Além de sentir o peso da decadência econômica e da crise social vigente no país, de ter uma parte considerada da população dominada por milícias e máfias que existem com a conivência do Estado, o povo trabalhador no Rio de Janeiro encontra-se diante de uma trágica situação: o 2º turno das eleições municipais está sendo disputado entre o atual prefeito Marcelo Crivella e o ex-prefeito Eduardo Paes.
Crivella é responsável por uma das maiores crises da Saúde pública na história da cidade. Até o final de 2019, deixou de gastar R$ 5,7 bilhões que eram destinados à Saúde e desviou R$ 1,5 bilhão para outras áreas.
Isso resultou na insuficiência de leitos, superlotação das Emergências, incidência de óbitos e desabastecimento expressivo de insumos e medicamentos, além de suspensões de cirurgias eletivas. No mês de abril do ano passado, apogeu da crise da Saúde, o governo Crivella extinguiu 179 equipes de Saúde da Família e reduziu um total de 1.360 profissionais de apenas na rede básica. Manipulou o agendamento de cirurgias para beneficiar seus partidários, no episódio “Fala com a Márcia”. Foi cúmplice de Bolsonaro no boicote às ações de combate ao Covid-19.
Na Educação tem perseguido professores durante toda a pandemia. E também tem perseguido as religiões afro-brasileiras das mais diversas formas.
Somente conseguiu evitar o seu impeachment com as negociatas e distribuições de cargos. Não é à toa que tem sido muito rejeitado pela maior parte dos cariocas.
Eduardo Paes é mal menor?
O adversário de Crivella, Eduardo Paes, é apresentado como mais civilizado para a população, mas, é apenas uma embalagem “mais agradável” que também irá levar mais barbárie ao povo carioca.
Paes se “consagrou” como o prefeito que organizou as Olimpíadas, no entanto, qual foi o resultado dos jogos olímpicos para o povo? Tivemos 64 famílias expulsas arbitrariamente de seus locais de moradia, removidas para regiões de pouco ou nenhuma infraestrutura e distante dos locais de trabalho.
O legado olímpico só beneficiou grandes corporações, empreiteiras e construtoras que receberam bilhões com obras puramente “cosméticas” enquanto Educação e Saúde ficavam sem nenhum investimento efetivo e até com os cortes de verbas.
Aliás, a Educação protagonizou o triste episódio de repressão aos Professores da maior municipal de ensino do país quando, autoritariamente, esse governo retirou seus direitos. Não acabou com a Aprovação Automática, apenas adotou formas mais sutis de atacar o direito ao ensino.
De certa forma, Crivella representa o fortalecimento da extrema-direita no Brasil, mas, lembramos que ambos são graves ameaças à democracia. Ambos, no 1º turno, estabeleceram alianças e foram apoiados por milícias. Ambos foram massivamente votados nas regiões onde a milícia tudo controla, até o voto.
Denunciar apenas Crivella?
Denunciar apenas o atual prefeito e indicar o “não voto em Crivella” ou “Fora Crivela” sem denunciar também o candidato Eduardo Paes são formas encobertas de favorecer o ex-prefeito.
Não contribuir para manter em alerta o povo e para desmascarar o que foi Eduardo Paes como prefeito é ser conivente com as ilusões que são alimentadas durante a campanha. Isso desarma o povo para se defender dos ataques que virão de qualquer um dos dois.
Ao pensarmos nacionalmente, ainda podemos frisar que Paes é do DEM, mesmo partido de Rodrigo Maia (que conduziu no Congresso a Reforma da Previdência, o maior ataque à classe trabalhadora nos últimos anos).
Portanto, é fundamental, diante de ameaças como Bolsonaro, não descuidarmos dos vários inimigos do povo.
Voto Nulo!
Então nada faremos? Votaremos Nulo.
O Voto Nulo pode ser uma expressão da desilusão da população com o sistema eleitoral e pode significar diferentes questões e situações como, simplesmente, apatia política, rejeição ao caráter antidemocrático das eleições ou mesmo do caráter autoritário de rejeição às liberdades democráticas.
Nesse sentido, o Voto Nulo, por si só, não representa uma alternativa política, mas, em determinadas situações pode ser a única alternativa para expor a rejeição às alternativas impostas para a classe trabalhadora.
Dessa forma, chamamos o Voto Nulo! E convocamos toda a classe trabalhadora para nos organizarmos na defesa de nossos direitos e garantia à Saúde, Educação, Moradia, emprego, etc.!