No último dia 7 de outubro foi realizada uma Plenária, on line, visando a construção de um polo socialista, antiburocrático e revolucionário para se tornar referência para trabalhadores/as. Com mais de 1 mil presentes, estiveram também lideranças do movimento social como José Rainha (MST), Osmarino Amâncio (líder dos seringueiros), de partidos como Plínio de Arruda Sampaio Junior (PSOL), Nildo Ouriques (“Revolução Brasileira”), Magno de Carvalho (USP), dentre outras. Maria Lúcia Fatorelli (Auditoria Cidadã da Dívida) anunciada como uma das presenças, por problemas de saúde de última hora, não pode comparecer.
A iniciativa de construção da Plenária foi do PSTU, assim como de um Manifesto chamando o Polo (durante o encontro já havia chegado em mais de 2 mil assinaturas). Estiveram, portanto, na reunião militantes desse partido e/ou da CSP-Conlutas como Zé Maria de Almeida, Cyro Garcia, Vera Lúcia, Hertz, Vanessa Portugal, Altino Prazeres, além do já citado Osmarino. Afora, segmentos do PSOL e de outras organizações como o MRT e nós, Emancipação Socialista, o PSTU foi o setor amplamente majoritário na plenária.
A necessidade de formação de um grande movimento político de trabalhadores/as
Entendemos como uma necessidade a formação de um polo socialista para as lutas cotidianas na atual conjuntura brasileira e que aponte para a necessidade da revolução. Enxergamos que na atual situação defensiva em que os trabalhadores e o povo pobre se encontra, com perdas contínuas de direitos, entrega da economia nacional com privatizações, desmonte dos serviços públicos, aumento do desemprego e da fome é preciso que se construa uma alternativa não pautada pelo calendário eleitoral burguês e das próximas eleições de 2022.
Essa alternativa colada às lutas cotidianas deve se desenvolver nos locais de trabalho, nas fábricas, no campo, nas comunidades, favelas, locais de moradia e locais de estudo. Portanto, não é se furtar à intervenção no debate eleitoral, mas condicioná-la aos embates da classe trabalhadora contra os ataques desferidos pelo governo Bolsonaro, que tem como sócios os governos estaduais e governos municipais.
Entretanto, como tem sido há mais de 35 anos, o calendário eleitoral da chamada democracia burguesa mais uma vez tem sido um instrumento eficaz da classe dominante brasileira para neutralizar as lutas e para cooptar milhares de lutadores, com a colaboração da direção majoritária dos movimentos sociais (centrais sindicais, MST, UNE etc).
Agora, o projeto que tem sido utilizado para amortecer as lutas e não aprofundar a campanha de rua pelo “Fora Bolsonaro” – ao não unificar os embates na perspectiva da construção de uma greve geral para derrotar os ataques – é um chamado a formação de uma Frente Ampla, que tem à cabeça dessa iniciativa Lula e o PT, em companhia do PC do B, do deputado Marcelo Freixo (está arrastando o PSOL), do PCB e do PCO.
A Frente Ampla, sob o pretexto de combater Bolsonaro e o fascismo, procura reeditar a mesma política de colaboração de classe com setores burgueses durante os 13 anos de governo petista.
Registre-se que esta experiência foi abreviada com a manobra jurídica-parlamentar por parte integrantes do próprio governo ligados ao PMDB e outros partidos burguesses, com a votação do impeachment de Dilma em 2016, seguida de profundos ataques como a votação da Emenda Constitucional de 95 (congelamento dos gastos públicos em 20 anos), Reformas Trabalhista de 2017 e Previdenciária de 2019 e, paralelamente, a ascensão de Bolsonaro ao poder.
Um dos argumentos para a conformação de uma nova Frente Ampla burguesa é envernizá-la como como projeto de “esquerda” para atrair os trabalhadores, se contrapor à formação da chamada 3ª via, em que setores burgueses liberais embaralham nomes como João Dória, Eduardo Leite, Arthur Virgílio, Sérgio Moro, Henrique Mandeta e até Ciro Gomes.
Enfim, como escreveu Marx em O 18 De Brumário de Luís Bonaparte, “A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Os mesmos patrocinadores da política, que permitiu a tragédia do bolsonarismo ser alçado ao poder, chamam uma nova Frente Ampla com mais setores burgueses, congelam a campanha do “Fora Bolsonaro”, congelam as lutas contra todos esses ataques e por finalidade eleitoreira.
Nesse sentido, entendemos que o chamado ao polo classista, socialista, revolucionário pode ser um impulsionador de um movimento político de trabalhadores/as que sirva de referência às lutas contra os ataques do capital, que se contraponha ao bolsonarismo e às alternativas burguesas liberais, mas também contra a falácia da Frente Ampla, um filme que já vimos.
Um polo socialista e revolucionário que envolva muitos outros setores
Na nossa opinião, o polo tem que envolver muito mais lutadores/as do que os já envolvidos com as organizações, partidos, agrupamentos e personalidades que fizeram o seu chamado. Não somos contra que grupos políticos ou partidos se construam, muito pelo contrário, achamos legítimo. Mas, consideramos que os presentes na plenária virtual de 07/10 e os já signatários do Manifesto inicial constituem ainda um número bastante tímido, aquém da possibilidade dessa política.
Portanto, para que a política do polo não seja mais uma iniciativa que se limite à criação de mais uma superestrutura, como foi a fundação da CONLUTAS em 2004 (depois CSP-Conlutas), é necessário um chamado à construção de plenárias e núcleos de base para a formação do polo socialista e revolucionário por categorias, nas cidades, nos locais de moradia, trabalho e estudo, onde possamos discutir programa e ações coladas às lutas cotidianas da classe explorada.