O terremoto que abalou o norte da Síria e o sul da Turquia deixou até agora mais de 50.000 mortos e cerca de vinte milhões de pessoas foram afetadas, segundo a OMS. Este resultado não deve ser explicado apenas nas condições geológicas da placa tectônica da Anatólia, mas nas falhas geopolíticas e sociais da região. Ou seja, o impacto dessas catástrofes é atravessado por conflitos sociopolíticos e regulações de mercado.
É sabido que as cidades estão em zona sísmica. Logo, os edifícios deveriam ser construídos para resistir aos movimentos das placas tectônicas. O pano de fundo do terremoto que aconteceu em 1999, que deixou 17.000 mortos e milhares de feridos, explica por que os prédios caíram como uma torre de cartas.
Desde então, apesar das leis que impõem construções especiais para o caso, há denúncias de que o governo faz vista grossa no uso de materiais baratos nas obras civis. Como consequência, são as classes populares as primeiras a sofrer uma catástrofe desta magnitude.
Um exemplo é o sul da Turquia. Com um forte crescimento da construção de prédios nos últimos anos sob a gestão do presidente Erdogan, a maioria das empresas de construção está ligada a figuras de seu governo.
Este cenário mostra que as mortes, os feridos e o sofrimento de milhões que ficaram desabrigados pelo terremoto é resultado do descaso empresarial e dos interesses capitalistas. Uma catástrofe capitalista e quem paga são as classes populares com suas vidas.