Os capitalistas têm colocado em risco, não é de hoje, a sobrevivência humana por insistirem em manter a lógica de funcionamento dessa sociedade, em que “tudo só vale a pena se muito se ganhar”.
É para “muito se ganhar” que exploração e destruição necessitam ser tão profundas e intensas a ponto de, até mesmo, afetarem o próprio funcionamento da sociedade e levarem a vários tipos de crises, permanentes e constantes.
Nesse momento, a crise que vivemos é inédita e muito complexa pois combina crise estrutural do capital com crise financeira/econômica (aumento do desemprego, queda produção industrial, diminuição do consumo, etc.) e com a crise provocada pela proliferação do Coronavírus (não revela somente uma crise sanitária ou do sistema de Saúde).
E podemos dizer que essa combinação com pandemia:
- Possui caráter universal não se restringindo a uma esfera particular ou algum setor específico; é global atingindo vários países. Suas características (intensa e rápida capacidade de se alastrar e matar, etc.) são favorecidas pelas contradições do capitalismo (sistema de intensa produção de riqueza com profundo aumento da miséria e da fome, etc.). E, por isso, a desigualdade social é elemento que facilita a proliferação e as mortes pelo vírus;
- Demonstra a impossibilidade de “humanizar ou limitar a desumanização do capitalismo”. Como já foi destacado em várias outras vezes, para os capitalistas vale a intensa exploração sobre a população mundial para aumentar a riqueza de poucos bilionários no mundo e a supremacia do mercado. Já para a classe trabalhadora em todo o mundo vale a busca por conseguir suas necessidades básicas como comida, Saúde, Educação, moradia, emprego, saneamento, etc.
- Ressalta o papel que cumprem os governos e parlamentares (especialmente, os autoritários) na violência estrutural, existente no dia a dia, que afeta diretamente as já precárias condições de vida de maior parte da população mundial (falta alimentação, leito hospitalar, moradia, saneamento básico, etc.) com os cortes ou desvios de verbas públicas, privatizações, privilégios para burguesia e classe média alta, corrupção, etc. medidas que adotadas desde o passado, fazem toda diferença no combate a uma pandemia.
O capital não oferece condição básica de sobrevivência para toda a população
Juntas essas crises questionam todo o sistema capitalista e mostram que as mais necessárias, profundas e urgentes mudanças para estancar parte do problema – manutenção e criação de empregos; estatização de todos os serviços essenciais, dos hospitais particulares e garantia de testes para toda a população; parar de pagar imediatamente a dívida pública, etc. – jamais serão realizadas por empresários/banqueiros/latifundiários e seus governos, sempre preocupados em manter o sistema e não a vida.
São questionadas também as privatizações dos sistemas de Saúde e mostram a importância dos serviços públicos (SUS, demais) e do necessário e urgente aumento das verbas públicas para os serviços públicos. Isso tudo a fim de priorizar a vida e as necessidades humanas (construção hospitais, investimento em pesquisa, quebra de patente, produção de medicamentos, alimentação, moradia, etc.) e não priorizar o lucro e acumulação de poucos bilionários.
Essa falta de serviços públicos e a grande desgraça causada pelo vírus também servem para muitos governos como mais um instrumento de extermínio silencioso, especialmente, das parcelas pobres residentes nas periferias das cidades em cada canto do mundo.
Aqui o vírus nos faz decidir ficar em casa para não morrer. E em muitos outros lugares se trata de uma luta direta por direito à vida. Bolsonaro e muitos empresários (interessados em seus negócios) tentam barrar esse direito e querem acabar com o isolamento social. Países que não adotaram essas regras básicas contaram e contam os mortos aos milhares. Isso é o que o capitalismo tem reservado para nós de tempos em tempos, morte e com mais força. Precisamos mudar essa lógica de funcionamento da sociedade!
É necessário derrubar o capitalismo
Nós, classe trabalhadora de conjunto, não podemos confiar nos grandes capitalistas e seus governos que, além de se apropriarem de toda a riqueza produzida, em situações como essa de pandemia entregam friamente à morte exatamente quem tem a capacidade de produzir a riqueza.
Juntas essas crises questionam todo o sistema capitalista e confirmam que nós, classe trabalhadora de conjunto, precisamos assumir a organização da sociedade em cada detalhe (controle de vagas dos hospitais, das escolas, universidades, da produção de alimentos/produtos essenciais/remédios, da construção necessária de casas, etc.) e conquistarmos para toda a população, para cada pessoa, as condições básicas para se viver dignamente (com direito aos serviços públicos de Saúde, Educação, moradia, empregos, etc.).
Não podemos agir de forma isolada mesmo que confinados/as. A classe trabalhadora (todas as pessoas que necessitam trabalhar, das mais diversas formas, para sobreviver) está em todas as partes. Somos nós que colocamos essa sociedade em funcionamento em cada bairro, cidade, estado, país.
Somente a nossa luta por vida e por uma condição digna de sobrevivência para toda a população permitirão enfrentar essa pandemia e construir uma sociedade sem exploração e sem classes privilegiadas.
Caso contrário, continuaremos em constantes crises e nas mãos de quem “muito quer ganhar/acumular” com o nosso trabalho, mas não quer preservar o direito à vida e nem permitir as condições básicas para a sobrevivência digna de cada um/uma de nós. Precisamos do fim ao capitalismo!