Toda solidariedade ao povo turco e sírio!
O primeiro terremoto ocorreu às 4h17m na cidade de Gaziantep, no sul da Turquia e teve 7,8 de magnitude. O segundo foi às 13h30m, perto da cidade de Kahramanmaras, no norte da Síria e de magnitude 7,5. O tremor foi tão grande que o Centro Sismológico Europeu-Mediterrâneo que foram sentidos no Egito, Geórgia, Grécia, Iraque, Jordânia, Palestina e Rússia.
São milhares de mortes, entre sírios e turcos. O número de mortos, hoje 08/02, passa dos 11 mil e, infelizmente, aumentará bastante, apesar do esforço heróico de voluntários no resgate. Números agravados pela omissão dos governos, tanto por não implementarem medidas preventivas nas construções quanto na falta de ação de socorro. Há relatos de que em províncias menores, como a de Hatay, no sul da Turquia, o governo nem enviou equipamentos adequados e equipes especializadas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 23 milhões de pessoas, entre elas 1,4 milhão de crianças, serão de alguma forma afetadas pelo terremoto. Fome, frio, desabrigo, falta de atendimento médico, etc. são algumas das consequências. São proporções gigantescas. E há responsáveis por isso.
Os efeitos políticos e sociais de um evento da natureza
Os terremotos são parte do processo de formação da terra. Logo que de fato não há controle, mas as consequências poderiam ser minimizdas e até mesmo evitadas. Por isso, dizemos que há muitos elementos políticos.
Lembremos que os sírios ainda sofrem com os efeitos da guerra civil (disputa entre setores da burguesia síria) e também da intervenção imperialista e russa que atacaram o povo sírio em várias cidades do país. E para piorar, recentemente houve um surto de cólera no país.
O norte, incluindo a cidade de Aleppo, está entre os mais afetados pela guerra e agora pelo terremoto. Essa região foi bombardeada pelas forças policiais de Bashar al-Assad, destruindo casas, hospitais e escolas, destruindo boa parte da infraestrutura.
Já antes do terremoto, 70% da população síria dependia de algum tipo de ajuda. Cerca de 2,9 milhões corriam risco de passar fome e 12 milhões não sabiam de onde viria sua próxima refeição. Agora esse número é incalculável.
Outra consequência política- e está muito relacionada com o desprezo que o capitalismo tem por vida- é que todos sabem que a região é propícia para terremotos e mesmo assim não são exigidos a utilização das tecnologias modernas preventivas aos terremotos na construção das casas, situação em que teria havido muito menos mortos e feridos e até menos destruição.
Há vários exemplos de como a tecnologia poderia salvar vidas. Comparando Japão e Turquia: quatro pessoas morreram devido o terremoto de magnitude 7,4 em Fukushima em 2022 e mais de 20.000 no terremoto de Marmara, de mesma magnitude que ocorreu na Turquia em 1999.
Investir em tecnologia tem custo e isso diminui o lucro dos ricos tanto da Turquia quanto da Síria e no lugar de usar dinheiro em benefício do povo e para proteger a vida, preferem dividir entre eles. A priorização do lucro deixa as pessoas expostas às consequências desses desastres. É o capitalismo
Na verdade, a necessidade de construir moradias resistentes a terremotos é um problema em vários países. Um problema crítico que vários os governos se negam resolver. Segundo cientistas que estudam o fenômeno, mais de 1,5 bilhão de pessoas vivem em áreas propensas a terremotos. Cidades como Istambul, a populosa capital da Turquia, vivem sob riscos constantes de ocorrer terremoto. Se continuar com a falta de medidas técnicas, desastres como esse, podem resultar em 400 mil mortos. Mas, até mesmo a oposição burguesa que controla a prefeitura de Istambul se limita a dizer que pode haver “apenas 14 mil mortos”. Absurdo.
O nível de desenvolvimento da ciência e da indústria é tal que cidades resistentes a terremotos poderiam ser construídas em todo o mundo e, assim, garantir proteção para a população. Mas, estamos sob o domínio capitalista…
A solidariedade burguesa e a da classe trabalhadora
Vários países da OTAN fizeram declarações simbólicas sobre o envio de ajuda à Turquia (aliada da OTAN na região), mas, além de não ter se efetivado, ainda ignoram as vítimas na Síria, que tem sido vítima de pesados ataques e bombardeios nos últimos anos.
A classe trabalhadora mundial pode ajudar primeiro com a solidariedade (há várias iniciativas em andamento) para o resgate das vítimas e a rápida remoção dos escombros. Há na Europa iniciativas importantes de sindicatos arrecadando alimentos e outros itens para doação.
Segundo é importante uma campanha política mundial contra os governos da Síria e da Turquia para construírem casas, exigirem que as empreiteiras de construção cumpram as normas técnicas e que esses governos e os responsáveis por esses descumprimentos das normas técnicas sejam responsabilizados.
O governo turco Erdogan e a repressão
O cinismo do reacionário governo turco Recep Tayyip Erdogan não tem limites. Aproveitando da situação, intensificou a repressão contra a oposição declarando estado de emergência por três meses em dez províncias atingidas pelo terremoto. Aproveita de uma tragédia para impor um controle sobre o movimento social e da oposição eleitoral já que em maio haverá eleições no país.
Dessa forma poderá governar por decreto e sem necessidade de autorização do parlamento. Na prática significa controlar as províncias que são governadas por partidos de oposição. Essas medidas também limitam os direitos fundamentais das pessoas.