A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) tem passado por momentos difíceis. A precarização dos serviços públicos acontece devido ao projeto liberal que força a deterioração destes para justificar a privatização. Atualmente tem se evidenciado, como resultado do descaso com a universidade pública, o resultado desse projeto que vem sendo implementado há anos.
Exemplos claros deste processo de precarização, e sobretudo das diversas tentativas de desmonte da universidade pública, mais especificamente da UFRJ, são os riscos que os estudantes têm passado nos seus respectivos locais de estudo. No Campus da Praia Vermelha, alunos de psicologia têm assistido suas aulas em container; no Fundão, no CCS (Centro de Ciências da Saúde) houve o desabamento de parte do teto do prédio; na EEFD (Escola de Educação Física e Dança) o edifício foi desativado por estar na iminência de cair; no IFCS-IH (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – Instituto de História) houve caso de ventilador de teto caindo durante uma aula. Poderia ter atingido algum estudante, além do evidente risco de pegar fogo, pois a parte elétrica do prédio está comprometida. Esses casos demonstram que o projeto de precarização da UFRJ tem sido efetivo e, infelizmente, ameaça os jovens da classe trabalhadora no Ensino Público Superior.
Por conta disso, alunos dos cursos de Ciências Sociais e Filosofia, situado no Largo de São Francisco, centro da cidade do Rio de Janeiro, decidiram iniciar mobilizações reivindicando condições dignas de estudo a partir do dia 10 de outubro com a convocação de uma assembleia estudantil para que fossem formuladas maneiras organizadas de solução a essas questões que denunciam a falta de manutenção e preservação do campus. Assim, se iniciou um plano de ação e atividades visando massificar o movimento e pressionar as instâncias responsáveis pelo prédio. Recomposição orçamentária, descaso das diretorias e da reitoria, formas de mobilização, salários atrasados dos funcionários terceirizados foram alguns dos pontos ressaltados pelos manifestantes. Durante o período de mobilização foram feitas atividades na tentativa de ter maior adesão dos estudantes, o que continua sendo um desafio para aqueles que estão na luta.
Após quatro assembleias, que resultaram em atos no campus que comporta o IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) e o IH (Instituto de História), manifestações no conselho universitário resultaram da ida do reitor ao prédio e pagamento dos terceirizados da empresa Construir.
Foi decidida no dia 8 de novembro a ocupação do gabinete da direção do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais no início da semana seguinte, dia 13. Este foi o começo de uma mobilização que pretende se radicalizar em prol dos seus objetivos, combatendo assim o discurso burocrata para uma situação urgente. Está em jogo uma disputa de narrativas com a direção do instituto que apresenta um discurso prolixo e desnorteante aos discentes e que, além de propagar mentiras, tenta culpabilizar a ocupação caso o prédio pegue fogo.
Os estudantes de ciências sociais e filosofia fizeram um movimento uno e compuseram um grupo que confronta diretamente as instâncias que gerenciam a UFRJ e agem de forma negligente com as necessidades da universidade. Para além do afronte à reitoria e à diretoria, os estudantes buscam radicalizar o movimento estudantil que depois da pandemia passa por um momento crítico, onde a luta radical não tem adesão massiva do corpo estudantil. A disputa política passa a ser não somente atribuída a reivindicações, mas possui o papel fundamental que visa inaugurar um tempo de mobilizações dentro da universidade que hoje se encontra em um estado ‘amansado’. Assim, é necessário o surgimento de um movimento estudantil radicalizado, que discuta de forma efetiva os problemas que afetam a base da universidade: os estudantes, os terceirizados e os servidores.
Esta unidade, no entanto, tem sido dificultada pois os estudantes de História não aderiram a ocupação no IFCS- IH. A falta de consciência de classe, fruto de décadas de neoliberalismo no mundo, se mostra gritante, no movimento estudantil hoje.
UFF
A Universidade Federal Fluminenses, que tem os principais campus em Niterói, também está começando a ter um embrião de luta estudantil. Em paralelo a uma discussão acadêmica sobre os direitos da classe trabalhadora a folgas nos dias de calor extremo causados pela desordenada exploração do Capitalismo das forças da Natureza, estudantes do curso de Economia paralisaram nos dias 23 e 24 de novembro, aceitando assistir aula online dos professores que aceitaram aderir a essa modalidade de trabalho nestes dois dias. O Campus do Gragoatá, à beira da Baía de Guanabara, sofre com a falta de manutenção dos aparelhos de ar-condicionado, assim como a UFRJ.