O de 1º de maio é feriado, mas não é um dia de comemorar o Dia do Trabalho, isso é uma falácia burguesa para esconder o verdadeiro sentido desta data.
Ela surge após mobilizações e greves de trabalhadores nos EUA em 1886, que lutaram por redução de carga horária para 8 horas por dia (trabalhavam em média 16 horas) sem redução de salários e foram vitoriosos!
Em 1891, a II Internacional Socialista aprovou a data como um dia mundial de luta da classe trabalhadora pela redução da jornada de trabalho para 8 horas e nos anos seguintes nesse dia houve passeatas, manifestações, greves e choque com a polícia.
Então, muitos governos reconheceram a data como feriado do “Dia do Trabalho” e buscaram cessar as manifestações com festividades. Hoje mais de 80 países reconhecem a data e no Brasil, isso ocorreu somente em 1925, mas já aconteciam diversas mobilizações no 1° de maio antes disso.
Assim chegamos nesse momento em que, inclusive, as principais centrais sindicais fazem festas e sorteio de presentes na data, acobertando o verdadeiro sentido desta data.
A uberização dificulta a organização da classe trabalhadora?
Após 136 anos desta histórica mobilização, entre tantas outras, o reconhecimento da classe trabalhadora sobre si própria é cada vez menor, ou seja, o trabalhador não se vê como trabalhador.
Os fatores são dos mais diversos, a própria localização dos espaços de trabalho tem cada vez mais dificultado essa aproximação entre trabalhadores. A forma de trabalho popularizada de uberização, na qual não há vínculo de trabalho e o trabalhador deve atender as várias exigências das empresas só para ganhar uma porcentagem do valor que elas recebem. E sem direitos trabalhistas, sem regulação de horário de trabalho, pois são submetidos a longas jornadas de trabalho.
Além das péssimas condições de trabalho, há a dificuldade de organização desses trabalhadores que estão dispersos e sem vinculação com outros trabalhadores; as várias mobilizações de entregadores de aplicativos do ano passado, por exemplo, não foram suficientes para criarem formas organizativas, o que dificulta a manutenção do debate e formação política dessas categorias.
As direções sindicais… ajudando a patronal
Mesmo entre os trabalhadores com emprego fixo e carteira assinada, a organização e até a confiança nos sindicatos também têm diminuído, contribuindo para a queda na taxa de sindicalização. Só para ter uma ideia, entre 2012 e 2017, o decréscimo de trabalhadores sindicalizados foi de 1,7%, já entre os anos 2017 e 2019 chegou aos alarmantes 3,2%. Em 2019, a taxa de sindicalizados atingiu aos míseros 11,2% .
O nível de burocratização dos sindicatos é muito grande, muitos dirigentes sindicais se preocupam mais com a carreira política do que organizar a classe trabalhadora. Primeiro, não enfrentam a demissão de trabalhadores: no início de 2020, o desemprego atingia mais 11 milhões de pessoas e no início de 2022, são mais de 12 milhões. Ressaltando que 70% dos acordos coletivos das categorias o reajuste salarial ficou abaixo da inflação, refletindo diretamente na classe trabalhadora, causando a drástica queda do poder de compra.
Enfim, além das dificuldades da própria classe, ainda temos a ineficácia dessas direções sindicais, mais preocupadas em ajudar na gestão das empresas do que na organização da classe trabalhadora.
Também temos que considerar que os patrões se aproveitam dessa situação para impor mais arrocho salarial. Em 2021, por exemplo, a maioria das greves foram para evitar a perda de direitos. Vale ressaltar que 60% dos reajustes desse ano foram abaixo da inflação.
A necessidade de uma alternativa política da classe trabalhadora
Além disso, a ideologia burguesa penetra na classe trabalhadora de diversas maneiras, como a ideia do empreendedorismo, situação que o trabalhador é explorado, mas pensa que é patrão (veja edição passada). O próprio trabalhador, pelo aplicativo, acha que tem “liberdade para escolher o horário” e “não tem patrão” quando na realidade é tiranicamente controlado por empresas como UBER, Ifood, etc.
Nós também apontamos a crise de alternativa socialista, reforçada principalmente após a queda do Muro de Berlim. A classe trabalhadora fica mais suscetível ao conto de vigário (da burguesia) e não acredita em nenhuma alternativa fora do sistema. Nesse sentido, cabe a contribuição das organizações revolucionárias para o desenvolvimento de uma consciência política na classe trabalhadora.
Nesse momento, em termos práticos, vemos que a esquerda anticapitalista pode contribuir de duas formas: fortalecer a construção do Polo Socialista Revolucionário (espaço que reúne organizações anticapitalistas e revolucionárias e ativistas independentes). E a outra forma é a formação de uma frente da esquerda anticapitalista em uma única candidatura, ou seja, PCB, PSTU e UP. Não há razão de termos três candidaturas, situação que confunde ainda mais a classe trabalhadora.
Apesar de termos muitas críticas a esses partidos, é de extrema importância mostrar para a classe trabalhadora que há alternativa por fora das candidaturas burguesas (PL, PT, MDB, etc.).