No mês de março de 2024, trabalhadores e trabalhadoras técnicos administrativos em educação (TAEs) das universidades federais iniciaram uma greve nacional que atinge quase a totalidade das universidades. A pauta de reivindicações inclui a reestruturação do plano de carreiras, reajuste salarial devido às perdas inflacionárias e a recomposição do orçamento das universidades.
O orçamento de custeio da UFABC será muito aquém do valor que a associação de reitores das universidades federais (ANDIFES) considera como básico para a manutenção das atividades mínimas.
Além disso, a categoria dos técnicos administrativos está sem reajuste desde 2017, tendo aceitado os 9% oferecidos em 2023, mas que são insuficientes para a recompor a corrosão salarial do período. Isso resulta em uma alta rotatividade de trabalhadores, prejudicando a universidade e o serviço público.
Governo Lula prioriza novo teto de gastos e pagamento da dívida pública
Uma das reivindicações do movimento era a revogação do “teto dos gastos” que resultava no congelamento do orçamento público e também do salário dos trabalhadores.
Mas, o governo Lula e Haddad, para alegrar o mercado (o “deus” mercado), manteve a mesma lógica do teto de gastos, mas com o nome de Arcabouço Fiscal, o que na prática limita a recomposição salarial, e o investimento em educação.
O novo teto de gastos (arcabouço fiscal) serve para limitar os investimentos no serviço público, mas não limita os gastos com o pagamento da dívida pública, pois sua função é beneficiar os credores da dívida, como instituições financeiras e fundos de investimento.
Importante destacar que esta greve enfrenta a extrema-direita que domina o congresso e por isso é ainda mais importante a greve ser forte e coesa porque a disputa pelo orçamento se dá também com esses sanguessugas do dinheiro público.
Em defesa da universidade pública
Da proposta de Haddad, que já era muito ruim, o Congresso Nacional rebaixou ainda mais o orçamento de custeio das universidades (pagamento de contas de luz, água, segurança, limpeza, assistência estudantil e investimentos) de R$ 6,2 bi para R$ 5,8 bi.
Esses problemas do orçamento – diga-se de passagem, se arrastam desde o governo Bolsonaro- têm causado vários problemas no funcionamento das instituições, como na UFRJ onde que o prédio do IFCS tem problemas estruturais sérios, como o risco de incêndio por falta de manutenção.
Então a nossa greve dos técnicos das universidades públicasé é pela valorização da nossa carreira, mas também em defesa da Universidade pública de qualidade para atender os filhos da classe trabalhadora e produzir ciência em benefício da população brasileira.
Unir a comunidade acadêmica e o funcionalismo público
Já sabemos que o governo e a extrema-direita vão procurar desgastar esta greve, jogando a população e os estudantes contra essa luta. Nesse sentido o diálogo com os estudantes e os demais setores da universidade, como os trabalhadores terceirizados, é fundamental. Pois a vitória dessa luta vai beneficiar também a universidade.
Outra questão importante é a unificação das lutas das outras categorias envolvidas, como os estudantes e docentes das universidades e também o conjunto do serviço público. Afinal, todos sofrem com os mesmos problemas e os mesmos problemas e os mesmos inimigos envolvidos, como os especuladores e agiotas que se beneficiam do corte do investimento e custeio da universidade e da continuidade do pagamento da dívida.