Na terceira semana de novembro, no Rio de Janeiro, ocorrerá a Cúpula de Líderes do G20 com a presença das lideranças dos 19 países membros, mais a União Africana e a União Europeia. Integram o G20 os seguintes países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
A Cúpula ocorrerá em meio a mais de 30 guerras no planeta. Tem o confronto interimperialista entre Ucrânia (aliada da OTAN, e dos Estados Unidos) e Rússia, o genocídio sionista sobre os palestinos na Faixa de Gaza, estendido ao Líbano e outros países da região, mas a maioria estão no norte da África, alguns no Golfo Pérsico, na península Arábica e na Ásia. Todos os confrontos são disputas por territórios e pelo controle de reservas de petróleo, gás natural e minérios fundamentais para a indústria.
Na crise estrutural do sistema capitalista, com seu caráter parasitário e decadente, as guerras têm sido uma válvula de escape para o sistema. Nesse contexto, o que tem se desenvolvido mesmo são as forças destrutivas da humanidade, trazendo uma barbárie crescente.
Sistema financeiro e a produção de armas
O relatório da “Global Alliance for Baking on Values”, deste ano, apontava que US$ 1trilhão foi usado em dois anos por instituições financeiras globais apoiando a produção e o comércio de armas. As 12 instituições financeiras que mais investiram foram estadunidenses, mais de R$ 500bi. Já os 15 maiores bancos europeus investiram 87,72 bilhões de euros nessas indústrias de armas. Uma tendência semelhante se observa nos bancos asiáticos.
Enquanto os banqueiros faturam horrores com as guerras, o número de vítimas dos conflitos cresceu 72% em 2023. No mesmo ano, 733 milhões de seres humanos passaram fome, segundo o SOFI (Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo).
Enfim, chega a ser uma escarrada na cara de qualquer miserável ou necessitado do planeta saber que países como EUA, Alemanha, França, Itália, Canadá, Japão, China, Rússia etc. – comandados por banqueiros e que destinam trilhões para guerras, negligenciando, assim, a situação de penúria de centenas de milhões de pessoas – vão discutir o combate à fome e à pobreza no mundo. Buscam, somente, posar de bons moços. Que o digam os habitantes de Guadalupe e Martinica, possessões francesas no Caribe, e, com altos índices de pobreza, que têm protagonizado protestos violentos de ruas, nas últimas semanas.
Países do G-20 são os responsáveis pela crise climática no planeta, que poderá matar milhões de pessoas
Enquanto o G-20 busca esconder o seu caráter predatório, sob a presidência de países dos BRICS (Brasil, em 2020; agora, Índia, e, em 2025, África do Sul), a sua Cúpula também pauta o debate sobre a crise climática, pressionada pelas recentes tragédias climáticas e profundas mudanças ambientais que têm acontecido, nesse ano. Como as enchentes na Espanha e na Flórida com o furacão Mílton; as inundações em outubro no deserto do Saara; a ampliação da vegetação na Antártida; o aumento da devastação na Amazônia; ou as chuvas torrenciais no sul do Brasil, no primeiro semestre.
Com o aquecimento global, provocado pelo aumento de dióxido de carbono na atmosfera, além do derretimento dos polos Norte e Sul de 7,56 trilhões de toneladas de gelo, entre 1992 e 2020, podem elevar o nível do mar em até dois metros de altura no final do século XXI. Esta subida dos oceanos comprometerá a segurança de 745 milhões de pessoas em todo o mundo, com previsão de migrações de milhares de refugiados climáticos, crises de fome, rebeliões e desestabilização econômica.
Como vemos o motor das transformações climáticas tem sido também o motor das guerras, patrocinadas pelos principais países que comandam o G-20: a disputa por petróleo, gás natural e outros minérios, responsáveis pelo aumento de carbono na atmosfera. Em resumo: essa discussão das tragédias ambientais, partindo de quem parte, não é séria.
Neste contexto, a realização de um G-20 Social (uma continuidade do antigo Fórum Social Mundial), paralelo à Cúpula do G-20, não alterará coisa alguma neste último. Estamos diante de um jogo de cartas marcadas. Enfim, o G-20 Social só legitimará a farsa da Cúpula de Líderes do G-20.
Neste contexto, a realização de um G-20 Social (uma continuidade do antigo Fórum Social Mundial), paralelo à Cúpula do G-20, não alterará coisa alguma neste último. Estamos diante de um jogo de cartas marcadas. Enfim, o G-20 Social só legitimará a farsa da Cúpula de Líderes do G-20.