Como informamos no final de 2022, a crise estrutural do capital atinge todos os países do mundo, e como vimos, diversas mobilizações da classe trabalhadora iniciaram na Europa, um dos pilares desse sistema.
Agora no início do ano, na França e na Inglaterra essas lutas retomaram com força para enfrentar os ataques que os capitalistas querem impor aos trabalhadores.
A luta contra a Reforma de Previdência de Macron
O presidente francês quer aumentar o tempo de contribuição para a aposentadoria de 62 para 64 anos em 2030, além de aumentar o tempo de contribuição de 42 para 43 anos em 2027, para acesso ao benefício integral. O discurso é claro, sempre de que se não fizer mais esse ataque aos trabalhadores, a “economia quebra”.
Em resposta, diversos setores de trabalhadores realizaram alguns dias de manifestações e Greve Geral pelo país. Iniciaram no dia 19/01/2023 com mais de 642.500 pessoas em diversas cidades francesas; no dia 31/01/2023, em uma nova onda de mobilizações, esse número saltou para 1.300.000 grevistas (segundo a polícia), ampliando o número de cidades paralisadas e em setores em luta.
Em setores estratégicos como as refinarias, a greve atingiu um valor de 80%, no setor de eletricidade tivemos uma taxa de grevistas de 40%, entre ferroviários e metroviários atingiu 36%, na Educação, a taxa de paralisação alcançou 65% dos professores do Ensino Médio. Oito dos maiores sindicatos franceses e cinco organizações estudantis seguem nessa pressão e já se organizam para mais manifestações em março.
O próprio parlamento francês recebeu essa pressão das ruas e o texto desta reforma foi posta em votação se deveria ser retirada da pauta, mas manteve-se com 292 votos contra 243.
Nas ruas, a população ainda enfrenta a burocracia sindical, visto que a Intersindical, central que aglutina diversos sindicatos, já se manifestou contrário a realização de uma greve indefinida, diferente de alguns sindicatos que já apontam esse caminho, como a CGT Ferroviários, o Sud Rail na SNCF (empresa pública ferroviária) e a RATP Intersindical (empresa de transporte parisiense) que já apontaram a greve indefinida, enquanto o governo não mostra qualquer sinal de mudança de seu projeto de Reforma da Previdência.
Continuemos acompanhando e em solidariedade à luta da classe trabalhadora francesa!
Escalada de lutas no Reino Unido contra os baixos salários!
Junto do falecimento da rainha britânica, morreu a estagnação dos trabalhadores daquela região, desde o ano passado, iniciaram processos de luta que ganharam força este ano.
Esse ano, os trabalhadores do Reino Unido realizaram a maior Greve Geral da década no dia 01/02/2023, com participação de professores, funcionários públicos e dos serviços de transporte público.
Entre as principais reivindicações dos trabalhadores são:
-Aumento salarial acima dos 5% apresentado pelo Governo aos professores;
-Equiparação dos salários com a alta da inflação no Reino Unido;
-Correção dos valores salariais – segundo os sindicatos, a remuneração média dos funcionários públicos piorou em 203 libras (mais de R$1.500,00), na comparação com 2010 e com o custo de vida atual. A inflação detona os salários.
A negociação permanece, mas diversos outros setores já se mostraram dispostos a engrossar essa luta como a categoria de Enfermagem que deu um indicativo de greve; os trabalhadores dos serviços de ambulâncias também realizaram algumas paradas em fevereiro; os ferroviários que já anunciaram diversas paradas nos próximos dias; os carteiros também estão em mobilização para defender a parada da categoria; trabalhadores de mais de 150 universidades e professores do Ensino Médio na Inglaterra, País de Gales e Escócia também pararam e anunciaram novas paradas e os metroviários também já anunciaram que irão parar em março.
Obviamente, não está fácil unir tantas categorias, muitas mobilizações ocorrem dispersas e sem unidade, bem como a burocracia sindical também dificulta e alguns líderes sindicais já apresentam discurso de não realizar outra Greve Geral que poderia dificultar as negociações, o que levou a diversos conflitos de bases contra esses burocratas.
Não bastasse, o Governo se mostra resistente às demandas dos trabalhadores, enquanto anuncia um gasto de 100 milhões de libras para a coroação do Rei Charles III, marcada para 6 de maio, um disparate contra a necessidade dos trabalhadores em receberem salários mais adequados, enquanto o Governo gasta dinheiro com essa ultrapassada família real, sanguessuga do dinheiro do povo.
Ainda assim, aponta-se para que em 15 de março tenhamos uma nova Greve Geral com boa participação da classe trabalhadora e vários setores se organizando para participar e pressionando seus sindicatos! Viva a luta da classe trabalhadora do Reino Unido!