O PT foi fundado em 1980 e foi um dos agentes do movimento pela redemocratização brasileira e Lula foi um articulador fundamental que tinha iniciado sua trajetória política no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC durante a Ditadura Militar. Ganhou relevância por liderar greves operárias importantes.
Contando dessa maneira, nem parece que a história do partido e do considerado “maior líder da esquerda” do país também trazem traição aos ideais da classe trabalhadora.
Lula lá: Mais que negociações e frentes amplas
Inicialmente, Lula defendeu a criação de um partido que dialogasse com o povo, com os vários setores da sociedade e que fosse uma alternativa à esquerda tradicional representada, até então, pelo PCB, de viés stalinista e em constantes alianças com setores da burguesia nacional.
Com influência da Teologia da Libertação, militantes do PT participaram de lutas, como pela Reforma Agrária enfrentando o latifúndio, pelas Diretas Já!, greves gerais contra os planos econômicos de Sarney, nas lutas sindicais e por moradia, entre tantas outras.
A campanha de Lula em 1989 tinha um programa muito progressista, como o “não pagamento da dívida externa e contra o FMI” e contava com a simpatia de milhares de militantes e ativistas pelo país, mas no segundo turno, lula e PT dão uma guinada e buscam apoio do PSDB de Mário Covas, PDT de Brizola e do PCB, do nada comunista Roberto Freire.
Mais conciliação e não é com os movimentos sociais
O PT, que esteve na presidência em quatro mandatos, representa também as derrotas da classe trabalhadora no Brasil. A década de 90 é um período de retrocesso brutal imposto pelo avanço do neoliberalismo, retirada de direitos, desemprego, etc.
De um partido classista e de luta, passou a ser um gestor do capital. Seus governos focaram em políticas públicas, como Cotas par acesso às universidades, Bolsa Família, FIES, Minha Casa Minha Vida, etc. que atendiam uma parcela da população mais pobre, mas ao mesmo tempo, ofereciam grandes vantagens aos empresários com recursos públicos.
Evidente que não somos contra os programas sociais, pelo contrário, defendemos que precisam avançar, mas no caso brasileiro, os gastos representavam uma pequena parcela do PIB, ou seja, eram migalhas que caiam das mesas dos milionários.
Os governos do PT também cooptaram uma parte dos movimentos sociais e muitas lideranças abandonaram lutas populares importantes para nossa classe. Aos movimentos sociais de oposição de esquerda foram reprimidos como em 2014 durante a Copa do Mundo no Brasil.
A desarticulação dos movimentos sociais deixou um campo aberto para a direita se organizar no país e facilitou a eleição de Bolsonaro e todos sabemos as consequências.
Durante esses anos de governo Bolsonaro, as direções do movimento influenciadas pelo PT em nenhum momento impulsionou a mobilização para tirar Bolsonaro, pois interessava que ele chegasse desgastado para disputar a reeleição.
São com base nesses elementos (e muitos outros…) que caracterizamos o PT como um partido burguês, isto é, exerce uma governança a serviço da burguesia.
O peso dos partidos de direita na Frente Ampla Lula-Alckmin
Com o discurso de enfrentamento ao fascismo, nessas eleições o PT aposta suas fichas numa Frente Ampla que reúne Alckmin, ex-PSDB (envolvido em escândalos de corrupção e com dura repressão aos movimentos de luta), Renan Calheiros, família Sarney, os Maias no RJ, entre outras figuras tradicionais da direita brasileira.
É uma composição neoliberal e com um programa que não mexe no lucro dos bancos, no agronegócio e nem nos privilégios dos ricos.
Esse arco de alianças inclui também partidos e políticos que apoiaram Bolsonaro em 2018, dando mostras de que um eventual novo governo Lula terá em sua base de sustentação as velhas raposas que sempre atacaram os direitos da classe trabalhadora.
A Frente Ampla acena para a manutenção da superexploração sobre a classe trabalhadora, ainda que acompanhada de algumas medidas mínimas em favor da classe trabalhadora e que não alterarão a situação geral de pobreza estrutural no país.
Mãos dadas com antigos opositores
Para costurar esses acordos , o PT e Lula até abandonaram o discurso de que sofreram um golpe em 2016. Hoje, procuram os mesmos articuladores do impeachment para comporem a Frente Ampla.
Entre o empresariado a resistência a Lula é cada vez menor. Já são várias conversas: com o mercado financeiro, com industriais ligados à FIESP. Também já declarou que quer sentar o o agronegócio “mais raivoso”, pois, segundo ele, o seu governo foi o único que fez algo de sério para o setor quando, em 2009, liberou mais de 70 bilhões de reais para rolagem da dívida do setor.
Sabemos quais são os interesses contra a classe trabalhadora e que, se não tomarmos as ruas, amargaremos mais derrotas como foram as Reformas trabalhista, previdenciária e do Ensino Médio, etc.
Se organizar para a luta independente de quem seja eleito
A tendência é o aprofundamento da crise econômica e social, com manutenção de altas taxas de desemprego, inflação alta, violência contra o povo, entre outros problemas.
Diante de tantos problemas é urgente buscar a organização de base para enfrentar o próximo governo e defender as nossas reivindicações. Confiemos em nossas forças, pois só a luta poderá garantir conquistas.