Logo após o início de mais um conflito do Estado de Israel contra o Povo Palestino, na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado, houve o primeiro acordo de trégua temporária e a troca de 50 pessoas (apresentadas na mídia burguesa como reféns do Hamas) por 150 mulheres e crianças palestinas presas por Israel.
Pode soar estranho que crianças estejam privadas de liberdade no Estado que é considerado a maior “democracia” do Oriente Médio. Quando, porém, olhamos além da propaganda que os países centrais do Neoliberalismo fazem, em torno do preposto estadunidense, naquela parte do mundo nada mais choca no que diz respeito à violência de Estado e à agressão aos direitos humanos.
Mulheres e crianças são cotidianamente presas por Israel pelo simples fato de serem palestinas. Suas existências significam resistência e suas mortes são fundamentais para a limpeza étnica perpetrada especialmente na Faixa de Gaza.
Israel quer Matar o Futuro da Palestina
Até os defensores mais ferrenhos do Estado genocida de Israel estão ficando constrangidos diante da truculência com que Netanyahu ataca alvos civis. Apesar de ser assim há mais de 70 anos, o atual conflito, tão cruel e desigual, tem servido para expor a política de extermínio de um povo que apenas reage à invasão israelense.
A intenção de dar uma solução final para o Povo Palestino fica evidente nas prisões de crianças apenas por tacarem pedras contra a violência israelense. As crianças chegam a ficar 20 anos nas prisões administrativas. Lá sofrem torturas e maus tratos. Não há direitos humanos reconhecidos para elas!
De 7 de outubro para cá o número de palestinos detidos “administrativamente” quase dobrou.
Em 5 de abril de 2023, poucos meses antes da ofensiva do Hamas e de Organizações de Esquerda, a polícia de Israel invadiu a Mesquita de al-Aqsa, em Jerusalém. Cerca de 350 pessoas foram capturadas e levadas para as prisões “administrativas”. Era simultaneamente o Ramadã para muçulmanos e Páscoa para judeus. A polícia de invasão israelense extrapolou limites por não reconhecer o direito de culto no local, sob pretexto de que ali se encontravam extremistas (palestinos).
Na verdade, um grupo ortodoxo (extremista) judeu pretendia sacrificar uma cabra no Monte do Templo, que fica próximo à mesquita e como Israel é um Estado teocrático aos palestinos restaram as prisões “administrativas” até por rezar.
Literalmente Gestando a Intifada
Cerca de 180 mulheres palestinas dão à luz diariamente na Faixa de Gaza sem acompanhamento no pré-natal, sem as condições necessárias para o parto e se necessitam de cesariana não são anestesiadas. Os bebês, frutos de mães famintas, não têm tamanho normal. Os kits de parteira enviados pelo UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) não chegam aos hospitais, pois Israel não permite. Não há analgesia adequada nem o acompanhamento da parturiente e do bebê pelo tempo mínimo de 24 horas.
Morrem em média 63 mulheres por dia em Gaza e 37 delas são mães. Mesmo mortas gestam o futuro que teima em não sumir do horizonte da Palestina. As mulheres tentam a fuga, choram seus filhos e maridos e insistem corajosamente na reprodução da vida social na Faixa de Gaza.
Mulheres e crianças são 70% das quase 34 mil vidas perdidas na Faixa de Gaza nesses pouco mais de seis meses de conflito. Há um verdadeiro cerco à saúde materna, como forma de concluir o holocausto programado ao Povo Palestino.
As mulheres seguem gestando e parindo, mesmo com todos os riscos. É uma das importantes formas de resistência e fundamental para que esse povo não deixe de existir como deseja seu algoz. Ter filhos e filhas se tornou um ato de protesto.
Mais de 950 mil mulheres e meninas foram obrigadas a deixar suas casas nos últimos meses, quase três mil mulheres ficaram viúvas e tornaram-se chefes de família. Constantemente, há mulheres tentando fugir com seus filhos quando seus maridos são sequestrados ou mortos pelas Forças israelenses. Quando são capturadas e presas, são no momento mais de 95 mulheres nessa situação, sofrem mais ainda por deixarem seus filhos abandonados. Constantemente também, as mulheres presas são expostas à privação de sono, agredidas a tapas, chutes e ameaçadas sexualmente chegando a ser estupradas. São obrigadas também a colaborar com a inteligência israelense.
O “Crime” de Lançar Pedras Contra Israel
Jogar pedras contra carros ou tanques da polícia israelense é um crime greve para os sionistas. Crianças a partir de 12 anos já podem ser presas. Entre 14 e 16 anos são considerados jovens adultos, chegando a ser condenados à prisão perpétua.
Israel não admite direito humano algum aos palestinos, sequer à infância! Crianças palestinas de 5 ou 6 anos ficam detidas por horas e crianças de 12 anos são interrogadas sem a presença de seus responsáveis. Soldados arrombam as casas à noite e levam as crianças.
A letalidade contra as crianças de Gaza aumentou desde o início do conflito e a tática de parte dos palestinos tem sido a mesma que se mostrou eficaz na Intifada de 1987 a 1993. As pedras atiradas com as mãos ou com estilingues são símbolo de resistência e conseguem matar soldados. A polícia responde alvejando acima do peito de crianças e adolescentes, mas mesmo quando não oferecem perigo.
Prender e torturar. Torturar e matar. Está certa Angela Davis em sua afirmação de que as prisões são construções onde o patriarcado branco coloca os corpos com os quais não quer lidar.
Pelo fim do massacre e do genocídio em toda a Palestina! Vida e liberdade para as mulheres e crianças palestinas! Palestina livre!