O capital se aproveita de toda e qualquer situação para se reproduzir, se valorizar. Vida, morte, alegria, tristeza, saúde ou doença são vistas como negócios, como lucro. Dizem os capitalistas: o importante é aproveitar as oportunidades.
É o caso da atual pandemia. Enquanto milhões de pessoas não têm acesso a Saúde Pública e convivem com o receio da falta de leitos (principalmente UTI) para atender os doentes, as empresas do ramo da Saúde, grandes conglomerados, a bem da verdade, são indiferentes ao desespero e às milhares de mortes em todo o mundo, lucram com a crise.
Os laboratórios farmacêuticos estão no topo da valorização no mercado de ações. Muitas dessas valorizações são mais por conta de especulação do que propriamente pelo desenvolvimento de algumas pesquisas e medicamentos.
As ações do Laboratório Inovio Pharmaceuticals, por exemplo, dobraram depois do anúncio de que vai iniciar testes clínicos para desenvolvimento de uma vacina. Outras indústrias do setor farmacêutico com valorização no mercado de ações são: a Moderna, Novavax, Regeneron Pharmaceuticals, Top Glove (maior fabricante mundial de luvas médicas). Todas, em comum, o aumento dos lucros com a pandemia.
Os planos de saúde/seguro são outros que lucram muito. A UnitedHealth (controladora da Amil no Brasil, detém a maior fatia do mercado) teve lucro líquido de US$ 3,38 bilhões, só no primeiro trimestre desse ano.
Pesquisas com dinheiro público mas com lucros para os laboratórios
Os laboratórios farmacêuticos estão interessados somente em produzir os medicamentos e ficar com o lucro. As pesquisas mais promissoras ocorrem no sistema público, seja nos Estados Unidos ou no Brasil.
Nos Estados Unidos, país que não tem um sistema público de Saúde desde 1930, já foram investidos pelo Estado mais de 900 bilhões de dólares em pesquisas de medicamentos, que depois foram patenteados pelas indústrias farmacêuticas.
O grupo “Pacientes pelos Medicamentos Acessíveis” que luta pelo acesso universal aos medicamentos, também nos Estados Unidos, denuncia que entre os anos 2010-2016, as pesquisas que contaram com mais de U$ 100 bilhões do Orçamento público desenvolveram vários medicamentos e foram destinados aos laboratórios. Um desses medicamentos é o Kymriah, usado no tratamento de câncer, vendido pelo laboratório Novartis por US$ 475 mil (The Intercept)! Na Europa é vendido entre 302.000 e 405.000 euros (Jornal El Pais)!
No Brasil é a mesma situação. Os laboratórios no Brasil focam seus investimentos em “inovação” tecnológica, melhoramento de um medicamento já existente, e pouco em desenvolvimento de novos medicamentos que possam, por exemplo, curar ou combater doenças como epidemias tropicais. Por aqui mais de 95% da produção científica ocorrem nas universidades públicas.
Ou seja, não há nenhum interesse dos empresários na pesquisa, apenas se apropriarem dos resultados. Um outro exemplo, foi o desenvolvimento do Captopril (contra a hipertensão) com as primeiras pesquisas feitas na USP e depois repassadas aos laboratórios privados que lucram com um dos mais utilizados no mundo.
E com o Coronavírus tem sido a mesma coisa. São várias as universidades e órgãos públicos brasileiros que estão fazendo pesquisas e com rápidos resultados, como o sequenciamento genético do vírus feito em 48 horas pelo Instituto Adolfo Lutz ligado a USP.
Pesquisas direcionadas para medicamentos mais lucrativos
A pesquisa e a produção de medicamentos voltadas ao mercado, portanto, ao lucro, têm mais consequências problemáticas e atingem em cheio a parcela mais pobre.
Os chamados medicamentos sintéticos não são mais atrativos, pois a taxa de lucro diminuiu (ao se tornar da rede pública a patente), a ponto de muitos laboratórios deixarem de produzir. Um exemplo é a penicilina, fundamental para o tratamento de inflamações e já até começa a faltar na Saúde pública.
Em contrapartida, grandes laboratórios ao direcionarem suas pesquisas procuram medicamentos mais promissores financeiramente. As chamadas “Terapias gênicas”, baseada na transformação celular, é um caso típico. É um tipo de tratamento individualizado em que o sangue coletado do paciente é modificado pelo laboratório e depois injetado naquele paciente. Segundo o “insuspeito” presidente do Sindusfarma (sindicato patronal), foi lançado nos Estados Unidos e na Suíça um medicamento que custa U$ 2,5 milhões de dólares, voltado para tratar câncer e a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Dessa forma, isso quer dizer que a cura somente estará disponível para milionários, aos mais pobres restará a morte de milhares.
O interesse dos laboratórios em desenvolverem uma vacina é bastante duvidoso, principalmente por haver muitas universidades e órgãos públicos pesquisando, colocando em risco investimentos e altos lucros.
Saúde é um direito universal: quebrar todas as patentes!
Medicamentos e testes gratuitos para todos e todas!
Investimentos massivos em pesquisas para desenvolvimento de medicamentos!
O Coronavírus é só uma das ameaças contra a humanidade. Há muitas doenças infectando milhões de pessoas e por serem “doença de país pobre” não há interesse em desenvolver pesquisas. E sem contar com o fato de que muitas dessas doenças são resultados do próprio processo produtivo capitalista como a “gripe aviária”.
A propriedade privada desses laboratórios é um obstáculo muito grande para essa pandemia. Somente estatizando toda a indústria farmacêutica e tornando públicas todas as patentes de medicamentos (reduziria de imediata o valor) garantiria o acesso aos melhores medicamentos de todas as doenças para cada necessitado.
Na sociedade capitalista, frequentemente, o direito à vida se confronta com o lucro e a propriedade privada. Para os capitalistas, o lucro é o mais importante.
Para os socialistas o direito à vida digna é o mais importante. E esse direito somente poderá ser alcançado quebrando todas essas patentes e a propriedade privada. Isso já será uma revolução. Imagina com a Revolução Socialista em que, nós, produtores de toda a riqueza, tomarmos nas mãos o destino de nossas vidas e do mundo!