Enquanto fechávamos essa edição do Consciência de Classe, deu início a “Paro Nacional” por tempo indeterminado convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), principal organização popular do país.
Depois de importante rebelião popular em 2019, essa é a primeira mobilização em nível nacional e já alcança várias províncias, com fechamento de rodovias e com a previsão de uma marcha até Quito, capital do país. Camponeses e estudantes em protestos contra os cortes no Orçamento da Educação pública se somaram à mobilização.
Com a grave crise social a tendência tem sido de crescimento e radicalização das lutas. Em vários locais ocorreram fortes repressões. Em 4 de junho, Leonidas Iza Salazar, principal dirigente da CONAIE, foi preso. Mas, a pressão do movimento de luta obrigou o Judiciário a libertá-lo.
Há dois pedidos de “revocatoria” (igual a impeachment no Brasil) de mandato do presidente Lasso (empresário da direita equatoriana) e um do vice-presidente Alfredo Borrero, que estão sendo analisados pelo Conselho Nacional Eleitoral do país. Com pouco mais de um ano de mandato, pesquisas indicam que 80% dos equatorianos os consideram como ruins ou péssimos.
O que a população mobilizada exige?
O movimento exige do governo várias medidas para combater a crise social e favorecer o povo, ao contrário das medidas recentes que favorecem os ricos com suas empresas e multinacionais. Como:
1) Redução e congelamento de preços dos combustível com diesel a US$ 1,50 e gasolina a US$ 2,10. Subsídio para quem necessita: agricultores, camponeses, transportadores, pescadores, dentre outros;
2) Moratória de, ao menos, um ano e renegociação de dívidas das famílias, redução da taxa de juros no sistema financeiro (bancos públicos, privados e cooperativas). Não ao confisco de casas, terrenos e veículos por falta de pagamento;
3) Preço justo para produtos agrícolas como leite, arroz, bananas, fertilizantes, batatas, milho, tomate, etc., e que garantam sustento para milhões de pequenos e médios agricultores para que continuem a produzir;
4) Empregos e direitos trabalhistas. Investimento público contra a precariedade do trabalho e para garantir a sustentabilidade da economia popular. Pagamentos das dívidas ao Instituto de Previdência Social do Equador (IESS);
5) Parar com a expansão da extração de minérios/petróleo e realização de auditoria sobre os impactos sócio-ambientais para proteger os territórios, fontes de água e ecossistemas frágeis;
6) Respeito aos direitos coletivos como Educação bilingue abrangente, justiça indígena, organização e autodeterminação dos povos indígenas;
7) Parar as privatizações do Banco del Pacífico, usinas hidrelétricas, IESS, Corporação Nacional de Telecomunicações (CNT), estradas, Saúde;
8) Políticas de controle de preços, fim da especulação dos produtos de necessidades básicas pelos intermediários e fim dos preços abusivos nos supermercados;
9) Verba pública e Orçamento para atacar a escassez de medicamentos e de pessoal nos hospitais. Garantir o acesso de jovens ao ensino superior e melhorar a infraestrutura das escolas, faculdades e universidades;
10) Segurança, proteção e geração de políticas públicas eficazes que detenham a onda de violência, assassinatos contratados, delinquências, tráficos de drogas, sequestros e do crime organizado que mantêm o Equador no medo.