A tentativa violenta de golpe de extrema-direita feita pelos bolsonaristas, fracassou. Ela foi realizada com a conivência das forças de repressão do DF e com a passividade dos Ministros da Justiça e de Defesa do governo Lula. Em que pese a prisão de mais de trezentos golpistas, essa discussão de porquê foi assim tem que ser feita no movimento social, pois, no futuro, os lutadores serão os principais alvos da sanha fascista.
Na verdade, existe confiança de amplos setores do movimento de que as instituições burguesas, sob o governo Lula e pelo fato do ser um governo de Frente Ampla, com setores burgueses e de ter declarado (mais uma vez) obediência ao sistema financeiro e ao “deus” mercado. Com oito dias de governo, esse “céu de brigadeiro” não se comprovou. Muito pelo contrário.
Infelizmente, a nefasta adaptação à institucionalidade burguesa que contaminou a “esquerda governamental”, hoje também atinge a própria esquerda não governamental. Quase todos deram pouca importância, de fato, aos acampamentos bolsonaristas. A tentativa de Golpe de 08 de janeiro não vingou, porque não teve o apoio do imperialismo norte-americano e da grande burguesia brasileira. Mas, e se tivesse? Pegaria essa esquerda não governamental com as “calças nas mãos”, totalmente despreparada para enfrentar um Golpe, face à completa adaptação à “democracia” dos bancos e das grandes corporações. Como em 1964.
Contra os fascistas bolsonaristas, defendemos as liberdades democráticas e não a democracia institucional burguesa!!!!
O bolsonarismo, expressão fascista no Brasil, é um fenômeno social que não pode ser resumido aos setores burgueses que o apoiam (mineradoras, madeireiras, varejistas, indústria armamentista, etc.) e aos extratos superiores da classe média (altas esferas do funcionalismo, pequenos proprietários, etc.).
Com a desconstrução dos espaços coletivos de luta da classe trabalhadora, os setores mais pauperizados do proletariado se aproximaram dos setores mais reacionários das Igrejas pentecostais e neopentecostais e com o alinhamento da maioria dos “pastores” dessas Igrejas ao bolsonarismo, a base social do fascismo também se estendeu a setores mais pobres da sociedade, ou seja, é uma expressão política da barbárie capitalista que atingiu dezenas de milhões de trabalhadores.
Essa discussão é negligenciada pela quase totalidade das organizações de esquerda no Brasil. Na prática, acreditam na democracia institucional burguesa e que ela poderá reverter minimamente a barbárie social neste país e, dessa forma, esvaziar a base social fascista. Vã ilusão!
O fascismo está aí e não será a democracia liberal capitalista que irá destruí-la, porque, mais à frente, se for necessário, os grandes bancos e as corporações poderão precisar dos serviços sujos dos fascistas para derrotar a classe trabalhadora e os segmentos pobres e oprimidos da sociedade. Como foi em 1964.
Punição e prisão de todos os envolvidos!
Defendemos a punição e prisão de todos os golpistas, sem anistia, bem como aos burgueses, políticos e membros das forças policiais que financiaram e apoiaram essa ação golpista.
Prisão já para Bolsonaro e seu clã, para o governador do DF, Ibaneis Rocha e para o seu ex-secretário de segurança, Anderson Torres, por sinal, ex-ministro de Bolsonaro!
Combater o fascismo bolsonarista e defender as liberdades democráticas por fora da “democracia institucional”
Mas, isso ainda é pouco. É preciso iniciar a discussão de que as instituições democráticas liberais não merecem confiança, já provado historicamente. Portanto, nenhuma confiança nos governos burgueses, nas polícias, nas forças armadas, no parlamento, nos meios de comunicação e nos tribunais! Os trabalhadores só podem confiar em si mesmos.
A esquerda anticapitalista precisa tomar iniciativas e convocar os trabalhadores e a população pobre para se auto-organizarem, assim como para construir as defesas política e física dos seus militantes, através de organizações populares. Neste sentido, é necessário atuar em frente única com todas as organizações do movimento popular, trabalhando todas as formas de luta e organização, que vão da segurança da militância até, em perspectiva estratégica, a preparação de uma Greve Geral!