbas na saúde e educação públicas, aumento do desemprego, orçamento secreto, entre outros muitos problemas.
É um projeto político que precisa ser derrotado, pois, se reeleito, o nível de ataques aos nossos direitos vai aumentar e a extrema direita vai se fortalecer, abrindo uma conjuntura ainda mais favorável para a burguesia.
Voto crítico em Lula e Haddad
Dentro desse quadro que Emancipação Socialista entende ser uma prioridade derrotar Bolsonaro e a extrema-direita no Brasil. No primeiro turno apoiamos as candidaturas anticapitalistas (PSTU, PCB e UP) e lamentou que as mesmas não se unificaram numa única chapa no processo eleitoral. Seria uma forma de apresentar à classe trabalhadora uma alternativa antissistema.
Mas, estamos em uma conjuntura complicada e, nesse segundo turno, nos posicionamos pelo VOTO CRITICO às candidaturas de Lula para Presidente e de Fernando Haddad para Governador em São Paulo.
Não temos nenhuma ilusão com essas candidaturas. Seja pelos seus governos anteriores; seja pelo grau de alianças que estabeleceram (os tucanos Alckimin, FHC e Serra; os ex-candidatos à presidente Simone Tebet do MDB e Ciro Gomes-PDT, o banqueiro Henrique Meireles e o ex-ministro Delfim Netto, entre outros), nos limitados programas de governo que não rompem com os banqueiros e com as grandes corporações capitalistas. São muitos limites, mas é a única possibilidade de derrotar Bolsonaro e seus comparsas.
Fazendo uma analogia com o futebol: estamos escolhendo o nosso adversário na luta de classes. Um governo Lula tende a ser mais frágil e abre mais espaço para a consolidação de uma oposição de esquerda no país.
Neste sentido, opinamos sempre que a única maneira eficaz para derrotar a barbárie capitalista e a extrema-direita é a LUTA NAS RUAS. Por isso, fomos contra o fim da campanha do FORA, BOLSONARO, em 2021, quando o grau da popularidade do presidente estava no mais baixo patamar, resultado da sua política criminosa frente às quase setecentas mil mortes da COVID-19.
Entretanto, estamos diante de um quadro em que uma nova vitória eleitoral da extrema-direita será uma grande derrota dos trabalhadores, que permitirá ataques imediatos ainda em 2022, como o desmonte final das universidades públicas e a Reforma Administrativa que acabará com o serviço público e gratuito, principalmente a educação e saúde.
Frente a esta situação e também ao engajamento de ativistas do movimento sindical, dos sem-terra, dos sem-teto, do movimento cultural e ecológico, ativistas feministas, do movimento negro e LGBTQI+ (todos duramente perseguidos e atacados nos três anos de governo de Bolsonaro) e de quase toda a militância dos partidos e organizações da esquerda brasileira, nos somamos à campanha e chamamos o VOTO CRÍTICO EM LULA PARA PRESIDENTE E EM HADDAD PARA GOVERNADOR EM SÃO PAULO!
FORA BOLSONARO E A EXTREMA DIREITA, JÁ!!!
VOTO CRÍTICO EM LULA E HADDAD!!!
ANULAÇÃO DA REFORMA TRABALHISTA, DA PREVIDENCIÁRIA E DO ENSINO MÉDIO! CONTRA A REFORMA ADMINISTRATIVA! PELA DEFESA DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS! PELA REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO, SEM REDUÇÃO DE SALÁRIO! MAIS VERBAS PARA A SAÚDE E EDUCAÇÃO PÚBLICA!
TOMEMOS AS RUAS