Estamos na metade do mês de Setembro e ainda não temos as escolas da rede pública preparadas para receber estudantes, professores e funcionários durante os horários de aula, por todo o restante do ano e nesse período de pandemia.
E, como se não bastasse isso, os gananciosos e irresponsáveis (governos, empresariado, ONU, etc.) estão impondo o retorno das aulas presenciais em todas as escolas, ETECs, faculdades e universidades públicas, sem melhorar em nada a situação de cada uma delas.
A maioria das escolas da rede pública por todo o país não tem a segurança sanitária necessária (limpeza, dedetização, higienização, banheiro, esgoto, etc.), básica (água potável, copo, papel higiênico, etc.) e nem equipamentos famosos como máscara e álcool em gel.
Muitas continuam sem funcionários da limpeza, sem merendeiras, sem ventilação nas salas de aula e sem diminuir as superlotadas.
Não há nenhuma informação de comunidades escolares terem sido testadas contra o Covid-19, portanto, não temos condição de saber se tem alguma pessoa contaminada entre nós.
Mas, há casos de direção de escola e funcionários entrarem em “observação médica” quando já tinham contraído o vírus, não terem o socorro necessário e, no entanto, terem o salário cortado.
Isso é entregar para o vírus a vida e a dignidade de parte de alunos, professores, funcionários, enfim, parte de toda a comunidade escolar, principalmente da periferia.
Dessa forma, fica demonstrado que, sem essas condições de trabalho e estudo (nos locais de ensino), não temos como voltar às aulas presenciais em 2020, pois os governos (federal, estaduais e municipais) não fizeram e não irão fazer nesses próximos meses os investimentos necessários e urgentes, no período de pandemia, para garantir a vida e o ensino da população que depende dos serviços públicos.
Por outro lado, com toda a situação de descaso desses governos com a vida, com a pandemia, com a falta de condição de trabalho e estudo de forma individualizada (nas próprias residências via internet/remota) podemos afirmar também que não há, de fato, o desenvolvimento do processo de ensino e de aprendizagem para todas e todos com o “trabalho remoto” e as “interações remotas”.
Não tem sido aplicado o conteúdo necessário e não há como garantir “o aprender”, para cada estudante, com essas atividades remotas exigidas através das plataformas de empresas particulares.
As “interações remotas”, “atividades remotas” e trabalho docente remoto não garantem o ensino e a aprendizagem para todas e todos. E isso coloca em questionamento o próprio ano letivo (200 dias ou 800 horas anuais), conforme definido pela LDB, assim, não temos como continuar com a farsa da “aula remota” em 2020.
Com essas aulas das plataformas privadas, na verdade, tira-se o direito ao estudo, altera-se a forma de trabalho docente, abandona-se o trabalho pedagógico e se excluem milhões de estudantes por todo o país, ou seja, sequer é garantida a interação e a condição de trabalho para todas e todos.
Dessa forma, não podemos voltar às aulas presenciais enquanto ocorrem tantas mortes e também não há possibilidade de continuarmos com as péssimas condições de ensino e aprendizagem remotas e virtuais excludentes.
Portanto, defendemos a suspensão ou cancelamento do ano letivo de 2020 para que cada escola tenha sua comunidade testada contra Covid-19, seja preparada como necessitar, possa abrir o debate com a comunidade sobre o que e como fazer quando tiver condição de trabalho e de estudo, permita planejar conteúdos e organizar retorno seguro.
Do jeito que está não dá para ficar!
É necessário, nesse momento, desvincular o calendário letivo do calendário anual, não sermos obrigados e pressionados pelo retorno inseguro às aulas presenciais sem condições adequadas.
E que cada governo (federal, estadual, municipal) assuma a obrigatoriedade de reverter a situação caótica de pandemia e assuma a responsabilidade pela falta de aula presencial e remota; péssima condição de uso das escolas; falta de atendimento médico-hospitalar nas periferias; pelas condições precárias de vida e a responsabilidade pela morte de cada aluno ou professor vítima de Covid-19.
Os governos querem que pobres morram. Nós queremos viver!
O povo, que merece fazer o teste molecular para ser socorrido, tratado e não continuar transmitindo o vírus, acarretando o aumento de mortes, tem sido deixado à própria sorte.
Os números mostram isso: são mais de 130 mil mortes registradas e mais de 4.2 milhões de pessoas que já testaram positivo (dado divulgado em 12/set).
Não podemos nos conformar, “achar normal” os números de mortos e contaminados, nem continuar nos expondo à morte por causa da propagação do vírus entre nós.
A cada dia podemos reafirmar o quanto esse período de pandemia escancarou a enorme desigualdade social no Brasil e o abandono do sistema público de Saúde.
Há muitos anos, os esquemas de corrupção, que envolvem governadores, deputados, prefeitos, vereadores, etc., desviam o dinheiro público e a vida do povo fica na miséria.
E o papel desses governantes – como Witzel e Crivella, Dória e Covas, dentre outros tantos – tem sido exatamente o de fazer leis para “se favorecerem” juntamente com o empresariado, para manter o poder dentro dos parlamentos e controlar uma parcela do povo que já não aguenta mais tanta injustiça, corrupção, desonestidade, falta de verbas para os serviços públicos básicos (Saúde, Educação, Moradia, etc.), violência, desemprego e carestia.
É o que vem acontecendo no Rio de Janeiro e São Paulo, atualmente, por exemplo, com o desvio de verbas para os hospitais de campanha contra a Covid-19.
Desde o início da pandemia, as imagens do presidente e de seus representantes sem máscaras, a pressão dos comerciantes e empresários para manter os lucros e o descaso com a vida de quem precisa trabalhar forçam a abertura das lojas, o funcionamento das fábricas e o fim de qualquer tentativa de isolamento social.
Com isso, as pessoas continuam morrendo de Covid-19 ou se contaminando. E, quando esses números diminuem ou aumentam, isto só mostra que o vírus continua entre nós, que aqueles que podem pagar são socorridos mais rápido e melhor atendidos, enquanto que para a maioria nem socorro é dado pelo poder público.
A prioridade deve ser a vida de cada um e cada uma de nós!
Por tudo isso, convocamos toda a comunidade escolar (professores, estudantes, funcionários e familiares) e demais trabalhadores e trabalhadoras a nos unirmos para exigirmos ainda em 2020:
- Urgente e necessária preparação de todas as escolas públicas contra essas imposições desumanas e interesseiras de governos, parlamentares, comerciantes e empresariado;
- Teste molecular urgente para todas as comunidades escolares e tratamento (médico-hospitalar) para a testagem positiva;
- Segurança sanitária necessária (limpeza, dedetização, higienização, banheiro, esgoto, etc.), básica (água potável, copo, papel higiênico, etc.), máscara e álcool em gel para todas as escolas, ETECs, faculdades e universidades;
- Aulas presenciais com “funcionamento normal” das escolas somente com a vacinação; aulas remotas somente com a devida inclusão digital de professores e estudantes;
- Por uma Educação pública, democrática, de qualidade, laica e gratuita, para todos e todas! Não à Educação excludente! Por vida!