Ainda que a mídia brasileira e mundial tenha rebaixado o genocídio em Gaza a uma notícia entre outras, as condições pelas quais passam 2.3 milhões de palestinos e palestinas na Faixa sitiada, isolada e bombardeada estão alcançando níveis cada dia mais horrorosos. As pessoas mortas e desaparecidas chegam a quase 50 mil, 70% delas mulheres e crianças.
Em Gaza, 90% da infraestrutura está devastada, não tem mais nenhum hospital funcionando adequadamente. Mais de 30 crianças já morreram de fome e muitas outras de doenças causadas pela má nutrição, falta de água e de tratamentos médicos. E Israel continua a bombardear hospitais, campos de refugiados, instalações culturais, igrejas, mesquitas. O nível de crueldade das forças de ocupação israelense chega ao ponto de bombardear a população palestina nas filas para receber as raras ajudas humanitárias que chegam à Gaza.
A população de Gaza foi submetida a um cerco absoluto, tendo sido cortado o acesso à água, alimentos, remédios e quaisquer outros itens indispensáveis à sobrevivência. Estados Unidos e Europa estão apoiando o genocídio. Esperar que eles tomem iniciativa enfrentando o governo israelense equivale a condenar o povo palestino à morte.
Porém, em várias partes do mundo, houve um grande movimento de solidariedade à Palestina. Mobilizações massivas e contínuas, protestos, bloqueios e acampamentos estudantis a nível global. Inclusive, numerosos sindicatos de estivadores em todo o mundo, como, por exemplo, Estados Unidos, Espanha, Índia, França, Itália e Grécia se recusaram a carregar armas para Israel. Deixando claro que a classe trabalhadora, com as suas ferramentas, através de boicotes e da paralisação da produção, pode efetivamente fazer frente a este poder assassino.
Alguns países já impuseram sanções contra Israel, como, por exemplo, Malásia, Turquia e Colômbia.
Já no início do genocídio, o Brasil como presidência do Conselho de Segurança da ONU mobilizou toda a sua diplomacia para tentar o impossível (um acordo mundial pelo cessar-fogo). Lula foi um dos primeiros Chefes de Estado a reconhecer que Israel estava (e está) cometendo um genocídio. E, apesar das pressões, não renegou.
A iniciativa sul-africana de acusar Israel de genocídio, frente à Corte Internacional de Justiça, teve também um importante papel. A decisão da Corte de que Israel, de fato, está cometendo um genocídio em Gaza tem pressionado muitos países a reduzir ou cortar a sua cumplicidade com o genocídio em curso.
A Corte Internacional de Justiça, o Tribunal Penal Internacional, a Assembleia Geral da ONU, o Conselho de Segurança, todos os órgãos mais influentes do mundo têm exigido um cessar-fogo. Sem resultado. O esforço, principalmente dos EUA e alguns países europeus, de desautorizar todo o sistema das Nações Unidas e dos direitos humanos para proteger Israel está arriscando desacreditar de forma irreversível também a ONU e o direito internacional sob os escombros de Gaza.
Para contribuir para a paz e o fim dos crimes de genocídio e apartheid israelenses, o mundo tem que enfrentar o problema na sua raiz: depois da limpeza étnica incompleta que em 1948 fundou o estado de Israel, o projeto colonial israelense tem usado o apartheid como medida temporária para oprimir a população palestina.
Temos de exigir uma estratégia comunista que aponte o dedo aos nossos opressores. Uma estratégia que lute pela destruição do Estado de Israel, porque é um Estado racial e de classe, baseado no supremacismo religioso, e pela expropriação da burguesia sionista e das burguesias árabes. Só assim será possível garantir o direito efetivo do povo palestino à autodeterminação, pondo fim aos flagelos impostos pelo capitalismo à classe trabalhadora palestina.
Nos últimos meses, o Ministério de Defesa tem estreitado ainda mais as relações militares do Brasil com Israel. A Petrobras tem continuado a fornecer combustíveis que abastecem a máquina do genocídio israelense. O Tratado de Livre Comércio entre Israel e Brasil continua em vigor, apesar de a cláusula que decreta a exclusão dos produtos provenientes dos assentamentos ilegais israelenses do acordo e que foi a pré-condição para a ratificação do acordo, até hoje nunca ter sido aplicada.
Por que o Itamaraty tangencia seu papel e sua responsabilidade alegando que “escapa da sua área de atuação” e deixa que o Brasil esteja, nesses casos, ao lado do Estado genocida de Israel?
É preciso exigir que o Brasil rompa toda e qualquer relação com Israel!.