O congresso da CSP Conlutas reuniu operários metalúrgicos e da construção civil, trabalhadores do serviço público, bancários, estudantes, ativistas dos movimentos contra a opressão, representantes de povos originários e quilombolas.
Foram cerca de 1300 ativistas, dos quais 950 delegados (as) eleitos(as) na base e um pouco mais de 300 observadores(as). Comparado aos anteriores, foi um congresso reduzido.
Emancipação Socialista participou do congresso com a tese do Movimento pela Frente Revolucionária Socialista que é composto por nós, Socialismo ou Barbárie, Juventude Já Basta! e Coletivo Socialista Revolucionário.
Resoluções políticas
Entre as principais lutas para o próximo período estão o combate ao arcabouço fiscal e à reforma tributária; revogação das reformas Trabalhista, Previdenciária e do Ensino Médio; contra a Reforma Administrativa, o Marco Temporal e as privatizações; as lutas por terra e por moradia e contra as opressões, dentre outras.
A presença de indígenas, quilombolas e trabalhadores do campo foi importante, pincipalmente nesse momento em que o agronegócio faz uma ofensiva contra o meio ambiente e as terras indígenas e serviu para denunciar os ataques e perseguições a esses grupos, reafirmando a luta contra o marco temporal.
Outra resolução importante foi que a central se colocará no campo de oposição pela esquerda ao governo Lula e Alckmin e também no enfrentamento à extrema-direita.
Um momento marcante do congresso foi a denúncia das chacinas policiais em São Paulo, no Rio e na Bahia. Exigindo nestes casos justiça e o fim do genocídio da juventude negra, destacando que na Bahia o governo é petista e fecha os olhos para a matança da PM baiana.
E a base, não participa do congresso?
Um problema foi o excesso de mesas de debates e o pouco espaço para a participação da base. Além das setoriais, os GT’s se reuniram só uma vez e mesmo assim com tempo reduzido.
Já tínhamos destacado essa questão na votação do regimento interno, mas a direção majoritária rejeitou, mantendo as mesas de debates com maior presença do PSTU. Esse método, inaugurado pela CUT, tem siso muito frequente nas instâncias da CSP Conlutas, numa relação alienada que Paulo Freire chamava de “educação bancária”, um palestrante falando e os demais ouvindo
A eleição da SEN (Secretaria Executiva Nacional) em congresso
A eleição da Secretaria Executiva Nacional (dirige a central cotidianamente) acontecia na primeira reunião da Coordenação Nacional depois do congresso.
Uma das justificativas era que essa forma era mais democrática e garantia a revogabilidade dos mandatos. No entanto, foi aprovada a proposta de eleger a SEN e o Conselho Fiscal nos congressos e com proporcionalidade direta e qualificada, garantindo a representações das chapas na proporção de seus votos.
Para nós, em princípio não é um problema a eleição ser dessa forma, questionamos o método, sem debate nas assembleias e a eleição ser no mesmo congresso que aprovou a mudança estatutária. Isso é mudar as regras quando o jogo já começou!
Uma central enfraquecida
O surgimento da CSP-Conlutas foi um marco na luta pela reorganização do movimento sindical combativo para enfrentar os ataques aos direitos dos trabalhadores e para construir um sindicalismo independente dos governos petistas que cooptaram parte importante do movimento sindical.
Os primeiros anos mostraram uma central vigorosa, com milhares de ativistas nos congressos e forte intervenção nas lutas. No entanto, nos últimos anos há um importante esvaziamento da central a partir da desfiliação de sindicatos como o ANDES e o SINASEFE e são percebidas poucas oposições sindicais ou, quando elas existem, não tem um funcionamento regular.
Soma-se a isso o fato de a central não ter conseguido construir a unidade dos grupos conlutistas em processos eleitorais importantes, como foi na APEOESP e no ANDES, reforçando o isolamento político. Nesse caso a responsabilidade não é da direção majoritária, mas é a incapacidade da central em aglutinar até mesmo as correntes internas.
Esses e outros problemas levaram a um congresso esvaziado, sem adesões de novas entidades maiores e expondo a pouca representatividade da central. Mas, isso não aconteceu por acaso.
A CSP-Conlutas é para os trabalhadores ou do PSTU?
Uma das questões importantes do movimento sindical é a relação das correntes majoritárias com a entidade. A questão não é ter uma corrente que dirige, mas se essa corrente age como se fosse a “dona” da entidade e instrumentalizando a entidade para a sua construção.
Essa é uma questão que contribui com o esvaziamento da CSP Conlutas. A direção majoritária pratica um método antidemocrático e hegemonista e com pouco espaço para as forças políticas de oposição, o que evidentemente dificulta o crescimento da Central.
A forma como o PSTU conduz a central está no limite de transforma-la em uma colateral do partido, situação que a CSP Conlutas deixaria de ser dos trabalhadores e seria a “central de um partido”. Isso afasta os lutadores e ativistas que buscam se organizar para lutar contra os patrões e a burocracia sindical.
Para a central retomar o crescimento precisamos de uma política correta e também de um método sadio.