Cida, Iraci e Mônica
A atual conjuntura vem impelindo para a luta, diariamente, a classe trabalhadora com sua população pobre e marginalizada. Os ataques vindos dos governos federal, estaduais e municipais, autoritários, são constantes para desmonte do Estado com os serviços públicos. E também se direcionam a setores como Meio Ambiente, Agricultura, etc.
Os direitos dos trabalhadores são desmantelados através de constantes Reformas neoliberais como a Trabalhista e, a em andamento, da Previdência (PEC 6/2019).
A Educação pública não foi poupada nesse projeto de desmonte, visto que também é objeto de interesse do capital privado. Já é bastante precarizada com os constantes cortes de verbas e ainda conta com a aplicação da Reforma do Ensino Médio e da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) forjadas no governo Temer, que buscam verdadeiras desconstrução e fragilização de conteúdos curriculares tanto do Ensino Médio quanto do Fundamental.
Visando, por um lado, aprofundar o processo de precarização da Educação e, por outro, manipular a opinião pública a fim de aprovar a Reforma da Previdência, o governo tem escolhido para a pasta da Educação ministros que rezem através de sua cartilha promovendo não só a abertura para o capital educacional (representado por diversas fundações educacionais privadas) como também o corte de verbas e que apliquem medidas autoritárias de perseguição aos professores, diretores de escolas estaduais e reitores de universidades (ataque ideológico).
E assim tem seguido. No entanto, com a determinação do atual ministro da Educacão, Weintraub, a aplicação de amplos cortes de verbas às instituições de ensino municipais, estaduais e federais que, em alguns casos, até inviabilizariam ano letivo colocou em cena a luta de estudantes – com as organizações estudantis e entidades (UNE, UBES e FENET) – de escolas secundaristas, universidades públicas federais e estaduais, Institutos Federais e Colégio Pedro II, que sofreram perdas de verbas em graus variados.
Contrários e como oposição ao desmonte imposto pelo governo Bolsonaro/Mourão, os movimentos de estudantes (de diversas escolas, universidades e institutos federais) inseriram-se na luta dos trabalhadores (de forma independente, auto-organizada, através de DCEs, Grêmios ou de entidades estudantis) mobilizados contra a política de corte de verbas e retirada de direitos.
Unificou o movimento estudantil junto com o do trabalhador
Nos dias 15, 23 e 30 de maio aconteceram atos do setor da Educação. Foram atividades com peculiaridades distintas, mas que deram uma resposta ao governo em seu ódio à escola pública e à Ciência.
O dia 15 de maio teve alcance nacional e foi precedido por uma série de protestos organizados por universidades federais pelo país afora.
Dentre os protestos descentralizados destaca-se o da UFF, que reuniu milhares de pessoas no final da tarde de uma quarta feira, 8 de maio, pelo centro de Niterói. Estudantes fizeram enormes assembleias como a ocorrida na Reitoria da UFRJ. No dia 15 ocorreram manifestações em muitas cidades do país e diversos sindicatos paralisaram. O maior sindicato do Rio de Janeiro, o SEPE, aderiu em âmbito estadual e muitos municípios incorporaram-se ao ato da capital, na Igreja da Candelária. Foi um dia grandioso com participação de cerca de 250 mil pessoas, o mesmo se repetindo por Minas Gerais e São Paulo, reconhecido até pela mídia burguesa.
Em seguida, no dia 23 de maio, estudantes novamente organizaram uma nova manifestação, com concentração também em frente à Igreja da Candelária, no Centro. O governo de Witzel esperou os estudantes com um significativo aparato policial. Na pequena concentração, pouco mais de cem pessoas, a PM cercava, isolava e revistava ostensivamente os manifestantes.
Na semana seguinte, o ato do dia 30 organizado pelos movimentos sociais e entidades estudantis também foi grande.
Não teve a mesma dimensão do dia 15, mas nas grandes cidades do país ocorreram as passeatas mesmo sem ter sido aprovada paralisação geral pelos sindicatos de profissionais da Educação. No Rio de Janeiro, por exemplo, grupos enormes cantavam e entoavam “palavras de ordem” para identificar sua chegada à concentração principal, novamente na Igreja da Candelária.
Somente UERJ, UFF e FAETEC juntavam tanto estudante e professor que só a “ala”, por exemplo, da Odontologia
da UFF, ao se deslocar da rua 1º de Março para a Avenida Rio Branco, já impedia o trânsito de veículos.
Em São Paulo, mais de 300 mil pessoas também se reuniram para protestar, categorias como Metalúrgicos, Petroleiros, etc. também declararam apoio às lutas contra o corte de verbas da Educação e contra a Reforma da Previdência. Seguiu assim em Belo Horizonte, com várias categorias profissionais. Em Pernambuco, com os Petroleiros de Ipojuca que paralisaram para fortalecer a atividade.
No Paraná, o dia foi marcado por um ato simbólico de “desagravo” à ofensa realizada pelos defensores de Bolsonaro e de sua Reforma da Previdência assassina, machista e racista que, no ato de apoio ao governo dia 26, retiraram a faixa “EM DEFESA DA EDUCAÇÃO”, estendida na frente da UFPR, sob gritos em apoio aos cortes de investimentos à Educação pública. Além disso, uma nova e maior faixa foi colocada no lugar da outra que havia sido ultrajada.
Como diz o ditado: se ri melhor quem ri por último, nós trabalhadores e estudantes sabemos a importância da Educação pública desde o ensino infantil até a universidade Pública e da produção de ciência para benefício geral. A luta ainda não está ganha, mas a nossa união demonstra como podemos vencer batalhas.
Não podemos aceitar o fim da educação pública e da aposentadoria
O governo tem que recuar nos cortes de verbas e na Reforma da Previdência, sabemos que não fará isso para a classe trabalhadora, pelo contrário irá fazer alterações para continuar aplicando políticas de defesa e fortalecimento do empresariado e do setor financeiro. Para isso vai buscar aprovar a qualquer custo essa Reforma, seguirá com os cortes de verbas e manterá uma necropolítica (poder e capacidade de ditar quem pode viver e quem deve morrer) para a classe trabalhadora a fim de continuar entregando o país para grandes empresas.
Essa unidade da classe trabalhadora e estudantes (filhos da classe trabalhadora) é importante e necessária nessa luta contra o capital e seus governos tanto para mantermos a nossa sobrevivência e os serviços públicos quanto para endossar uma alternativa para nossa classe, que possibilite sairmos da barbárie que já estamos vivendo e possa abrir caminhos para a sociedade socialista que considera as necessidades humanas e não do capital .