Por uma Palestina única, laica, livre e socialista
Após os ataques do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro, o imperialismo, os governos burgueses de todo o mundo e a direita deram carta branca para o Estado de Israel “se defender”, o que em outras palavras significa multiplicar os bombardeios, o deslocamento de milhares de pessoas e a limpeza étnica contra os palestinos, os quais vivem um drama histórico com a ocupação do Estado de Israel desde 1948.
A propaganda sionista – movimento colonizador nacionalista criado no final do século XIX – tenta convencer o mundo de que a Palestina era um território “vazio” e que os palestinos resolveram do nada que a queriam apenas depois que os sionistas e seu “Estado-enclave” o “recuperaram”. A verdade é que Israel foi constituído em 1948 com o apoio da ONU, do imperialismo e do estalinismo como um Estado racista e sua política foi, desde então, aplicar práticas genocidas ao povo palestino.
O processo de colonização através do enclave de Israel já dura mais de 75 anos, mas ganhou novo impulso com o governo de Benjamin Netanyahu que está à frente do governo israelense desde 1996. É um governo composto de nacionalistas reacionários, de direita e de ultradireita, responsável hoje por dezenas de massacres, deslocamentos forçados, expansão colonial, ataques a mesquitas e etc. Um verdadeiro genocídio palestino permanente e que se agrava de forma devastadora como nunca se tinha visto nesta ofensiva de aniquilamento em Gaza promovida neste momento.
É importante relembrar que mesmo antes dos bombardeios atuais de Israel, Gaza já vivia em estado de calamidade, com 50% da população desempregada, 90% sem acesso à água potável e centenas de milhares submetidos à insegurança alimentar, ambiente de pobreza, miséria e desespero criado pelo Estado de Israel que é responsável direto pela reação palestina chamada na mídia tradicional de “extremismo” político.
Desde o ataque do Hamas, Israel iniciou um terrível bombardeio sobre a faixa de Gaza. Corta a energia elétrica, o suprimento de água, de remédios, de combustível e de internet, enquanto corpos se acumulam nos hospitais – e também nas ruas, em escombros de prédios bombardeados e em caminhões de sorvete que se tornaram necrotérios – os quais perderam a capacidade de socorro às vítimas dos bombardeios. Israel ordenou o criminoso deslocamento de centenas de milhares de palestinos para o sul de Gaza enquanto prepara a invasão do território pelo norte que tem o objetivo de um brutal aprofundamento da política de limpeza étnica, ou seja, varrer os palestinos da face da Terra. Esses bombardeios, junto com o cerco de Gaza já provocaram a morte, neste momento, de cerca de 9 mil pessoas, sendo 1,4 mil israelenses e 8 mil palestinos: quase metade das vítimas palestinas, 3,5 mil, é de crianças.
Somos contra os métodos de combate do Hamas que arma apenas uma parcela reduzida de seus guerrilheiros e, algo muito mais grave, a formação de um Estado Teocrático Islâmico na Palestina. A estratégica de auto-organização da classe trabalhadora a partir de comitês populares de base, com ampla democracia operária e socialista, greves de massas e luta direta é a única saída para uma vitória efetiva e duradoura. Mas, nesse conflito temos de um lado um povo oprimido e, do outro, um Estado colonizador, opressor e genocida e a posição dos socialistas revolucionários é ficar do lado dos oprimidos contra os opressores. A responsabilidade sobre a atual situação é dos colonizadores do Estado racista de Israel e não dos palestinos de Gaza ou daqueles que vivem em outras regiões ocupadas por Israel.
Defendemos a mobilização direta e o armamento geral das massas contra o Estado colonizador de Israel e contra as milícias de colonos racistas armados: eram 35 mil em 1973 e hoje são mais de 700 mil. São forças paramilitares e auxiliares no extermínio do povo palestino junto às forças armadas regulares de Israel. É preciso, assim, que os palestinos construam uma direção que tenha como estratégia a mobilização permanente e autodeterminada das massas que tenha como objetivo a criação de uma Palestina única, laica, livre e socialista. Só assim os povos, independentemente de sua religião e nacionalidade, poderão viver em paz.
Pensamos que a classe trabalhadora, as mulheres, os negros e os jovens do Brasil e de todo o mundo, inclusive em Israel, não se deixarão enganar pela propaganda do governo racista, genocida e de terror colonial de Israel, do imperialismo e da mídia burguesa e entenderão que devemos estar incondicionalmente ao lado dos oprimidos, ou seja, dos palestinos. Sigamos o exemplo do que está ocorrendo em outros países, onde se realizam manifestações massivas em defesa dos palestinos: é necessário chamar atos populares massivos dos explorados e oprimidos para que cessem imediatamente os ataques à Gaza e a todo o território palestino.
As burguesias árabes estão fazendo alianças com Israel para defender seus interesses econômicos à custa da morte do povo palestino. Estes promovem um discurso demagógico internacional que se assemelha aos discursos dos governos imperialistas, da ONU e de governos “liberais-sociais”, como o de Lula, que não têm nenhuma efetividade na luta contra a guerra genocida do Estado sionista e racista de Israel. Inclusive, os Aiatolás do Irã e o libanês Hezbollah continuam apenas em declarações e ameaças de uma possível frente militar para defender o povo palestino que não se concretiza.
Denunciamos a posição do governo Lula que faz declarações que estabelece um sinal de igual entre Israel e Hamas, como se fosse uma “guerra” entre iguais e não o que verdadeiramente é: uma limpeza ética que já dura 75 anos e que, nesse momento, intensifica-se de forma massiva. É preciso lutar para que cessem imediatamente os ataques sobre Gaza, porém não podemos parar por aí.
Qualquer política de suposta “paz” nos termos do Estado de Israel e do Imperialismo dos EUA é a continuidade do massacre lento e invisibilizado pela imprensa burguesa mundial como tem sido feito por 75 anos. Assim, é preciso lutar pelo fim do Estado de Israel através da mobilização das massas e dos meios militares e por uma Palestina livre, laica e socialista para parar definitivamente com esse genocídio histórico.
Do ponto de vista imediato, é preciso que o movimento dos trabalhadores e de todos os oprimidos em todo o mundo exijam que se faça uma unidade de ação militar com aqueles que podem imediatamente promover uma luta contra o Estado de Israel, ampliando o armamento geral dos povos árabes e da classe trabalhadora para dar um basta à operação de aniquilamento do povo palestino.
No Brasil, devemos exigir que as direções dos partidos da esquerda, das centrais sindicais, dos movimentos e sindicatos rompam imediatamente com qualquer política de ambiguidade e ajude a convocar as mobilizações populares, da classe trabalhadora e juventude pela urgente derrota militar de Netanyahu e a extrema direita sionista genocida e racista. Da mesma forma, parte das consignas do movimento devem exigir que Lula pare de dar declarações que igualam lados totalmente desiguais e que condene o Estado genocida de Israel, rompa relações diplomáticas e expulse o embaixador de Israel do Brasil.