Frente ao avanço do capitalismo, as opressões se agravam e demarcam o retrocesso das conquistas da classe trabalhadora garantidas a partir de grandes lutas de âmbito mundial.
Em relação às conquistas das mulheres trabalhadoras, com o avanço da extrema direita e a consolidação do neoliberalismo, a perpetuação da sua exploração é pensada como natural.
Frente a isso, não podemos mais acreditar que os direitos conquistados dentro da democracia burguesa nos bastem, busquemos então a radicalização da nossa luta e organização na nossa revolta diante dos ataques desse sistema. Ao declínio dos nossos direitos, que possamos enxergar a luz na revolução para que sejam superadas as opressões de gênero na classe trabalhadora.
Nessa perspectiva, a disputa eleitoral é insuficiente para barrar as investidas do capital, isso é demonstrado pelo poder que a extrema-direita possui ao tentar equiparar aborto legal em caso de estupro e risco à gestante como homicídio, criminalizando vítimas de abuso sexual, com o PL 1904/2024 regido por um parlamentar do PL.
Os guardiões do capitalismo, defensores do discurso de Deus, Pátria e Família, representam, portanto, o desenvolvimento do capital diante da tentativa de desmantelamento do combate às opressões de gênero da classe trabalhadora. Todavia, banhados em hipocrisia, se calam diante dos casos de violência sexual a menores de idade como o da Anna Cecillya, vítima de estupro e assassinato em Alagoas, com apenas 9 anos de idade.
A frequência dessas brutalidades evidencia a necessidade de discutir o assunto de maneira séria, sem cunho religioso e moral, mas como questão de saúde pública. Infelizmente, após o pedido de urgência da PL 1094/2024, mesmo com muitas manifestações contrárias, o projeto aguarda despacho do presidente da Câmara dos Deputados.
A mulher trabalhadora sofre com a tripla jornada, submetida à obrigação de cuidar de filhos, da casa, de idosos da família e ganhar seu sustento. As condições de trabalho das mulheres são sempre piores, sendo a elas legadas as ocupações menos remuneradas, em geral. Se tratando de mulheres negras a situação é mais grave, sendo elas em sua maioria chefes solos de sua casa e, mesmo com programas sociais como o Bolsa Família e, agora, o Pé de Meia, são estas as mulheres mais afetadas pelo sistema capitalista, produtor e agravador de todas as desigualdades.
Esses programas de transferência de renda não são suficientes para tirar a mulher trabalhadora da opressão de classe. A criação do Bolsa-escola, em 2001, deu relevância a questões de gênero na classe trabalhadora precarizada. O depósito do valor por cada criança matriculada na escola era feito na cota da mãe. A mãe, como grande sustentáculo do lar, mesmo casada, não desperdiçaria o dinheiro.
Os homens, por outro lado, com alguma frequência gastam valores importantes para o orçamento da família com bebidas, cigarros. Tal foi a justificativa na época.
Longe de querermos ressaltar premissas moralistas de uma sociedade hipócrita contra a qual nos defrontamos, a condição da mulher em um lar de trabalhadores é de total ocupação aos filhos e companheiros, daí a confiança em que ela utilize melhor os depósitos para os filhos.
Quando a mulher não age exclusivamente em prol do bem-estar de sua família é julgada e condenada pelos tribunais dos costumes. A mulher proletária, evidentemente. Já a pequeno-burguesa se vale da possibilidade de explorar outras mulheres para se libertar do jugo que no qual o patriarcado, a colocou por sua condição de gênero.
A Luta das mulheres contra todas as opressões
A luta contra as opressões de gênero é primordial para alavancar um processo revolucionário profundo. Há 108 anos, na maior vitória da classe trabalhadora até hoje, a Revolução Russa, as relações de gênero foram substancialmente modificadas com a descriminalização da homossesualidade, o divórcio e a construção de creches e restaurantes públicos.
Atualmente, com a extrema-direita disseminando sua ideologia reacionária e religiosa, em grande parte do mundo mulheres são submetidas a casamentos dos quais não podem sair sob risco de serem asassinadas (governo Talibã, por exemplo), o controle de seus corpos é enorme com a criminalização do aborto e com a comunidade LGBTQIAPN+, como mulheres transexuais, grupo no qual mais morre no Brasil pelo 13° ano consecutivo. Não nos enganemos: o Capitalismo não pode resolver as opressões de gênero porque ele vive delas.
Especificamente aqui no Brasil, uma sociedade que tem retrocedido bastante nestes debates com a ascensão de grupos neopentecostais na política (envolvendo a classe trabalhadora em uma ideologia que lhe é prejudicial), a luta contra o marco temporal das Terras Indígenas é fundamental também. Constituindo um grupo oprimido no país e nas Américas como um todo, os indígenas são aliados daqueles que precisam derrotar as opressões de gênero.
Hoje, as mulheres indígenas são estupradas por garimpeiros e capatazes do agronegócio; as mães indígenas, assim como as negras, choram seus filhos mortos pelo Estado burguês, sem terem saída para essa violência, se blindam coletivamente, para assim conseguirem buscar justiça.