Esse sábado, dia 04 de abril, foi diferente nos Estados Unidos. Os organizadores falaram que um milhão de pessoas participaram de protestos contra o governo Donald Trump.
Foi o “Hands off” (algo como tire as mãos) com a participação dos vários movimentos sociais e reivindicações como “Tire as mãos fora dos direitos LGBTQ+”, “Tirem as mãos da democracia” ou “Tirem as mãos da Palestina”. Também criticando os vários aspectos da política de Trump, como as deportações em massa, o fim do financiamento da saúde pública, contra as demissões de trabalhadores federais e o fechamento dos escritórios da Previdência Social, entre outras reivindicações. O nazista Elon Musk era outro alvo dos manifestantes com vários cartazes fazendo referência à insanidade do conselheiro da Casa Branca.
As manifestações ocorreram em mais de 1.300 locais e nos 50 estados. 100.000 pessoas em Washington e outras 100 mil em Nova York. Podemos destacar também a presença de sindicatos, ativistas palestinos e vária organizações da sociedade civil e centenas de milhares que nem participam de organizações.
Como Trump e a extrema-direita vão seguir com seus planos, é provável que a instabilidade política permaneça e com ela a elevação da temperatura da revolta popular.
A batalha – não só nos Estados Unidos, mas no mundo- é o movimento não confiar em “velhos inimigos” que só querem ficar no lugar de Trump para “fazer as mesmas coisas de um jeito diferente”.
O Partido democrata é parte do mesmo sistema
De fato, a primeira coisa q devemos fazer é saudar essa gigantesca mobilização, algo que não é comum no principal país imperialista e que pode servir de inspiração para a classe trabalhadora do mundo. A burguesia sabe das consequências dessas mobilizações. Por isso, o chefe do banco JP Morgan (e também chefe dos políticos) disse que é preciso “resolver rápido” as incertezas do tarifaço.
Nós marxistas, procuramos ver esses processos como uma totalidade, suas potencialidades e seus limites. Entendida a importância do movimento, devemos tratar exatamente dos limites porque ele é importante.
A principal força política nesses protestos são os democratas (um partido centenário que forma o sistema bipartidário nos Estados Unidos junto com o Partido Republicano) e se pauta pela defesa da democracia estadunidense, essa mesma democracia que invade outros países e organiza golpes de Estado, financia o massacre dos palestinos pelos israelenses e tem o maior e mais destrutivo arsenal de armas do mundo.
Democrata apoiam a mobilização popular para não “ficarem para trás”, mas não querem o movimento avançando. Por isso dizem que lutam pela democracia. Sobre as mazelas sociais e a desigualdade social não falam nada.
Há outros grupos convocando, como o “MoveOn” e o “Indivisible”, mas a sua principal atuação é pressionar os democratas a serem mais “progressistas”. Uma das lideranças do “Indivisible”, Leah Greenberg, disse: “queremos que os lideres políticos protejam as normas da democracia”, desconsiderando a impossibilidade de exisitr democracia havendo pobreza e desigualdade salarial.
Devemos lembrar que os democratas são parte do mesmo sistema e aplicam políticas responsáveis pela crise social que arruína milhões de vidas e também perseguiam os migrantes.
Por isso devemos apoiar com tudo essas mobilizações, mas sem ilusão nessas direções.
Causas sociais
As medidas protecionistas de Trump causaram bastante instabilidade e aumento da disputa entre os vários países, colocando na ordem do dia o que chamam de “Guerra comercial”. As possibilidades são: recessão, desemprego e aumento da inflação nos Estados (e outros países), redesenho do comércio internacional, entre outras consequências.
É uma tentativa de Trump de responder aos diversos problemas que a economia estadunidense enfrenta, uma crise social muito profunda. A qualidade dos empregos, a pobreza, a população em situação de rua, a ausência de serviços públicos etc. são alguma das questões enfrentadas pela classe trabalhadora dos Estados Unidos.
Há também a crise social. Todos esses anos de neoliberalismo transformaram o país em uma sociedade traumatizada e violenta. Se autoproclamam “mundo livre”, mas são o líder mundial em taxas de suicídio, maior população carcerária do mundo (2 milhões de pessoas), salários que foram perdendo poder de compra, acabaram com os empregos decentes e a desigualdade aumentou (20% da riqueza em circulação vão para o 1% mais rico – e os 0,1% mais ricos têm aproximadamente a mesma parcela de riqueza que os 90% mais pobres).
A taxa de suicídio foi de 14,7 por 100.000 pessoas (2023), a taxa de mortalidade por abuso de drogas é a mais alta do mundo, com 18,75 por 100.000 pessoas (no mundo, a média é de 2,08) e há uma epidemia de dependência de opiáceos.
Apoiar a mobilização independente da classe trabalhadora estadunidense
Depois de décadas, há um ressurgimento do movimento social nos Estados Unidos com o movimento negro se reorganizando, das mulheres pelo direito ao aborto, greves nas empresas de fast food, de entregas, metalúrgicos, entre outras tantas.
Também há um processo de formação de sindicatos em algumas categorias. São movimentos iniciais e estão se desenvolvendo, mas são muito importantes, principalmente porque estão no coração do imperialismo, o país capitalista mais poderoso.
Além do internacionalismo (a solidariedade e união com os trabalhadores de todo mundo), o apoio a essas lutas é importante porque se vitoriosas servirão de exemplo aos trabalhadores de outros países.
Abaixo o imperialismo!
Viva a classe trabalhadora do mundo!