O Brasil chegou à marca de 891.896 casos confirmados de Covid-19 e ocupou o segundo lugar no “ranking” de países atingidos. Nesse momento, são 44.148 mortos. Os estados mais atingidos são São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Pernambuco, segundo os dados do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).
Durante os quatro meses de isolamento social, implementado desde março após o primeiro caso de contaminação chegar ao Brasil em 26 de fevereiro, o governo Bolsonaro vem escamoteando esta importante regra, estabelecida pela OMS e comunidade científica, para evitar a propagação do vírus.
Os alertas da comunidade científica mundial são ignorados e o governo continua na linha de invalidar dados científicos, confundir a população e provocar uma crise institucional e humanitária.
Ao mesmo tempo, orientado por Paulo Guedes, ministro da Economia, menospreza a conjuntura pandêmica mundial e coloca os interesses de empresários e banqueiros acima da vida.
E com isso, sabem usar o isolamento social juntos para atacar ainda mais os direitos trabalhistas, as necessidades de trabalhadores informais e intensificam o desemprego.
Ocultação de dados e flexibilização do isolamento social
A narrativa contra a Ciência não é novidade nesse governo. Vários pronunciamentos do presidente e de alguns de seus ministros demonstram contrariedade ao isolamento social e desrespeitam medidas de proteção. Por outro lado, os ministros da Saúde que assumiram nos últimos meses, como Mandetta e Teich, discursam no sentido da proteção. Isso tem contribuído para dividir a opinião pública quanto à adoção do isolamento social, o que compromete a contenção de propagação da doença e, por conseguinte, causa o estrangulamento do sistema de Saúde em vários estados e municípios.
O ataque à informação de caráter público realizado por esse governo e o atual ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pretende esconder dados para flexibilizar o isolamento social e tentar reativar a economia, que já se encontrava em crise.
Ocultam os dados sobre os índices de contaminação e de óbitos causados pelo Covid-19, passam a divulgar apenas o quantitativo diário e não o acumulativo, que apresenta o total de mortos e contaminados pela doença a partir do início da pandemia.
O “desgoverno” Bolsonaro criou mais esta controvérsia a fim de aprofundar a crise com os outros poderes e levar o STF a intervir para barrar mais esta decisão inconstitucional, o que ocorreu e levou a pasta a voltar divulgar os números completos.
Com esta política de ocultação de dados o governo demonstra que a prioridade não é a vida das pessoas e sim responder aos interesses dos grandes empresários e banqueiros da elite financeira, com os quais se comprometeu nas eleições presidenciais de 2018.
Também não quer ser o governo da recessão, da falência de empresas e do aumento do desemprego. Contudo, o governo Bolsonaro já atingiu esse patamar. E, além disso, segundo economistas de todo o mundo, a recessão já é um fato com a pandemia e atinge todos os países com piora e aprofundamento de crise econômica nos países capitalistas periféricos.
Bolsonaro estimula seu eleitorado (classe média, pequena burguesia, militares e policiais da ativa e da reserva, milicianos e conservadores religiosos) a fazer manifestações antidemocráticas e com ataques, inclusive, aos trabalhadores da Saúde com a finalidade de defender o fim do isolamento social. A última ocorreu no dia 13 de junho quando civis, incitados pelo presidente, invadiram hospitais.
O momento atual é marcado, portanto, pela oposição à orientação científica da comunidade médica nacional e internacional, pelo “negacionismo” e pela distorção e/ou ocultação de informações, o que gera fake news que são divulgadas em redes sociais afora. Tudo isso põe em risco a vida da população, principalmente, mais pobre, periférica, desempregada, subempregada e dependente da ajuda de verbas públicas, que Bolsonaro insiste em cortar e negar.
Trabalhadores: tomar as ruas contra Bolsonaro e todo seu governo
Enquanto a direita e a extrema-direita disputam o poder e o reformismo trabalha dentro dos limites impostos pela burguesia, opondo-se ao governo apenas pela via eleitoral, a classe trabalhadora continua ainda mais explorada e seus direitos ainda mais atacados enquanto é assolada pelo Coronavírus.
Nessa conjuntura, é fundamental não só a continuidade de ações de solidariedade entre a classe trabalhadora e sua parcela mais pobre, mas também necessárias a construção e participação em atos “Fora Bolsonaro e seu governo”, contra seus seguidores autoritários e defensores do fascismo e do racismo. Vamos animar a classe trabalhadora à luta anticapitalista e ao retorno organizado e cuidadoso às ruas.
O dever de classe dos sindicatos e associações de trabalhadores é lutar contra o retorno ao trabalho e contra a flexibilização do isolamento social nessas condições críticas e insalubres criadas pelos patrões e pelo governo Bolsonaro.
Tomemos às ruas munidos de equipamentos de proteção individual, de produtos de higiene e respeitando o distanciamento contra essa política genocida, “negacionista” e neoliberal desse governo, que alimenta o sistema capitalista e mata de fome quem precisa trabalhar para sobreviver.