Nos últimos dias, alguns grandes empresários brasileiros se manifestaram nas redes sociais para defender o fim do isolamento e da interrupção do trabalho, que boa parte dos brasileiros tem realizado como medida de prevenção à COVID-19.
Dentre esses empresários estão Roberto Justus (conhecido pelo “programa O Aprendiz”), Luciano Hang (dono das lojas Havan), Alexandre Guerra (filho do dono dos restaurantes Girafas), Júnior Durski (dono da Rede de Restaurantes Madero), além de outros grandes capitalistas como o dono da Polishop e das lojas Riachuelo.
Em comum, além de quase todos serem apoiadores de Bolsonaro (alguns desde a primeira hora) e de sua política econômica, estão defendendo a mesma ideia de que a “Economia não pode parar por causa dessa histeria que reina no mundo, em razão da pandemia causada pelo novo Coronavírus”. E, acordo com essa maioria, é só um resfriadinho, uma gripezinha.
A partir dessas ideias têm surgido as seguintes sandices:
1) Que se 50 ou 60% da população pegassem o vírus seria bom para criar anticorpos, ficariam imunes e assim a doença acabaria. Mas, basta lembrar que em alguns lugares do mundo, vide Itália, a taxa de letalidade está próxima de 10% com essa tal “gripezinha”. E essa “brilhante ideia” contraria tudo o que a Ciência diz a respeito da doença;
2) Que todas as escolas deveriam voltar a funcionar, pois para 90% das pessoas, em especial os mais jovens, essa doença seria um pequeno resfriado, afinal, até o momento, nenhuma criança no mundo teria morrido com o vírus. Não querem entender que crianças também se contaminam e morrem mesmo que, na maioria dos casos, não apresentem sintomas e podem contaminar pessoas com as quais têm convívio, principalmente os idosos. Com essa ideia, na prática, vamos assistir os mais jovens morrerem;
3) Comparam os dados de outros países que estão com o contágio ativo há mais de 3 meses (por isso, morreram mais pessoas) com os dados do Brasil, onde a transmissão é recente e com um número menor de mortes (comparado com outros países).
Perguntam o porquê as pessoas não se preocupam com as crianças que morrem de fome no país por dia? Ou não se preocupam com as 3,5 milhões de pessoas que morrem por ano no mundo, vítimas de acidentes de trânsito?
Ora, é óbvio que nos preocupamos com as mortes de toda a classe trabalhadora e podemos citar outras milhares, inclusive, que ocorrem por falta de atendimento médico, por falta de saneamento básico, etc.
Já esses empresários desdenham todas essas mortes (de sarampo ao COVID-19), pois se preocupam com seus lucros e dane-se a vida.
4) Dizem que não vão conseguir suportar os custos dessa paralisação da Economia e que o mundo vai quebrar. Para o Brasil projetam uma taxa de desemprego de 30 a 40% num curto espaço de tempo e para cortar custos, inclusive pequenos empresários ou empreendedores, insistem em seguir com as demissões. Já há um exército de milhões de desempregados e de trabalhadores precários, situação causada pela crise e sustentada pelo empresariado.
Um deles, inclusive, o “veio da Havan”, acha que “seus funcionários” poderiam pegar a COVID-19 e que iriam tirar isso de letra. Também diz não precisar mais de suas lojas e poder fechá-las, demitir 22 mil “colaboradores”, pegar seu avião particular, ir para um país onde não exista o vírus ou para praia. Como se não bastasse, para “convencer” as pessoas de que o país não precisa de isolamento, ameaça dizendo que quem perder emprego vai demorar de 5 a 10 anos para conseguir outro. Chega até ao cúmulo de afirmar que, não sem antes comparar a Itália ao Maranhão, os italianos só ficaram enfermos porque lá a população é mais velha e que as ruas são mais estreitas. Haja imaginação! Sem comentários.
5) Que o Brasil não pode parar a produção só “porque vai haver 5 ou 7 mil mortes”, comentário estarrecedor do dono do restaurante Madero e da rede de hamburguês. Perguntar não ofende, como diz o dito popular, mas e se no lugar dessas milhares de mortes apenas esses senhores bilionários morressem?
Todos afirmam que defendem essas ideias hipócritas não pensando neles (tadinhos!), afinal são ricos, mas pensando nos pequenos donos de lojas, ambulantes, pipoqueiros e nas pessoas humildes em geral. Quanta desfaçatez!
Nesse momento o que fica evidente e é importante reafirmar: Sem os trabalhadores/as não têm produção de riqueza. Nem todo o dinheiro do mundo produz um alfinete sem trabalhadores/as.
No capitalismo, com epidemia ou não a maior preocupação dos capitalistas é de que o mundo todo perceba o quanto são inúteis.
Mesmo que uma epidemia mate boa parte da classe trabalhadora, o importante para esses empresários é continuar ganhando muito com o sistema funcionando de um jeito ou de outro. Mexer em suas margens de lucro? Jamais!
Assim, a partir dessas ideias defendemos: QUE SEJAM OS RICOS QUE PAGUEM PELA CRISE!