O início da greve e a repressão da direção da reitoria
No dia 21 de setembro, em uma quinta-feira, os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) deram início à greve geral, que perdura até o momento atual. A pauta de reivindicação central do movimento que mobilizou os estudantes é contratação de mais professores e melhorias nas condições de permanência estudantil, como disponibilidade e aumento de auxílios e bolsas. Diversos cursos da universidade sofrem com a falta de profissionais pelo número reduzido e não reposto de docentes, por causa das aposentadorias e óbitos. Os estudantes, portanto, denunciam a escassez de professores como problema principal, pois este fator, além de precarizar a aprendizagem dos graduando, alerta sobre o risco de alguns cursos, como Letras – Coreano, serem fechados.
As mobilizações começaram na segunda-feira, dia 18 de setembro, com uma manifestação organizada pelos alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), sendo Letras um dos cursos que mais sofrem com a escassez de profissionais. No entanto, os estudantes foram reprimidos pela direção da faculdade, que tentou desmobilizar a manifestação cancelando as aulas do noturno e fechando o prédio com a justificativa de “risco eminente de danos ao patrimônio público”.
A atuação de violência se prolongou com o envio de agentes de segurança para o prédio na tentativa de inibir qualquer movimentação partindo dos mesmos. Entretanto, essa ação surtiu efeitos contrários ao esperado pela universidade: cerca de mil estudantes se direcionaram ao prédio da administração para protestar e exigir a retirada das forças de segurança do prédio, além de uma reunião com a reitoria e uma retratação pública da direção do departamento de FFLCH, porém somente os dois primeiros pontos foram atendidos.
Sendo assim, em votação organizada pela assembleia geral dos estudantes, no dia 19 de setembro foi aprovada a paralisação das atividades, que teve início de fato no dia 21. Desde então a greve tem se expandido, já que a paralisação, inicialmente encabeçada pelos cursos que mais sofrem com o número precário de docentes, hoje abrange e mobiliza estudantes de outros departamentos e cursos, como psicologia, medicina, direito, e também os docentes que pedem por melhorias nas condições de trabalho.
A motivação da mobilização dos estudantes é legítima, visto que não há novas contratações de professores e servidores desde do ano de 2014. O número de docentes caiu de 5.934 para 4.892, representando uma diminuição de 15%, segundo o Anuário da instituição, sendo a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas umas das mais afetadas.
A Greve Geral estudantil permanece resistindo às repressões da direção e da extrema-direita que em todo momento ataca a mobilização coletiva, entretanto a luta só tem se expandido!
Uma ampla campanha de apoio de solidariedade
Essa greve, além das questões acima, também enfrenta o bolsonarismo, em especial sua política de destruição dos serviços públicos. E tem um elemento importante que é o fato de ser uma mobilização de rua, que é onde ele vai ser derrotado de fato.
Outra questão importante é se tratar de uma luta que envolve principalmente a juventude, o setor da sociedade que mais sofre com as crises econômica e social, pois são poucas as perspectivas de um futuro decente.
A vitória da luta dos estudantes, professores e funcionários da USP dará força para todo o movimento enfrentar esse conjunto de ataques que os governos têm feito contra o povo brasileiro.
Por isso, a solidariedade a essa greve é fundamental, com a presença nas atividades, com moções de solidariedade, enfim, tudo que a criatividade militante permitir.