A bênção do Papa Francisco a casais gays, apresentada em 18 de dezembro de 2023, significa que casais homossexuais agora são aceitos nas igrejas e podem participar dessas comunidades. Se pensarmos na inserção em um ambiente extremamente conservador como são os espaços cristãos, isso parece um avanço (até porque os setores mais conservadores ainda da Igreja Católica foram incisivos em atacar o Papa com essa decisão). No entanto, é legítimo questionar como essa atitude se alinha com as práticas históricas da Igreja.
A história da Igreja Católica é marcada por eventos sombrios, incluindo casos de perseguição e discriminação, que não podem ser ignorados. A questão das mortes por sodomia ao longo da história merece uma reflexão crítica. É crucial que a Igreja reconheça e repare os erros do passado, precisa reconhecer que foi responsável por muitas mortes de pessoas por práticas homossexuais. Só no Brasil, há registro oficial de 209 mortes de pessoas perseguidas e condenadas pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição do Brasil Colonial. A começar pelo indígena Tibira do Maranhão, registrado como o primeiro caso de morte por homofobia no Brasil em 1614, com o aval dos religiosos da Igreja Católica.
Por isso, ao Papa conceder a benção aos casais homossexuais, que é uma prática bem distante do casamento, mostra muito mais o interesse da Igreja se adequar aos novos tempos, em que as LGBT+, após muitas lutas, mostram a importância da diversidade de gênero e sexualidade que existe em nossa sociedade, do que de fato, mostrar uma implicação na defesa desta comunidade.
A Igreja Católica, bem como todas as religiões cristãs, sempre foram o principal suporte para os LGBTfóbicos atacarem e violentarem pessoas LGBT+, e nunca assumiram essa responsabilidade. Ainda que essa bênção seja um passo na contramão dessa violência, o cristianismo ainda está em campo de enfrentamento contra as LGBT+, enquanto mais um braço do Estado Capitalista para sufocar e precarizar ainda mais as condições de vida da grande maioria das LGBT+ trabalhadoras.
Não podemos esperar que a mudança venha dessas instituições, mas da nossa luta contra toda forma de opressão e exploração. Quem for um trabalhador religioso e se aliar nessa luta será sempre muito importante, ao restante, que caiam junto ao capitalismo na história da humanidade.