Morreu o cardeal Ratzinger, em 31 de dezembro, Papa Emérito que protagonizou com o atual Papa, Francisco, a competição entre valores progressistas e reacionários na Igreja Católica. Dicotomia falsa, já que os verdadeiros cristãos progressistas, adeptos da Teologia da Libertação, foram rejeitados por ambos.
Francisco liderou a Ordem Jesuíta em San Miguel (Argentina), na época da ditadura naquele país, é acusado de ter deixado que dois padres que faziam trabalho social fossem presos, além das acusações de omissão em relação aos sequestros de bebês de militantes de esquerda na época. Ainda assim, recentemente, o Papa Francisco publicou uma nota crítica à Teologia da Libertação na Argentina.
No entanto, Ratzinger está muito além de Francisco (se é que se pode amenizar torturas e mortes que pesam nas costas do atual pontífice). Antes de ser Bento XVI se opôs à flexibilização do celibato para padres e a qualquer condescendência com a homossexualidade.
Ratzinger deixou escritos a serem publicados postumamente “denunciando” a existência de clubes gays de seminaristas. Também se opôs ao aborto em todas as circunstâncias, à inseminação artificial e à distribuição de preservativos como políticas públicas.
Em 2008, após reunião com o presidente brasileiro, assinou o Acordo Brasil-Santa Sé que tornou o ensino religioso facultativo nas escolas fundamentais públicas do país. E temeroso de retaliações, Lula estendeu para outras religiões a oferta dessas aulas.
Quando o arcebispo de Munique acobertou quatro crimes de pedofilia de um padre que seguia seu homem de confiança, Ratzinger não teve interesse sequer em ouvir as vítimas.
Contudo, mesmo antes de ser tornado “obrigatório” fazer parte da Juventude de Hitler (1941, Alemanha) já frequentava o grupo. Depois, desertou para voltar ao seminário e, em 2009, seguiu suspendendo a excomunhão de quatro bispos integralistas, um deles negava o Holocausto. Seguiu também sem reconhecer seus erros.