Depois de muita pressão, a burocracia sindical da CGT argentina finalmente convocou uma greve geral para o dia 24 de janeiro. Esse será um grande teste para as pretensões de Milei e também para o movimento social para derrotar os ataques contra vários direitos trabalhistas e sociais da classe trabalhadora argentina.
A greve geral também está sendo organizadas pelas duas outras centrais sindicais, a Central de Trabalhadores Argentinos (CTA) e a Central de Trabalhadores Argentinos Autônoma.
Como parte da preparação da greve, no último dia 17 de janeiro os movimentos sociais realizaram um “Dia nacional de luta rumo à greve nacional do dia 24 ” com várias ações, incluindo diversas assembleias, reuniões de base, panelaços,
A Greve Geral tem como foco o combate às medidas de Milei:
As 10 “medidas de emergência” do Ministro da Economia Luis Caputo que incluiu uma desvalorização brutal do peso; o DNU (Decreto de necessidade e urgência) dando poderes especiais ao poder executivo para governar sem o parlamento e a modificação ou revogação de 366 leis, entre as quais uma reforma trabalhista retirando ainda mais direitos trabalhistas e, em fins de dezembro, apresentou a terceira medida, chamada “lei ómnibus” (chamado assim porque é um projeto de lei modificando ou revogando várias leis).
Uma grave crise social
A situação econômica na Argentina é das piores, resultado da aplicação a fundo de medidas neoliberais desde a década de 1990 e da política de endividamento promovida pelos diversos governos, de direita e da chamada esquerda eleitoral peronista. E a saída proposta por Milei – um governo reacionário- faz piorar as coisas no país.
O aumento da inflação (211% ao ano), a retirada de benefícios sociais aos setores mais pobres, a entrega de empresas estatais para o capital privado, a manutenção do pagamento da dívida externa, a “liberação geral” para os especuladores imobiliários aumentarem o aluguel da forma que quiserem e mais facilidades para o despejo, aumento das tarifas públicas, o fim de direitos trabalhistas, entre outras muitas medidas, tem aprofundado a crise social na Argentina.
É contra essa situação e os planos de Milei que a classe trabalhadora está organizando a resistência. Importante destacar que a crise social argentina é grave, mas não é a única, pois onde tem capitalismo, ou seja, no mundo todo, bilhões de pessoas vivem ou na miséria ou tem só o mínimo e, enquanto isso, os ricos vão acumulando mais riqueza.
As ameaças repressivas
Já tratamos aqui do protocolo de Patricia Bullrich (protocolo para a manutenção da ordem pública diante de bloqueios de estradas, conhecido como protocolo “antipiquetes) que tenta impor um severo controle e repressão sobre o movimento social.
Ainda que não tenha conseguido aplicar com força o protocolo, já nas manifestações de 20 de dezembro houve a mobilização de um forte aparato policial. E agora, diante da greve geral do dia 24, não perdeu tempo e já ameaçou o movimento com a aplicação do protocolo (proibição de bloqueio de ruas, processos penais, etc.).
A ameaça de Patricia Bullrich veio com a frase “temos que lutar pela vida ou pela morte”, sem explicitar suas intenções contra a marcha em Buenos Aires que espera ser massiva.
O governo Milei sabe que essa greve pode ser um divisor de águas em relação ao seu projeto e por isso todos os esforços para derrotá-la. Em entrevistas a Ministra reforçou as ameaças afirmando que “a Argentina precisa de ordem econômica e social nas ruas para ser um país ordeiro” e que, por essa razão, os sindicatos “encontrarão um governo que não cederá tão facilmente”.
Além dessas medidas repressivas, o governo Milei montou uma central para as pessoas denunciarem pretensas pressões para aderirem a greve geral. Um método muito utilizado pela ditadura argentina, de semear desconfianças entre a classe trabalhadora. Também quer passar a ideia de que a adesão à greve é por conta de pressões e não pela dramática situação econômica e social no país.
A solidariedade é importante
A burguesia, inclusive a brasileira, está de olho do que acontece na Argentina e se Milei conseguir impor o seu plano vão querer fazer o mesmo por aqui, ou seja, piorar o que já está muito ruim.
Lembremos que Bolsonaro e a extrema-direita brasileira tem relações estreitas com Milei e também vão querer fazer a mesma coisa por aqui. Por isso, é fundamental o apoio a essa greve geral. São várias formas de apoiá-la, desde demonstrar como as medidas econômicas do governo Milei são perversas (e a greve é muito justa) até a participação nos atos de apoio que estão sendo convocados em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.