Imigração é um tema central em várias partes do mundo, inclusive alimentando o discurso de ódio da extrema-direita e outras tantas políticas xenófobas de governos como a instalação de campos de refugiados em países como a Grécia, jaulas como prisão nos Estados Unidos ou ataques de grupos fascistas a bairros com maioria de imigrantes.
Ninguém sai de seu país com risco de morrer (seja na selva ou nas estradas da morte na América Latina ou nos mares que separam a África da Europa), abandona entes queridos e viver sob total insegurança e maus-tratos. As pessoas são forçadas a essa situação. Essa é a realidade dos milhões de imigrantes pelo mundo.
Para nós, há uma relação direta entre pobreza e riqueza. O sistema capitalista se estendeu por todo o globo, no entanto, a forma de seu desenvolvimento foi desigual, uma parte industrializada e mais rica e outra mais pobre e produzindo matéria prima e alimentos para sustentar os países ricos. De um lado um poder econômico e de outro a pobreza generalizada.
O mundo capitalista é marcado por enormes desigualdades e concentração de renda, acesso restrito aos serviços públicos (e avanço da privatização), gastança de dinheiro em armas de destruição em massas (e enriquecimento da burguesia do setor de armamentos), crises econômicas e sociais, etc., jogando bilhões de pessoas na extrema pobreza, concentrada principalmente em países que chamamos de “periferia do sistema”.
Diante da impossibilidade de encontrarem condições mínimas de sobrevivência, as pessoas são forçadas a se deslocarem pelo mundo, mesmo que enfrentem condições adversas e perigosas.
Essa é, ao nosso modo de ver e resumidamente, a explicação do fluxo de pessoas em direção aos países mais ricos, nos quais as condições estão cada vez piores, mas há alguma chance de sobreviverem. É, sem exagero, a diferença entre a morte e uma vida difícil.
Resumindo a causa do fluxo migratório: quanto mais o mundo se torna desigual e cheio de crises, maior a movimentação de pessoas. E nesse período de crise estrutural do capital, é um problema que vai só aprofundar.
Fronteiras livres para o capital e produtos, prisão e morte para seres humanos
Todos os dias, com um simples toque de botão no teclado computador, trilhões de dólares são transferidos de um país para outro, empresa comprando e vendendo produtos de empresas estrangeiras, mostrando que capital e produtos têm total liberdade e atravessam tranquilamente as fronteiras pelo mundo.
Enquanto a riqueza é livre, os seres humanos sofrem todo tipo de restrição no ir e vir. Ou seja, o controle da imigração só existe para policiar pessoas da classe trabalhadora, é uma ferramenta de nossos inimigos.
As alegações são as mais diversas, desde a questão de segurança nacional até responsabilizando os imigrantes pela pobreza, desemprego e aumento da violência.
Outro absurdo nesse tema é a definição de pessoas legais e ilegais, como se os seres humanos pudessem ser definidos a partir da regularidade jurídica. Como uma pessoa pode ser tratada como ilegal?
Trump e Kamala, com formas diferentes, mas ambos contra os imigrantes
Sobre a imigração, há algumas diferenças entre Trump e Kamala, mas ambos defendem controlar a imigração com força.
Trump, é da linha dura, de repressão direta e durante a sua gestão instalou jaulas para prender imigrantes, inclusive separando as crianças de suas famílias em centro de detenções especiais. Sob seu governo foi imposto o chamado “Título 42”, pelo qual os agentes policiais da fronteira poderiam expulsar os imigrantes sem sequer analisar pedidos de asilo (de viver “legalmente”).
Kamala, que já chegou a dizer para os imigrantes que “não venham” para os Estados Unidos, defende uma abordagem de controle “mais branda”, de um lado, forçando os governos dos países de origem dessas pessoas, a controlarem a saída de sua população, e de outro lado, o aperto nas restrições legais para permanecerem no país.
No governo Biden, ela foi a responsável pela política de controle da fronteira com o México, função que lhe rendeu o apelido de “Czarina da fronteira” e manteve até 2023 o “Título 42”, expulsando mais de 2,8 milhões de imigrantes. Quando o “Título 42” foi revogado, não representou alívio para os imigrantes, pois ela foi acompanhada de implementação de restrições pesadas. Ou seja, o discurso de Kamala contra a brutalidade das medidas anti-imigração não é relaxar o controle sobre a imigração.
Trabalhadores do mundo, uni-vos
A célebre frase usada por Marx, resume bem os desafios da classe trabalhadora, da necessidade de uma compreender que o inimigo é o patrão e o Estado e não seus irmãos trabalhadores de outros países.
A burguesia dos países imperialistas – independente da forma de controle que defendem – usam esse tema para jogar trabalhadores imigrantes contra trabalhadores nacionais, forçando uma competição artificial por empregos que são cada vez mais precários e assim jogam: atribuindo aos imigrantes, a causa por sua raiva pela falta de moradia, de saúde e bem-estar, insegurança no emprego e pelo baixo salário.
Romper com essa lógica de pensamento significaria um grande salto em sua consciência, se unindo à luta dos trabalhadores imigrantes por direitos iguais. Quando um imigrante é perseguido, preso, deportado ou ainda está em um emprego sem direitos e com jornadas estafantes, toda a classe trabalhadora perde e consequentemente a burguesia vai só lucrando.